"E aconteceu no terceiro dia; Ester vestiu suas roupas reais e entrou na corte interior do palácio..." (Meguilat Ester 5:1)

Durante os três dias de jejum, Ester não cessou de dirigir preces a D'us, a fim de obter êxito em sua tentativa de salvar seu povo. No terceiro dia, reuniria coragem e iria em direção à sala do trono. Sentia-se inspirada por D'us, e apesar do prolongado jejum que a tornara pálida e fraca, terminou por ignorar os guardas do rei e entrou na sala do trono onde ele permanecia sentado, rodeado por seus servos.

Entre os cortesãos do rei encontravam-se os filhos de Haman e seus seguidores. Mal podiam disfarçar seu regozijo ao ver a rainha entrar sem ser anunciada. Se o rei ignorasse essa convidada não anunciada, Ester não mais existiria...

Neste momento, o rei viu Ester na entrada da sala. Ela estava pálida e tinha um ar preocupado, mas sua face irradiava um charme angelical. Achashverosh imediatamente estendeu-lhe seu cetro e a rainha aliviada e cheia de esperança, aproximou-se e tocou na sua ponta.

Muito surpreso por receber uma visita inesperada, o rei perguntou-lhe docemente: "O que te preocupa, minha cara Ester e o que posso fazer por ti? Se desejasses a metade do meu reino, eu te daria".

Ester julgou não ser este o momento propício para revelar-lhe suas verdadeiras intenções; contentou-se em perguntar se viria ao banquete que ela havia preparado especialmente para ele e o Primeiro Ministro, Haman.

O rei aceitou imediatamente, e enviou instruções a Haman para que ele também comparecesse a este banquete.

Ester tinha boas razões para convidar não somente o rei, mas também a Haman. Primeiramente, não queria que os judeus confiassem somente nela, mas reconhecessem que o bem-estar dependia verdadeiramente de D'us e somente d'Ele. Sabendo que nesta hora de angústia e perigo, ela havia preparado um banquete e convidado o inimigo mais cruel, os judeus começariam a duvidar de sua lealdade e retornariam a D'us, dirigindo-Lhe preces ainda mais sinceras e fervorosas. E mais, Ester queria apaziguar os temores ou suspeitas de Haman de que ela estivesse conspirando contra ele pois, ao se certificar que suas dúvidas eram fundamentadas, ele poderia provocar uma revolta visando destronar o rei. E mais que isso, ela esperava o momento favorável para despertar a desconfiança e a cólera do rei contra seu desleal Ministro, a fim de causar sua derrota.

Quando o rei e Haman chegaram ao banquete, o rei perguntou novamente qual era o seu desejo, mas Ester achou que ainda não havia chegado o momento oportuno de fazer-lhe o seu pedido, ela convidou-o, assim como a Haman, a um segundo banquete que se realizaria na noite seguinte, prometendo revelar então o que desejava.