Instruções do Fabricante

“Não podemos contra aquele povo por que ele é mais forte do que nós.” - Bamidbar 13:31

Moshê enviou espiões à Terra de Israel, instruindo-os: “Vejam que tipo de terra é esta, as pessoas que ali vivem são fortes ou fracas? Há poucas delas ou muitas? E a terra que elas habitam: é boa ou ruim? E sobre as cidades nas quais elass residem: ficam nos campos ou em fortalezas?(Bamidbar 13:18-19).

Quando os espiões voltaram, eles relataram: “As pessoas que habitam na terra são fortes, e as cidades são fortificadas, e muito boas.” Assim, concluíram os espiões, “Somos incapazes de ir contra o povo, pois eles são mais fortes que nós.”

Seu relato fez o povo lamentar, dizendo que eles iriam então retornar ao Egito. Como resultado, D'us atrasou a entrada do Povo Judeu na Terra de Israel por quarenta anos, e os dez espiões foram punidos e morreram numa praga.

Mas qual foi o crime dos espiões? Moshê não os tinha instruído para determinar aqueles detalhes exatos? Afinal ele pediu um relatório detalhado e foi exatamente isso que fizeram.

A resposta é que sua ofensa não estava em seu relato, per si, mas na conclusão equivocada que fizeram. Ao ver as dificuldades e desafios naturais que eles iriam enfrentar ao entrar em Israel, os espiões concluíram que cumprir a ordem de D'us estava simplesmente além das habilidades de Bnei Yisrael.

Moshê, por outro lado, perguntou sobre a terra e seus habitantes, mas apenas para objetivos táticos – a fim de desenhar a rota mais provável para uma vitória natural. Se um milagre fosse necessário, Moshê confiava que D'us iria intervir. Ele estava certo, porém, que a ordem de D'us para conquistar a terra seria cumprida. Era apenas uma questão da melhor maneira de fazer isso acontecer.

Muitas pessoas argumentam que o judaísmo vai muito além de suas forças e capacidades, "não conseguimos cumprir". Vem a história dos espiões e seu trágico engano, e nos ensina a importância de sempre "olhar" e meditar sobre a grandeza da Torá e mitsvot ordenadas por D'us, mesmo antes de praticá-las. Pois até mesmo um ser humano não iria instruir alguém a realizar uma tarefa que ele sabia que a outra pessoa era incapaz de realizar. Ainda mais o Criador, que conhece as corretas habilidades com as quais Ele nos criou, e perante Quem não há cálculos incorretos. Podemos portanto estar certos que se D'us nos instruiu a cumprir as mitsvot elas estão todas sem dúvida ao nosso alcance.

Likutei Sichot, vol. 13 págs. 39-40