Amalek foi uma antiga nação bíblica vivendo perto da terra de Canaan. Eles foram a primeira nação a atacar o povo judeu após o Êxodo do Egito, e são vistos como o exemplo de inimigo dos judeus. A nação de Amalek há muito desapareceu, mas eles continuam vivendo como os inimigos interiores com quem batalhamos numa base diária.
Quem foi Amalek
Elifaz, filho de Esav (irmão do patriarca Yaacov e inimigo jurado), e sua concubina Timna tiveram um filho chamado Amalek.1 Amalek cresceu na família de Esaú, adquirindo o ódio patológico dos descendentes de Jacob ao longo do tempo. Seus descendentes se tornaram a nação de Amalek, e eles viveram ao sul da Terra de Israel, no local que hoje é conhecido como o Deserto de Negev.2
O Ataque dos Amalequitas
Depois que o povo judeu atravessou o Mar Vermelho, eles acamparam em Refidim, uma localidade árida no Deserto do Sinai. O povo ansiava por água, e D'us proveu um milagroso poço de água para acompanhá-los em suas jornadas.
Enquanto os judeus estavam ainda em Refidim, recuperando-se de sua fuga do Egito,3 a nação de Amalek lançou um maldoso ataque surpresa sobre eles – embora os judeus não tivessem projetos sobre o território amalequita e nem sequer estivessem indo naquela direção.
Moshê ordenou a seu discípulo Yehoshua para levar uma tropa de elite de soldados à batalha no dia seguinte. O próprio Moshê subiu a uma montanha próxima para rezar pela salvação de D'us.4 Os judeus derrotaram Amalek em batalha, matando os seus mais fortes guerreiros enquanto permitiam que outros voltassem para casa.5
Após a batalha, D'us ordenou a Moshê para registrar a história do traiçoeiro ataque de Amalek para a posteridade, e a convidar o futuro sucessor de Moshê, Yehoshua, para lembrar também do ataque. D'us prometeu varrer totalmente a lembrança de Amalek da face da terra, e a empreender uma guerra eterna com Amalek em toda geração. D'us jurou que Seu nome e trono não estariam completos até que Amalek fosse destruído.6
Quarenta anos depois, quando os judeus se preparavam para entrar na Terra de Israel, Moshê lembrou aos judeus da ordem para combater Amalek.7
O Rei de Arad
No quadragésimo ano da viagem dos judeus pelo deserto, Aharon, o sumo sacerdote, faleceu. As nuvens de glória protetoras que cercavam o acampamento judaico desapareceram, pois estavam presentes apenas por mérito de Aharon, Vendo o acampamento exposto, o rei canaanita de Arad lançou um ataque selvagem contra os judeus.
Os sábios explicam que o rei de Arad e seu exército eram na verdade amalequitas que tinham meramente se disfarçado como canaanitas antes de entrar em batalha. Eles queriam confundir os judeus sobre a identidade dos atacantes. Enquanto os judeus rezassem a D'us pedindo salvação dos canaanitas, os amalequitas estariam livres para fazer o que quisessem. O plano deu errado. Os judeus foram vitoriosos, e continuaram a entrar na Terra de Israel sem serem impedidos pelos amalequitas.8
Lembrar e Destruir
A Torá lista duas mitsvot sobre Amalek:
1 – Obliterar a nação de Amalek (timchê et zecher Amalek).
2 – Nunca esquecer as maldades que Amalek fez (zechor al tishkach)9.
Obliterar Amalek
A mitsvá de destruir Amalek implica que nenhum traço da existência de Amalek deveria restar.10 “Nada”, explicam os sábios, “deveria servir como uma lembrança do nome de Amalek – nem mesmo um animal sobre o qual seria dito: ‘este animal pertenceu a Amalek.’”11
O primeiro rei judeu, Shaul, foi comandado pelo profeta Shmuel a varrer Amalek. Shaul foi vitorioso contra os amalequitas, mas poupou o mais escolhido de seus rebanhos e o rei amalequita, Agag. Quando Shmuel descobriu sobre a desobediência de Shaul, este perdeu seu direito ao reinado. Shmuel então matou Agag por si mesmo.12 No entanto, antes de ser morto, Agag gerou um filho que iria manter viva a linhagem de Amalek. Cerca de 500 anos depois, um dos descendentes desse filho foi Haman, o Agagita, de Purim.13
Lembrar – Parashá Zachor
A Torá nos ordena a sempre lembrar daquilo que Amalek fez. Os sábios entendem disso que uma vez ao ano devemos ler os versículos da Torá onde Moshê lembra os judeus das ações de Amalek.
Na verdade, cada ano no Shabat anterior à festa de Purim lemos a seção da Torá em Devarim relatando a ação de Amalek. Em Purim os judeus foram salvos dos maldosos desígnios do perverso Haman, um descendente do rei amalequita Agag – um momento perfeito para celebrar a destruição de Amalek. 14
O Primeiro na Linha
Amalek representa a pior forma do mal. O profeta Balaam refere-se a Amalek na seguinte passagem: “Amalek foi a primeira das nações, e seu destino será a destruição eterna.”15
Os sábios comparam o ataque de Amalek a uma banheira de água fervente, quente demais para qualquer criatura viva entrar. Um tolo chegou e pulou dentro; embora ele se escaldasse, o calor da água parecia menos intenso para os observadores. Assim também, os judeus pareciam invencíveis após seu êxodo do poderoso Egito. Amalek foi o primeiro a atacá-los; embora os judeus fossem vitoriosos, sua aura de segurança foi abalada.16
Amalek Hoje
A ordem de destruir Amalek não pode ser cumprida hoje, pois a identidade de Amalek se perdeu no decorrer dos milênios. No entanto, a ordem de “lembrar Amalek” ainda continua verdadeira nos âmbitos espirituais.
O Zombador
A filosofia chassídica explica que Amalek representa o pináculo do mal, a capacidade de “conhecer D'us e se rebelar intencionalmente.” A maior parte do mal pode ser combatida por argumentos da razão; não é assim com Amalek. Ele zomba cinicamente de toda razão para fazer o bem, semeando dúvida e confusão.
Dúvida irracional neutraliza os argumentos mais convincentes ou experiências inspiradoras. Amalek é o constante desconfiado, correndo descaradamente para qualquer sinal de paixão pela santidade e esfriando as coisas.O valor numérico das letras hebraicas de Amalek é 240 – o mesmo valor da palavra hebraica para “dúvida”.
A única resposta a Amalek é ser supra-racionalmente bom, atraindo a conexão essencial com D'us que está oculta na essência de nossas almas, e enraizada na essência de D'us. Esta conexão está acima da lógica ou sentimentos, e Amalek não pode se opor a ela – e assim perde seu poder descarado, permitindo que o indivíduo cresça e se desenvolva. Quando fazemos o bem apesar de nossas dúvidas ou sentimentos de hipocrisia, abalamos a própria cidadela do mal, elevando o nome de D'us e revelando Seu reinado sobre todos.
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