"Naqueles dias quando o rei Achashverosh sentou no trono real em Shushan..." (Meguilat Ester 1:2)

Desde que Achashverosh proclamou-se rei da Pérsia, decidiu utilizar o trono, pertencente ao rei Shlomo (Salomão), encontrado junto a seus despojos.

Este trono era o mais maravilhoso, sobre o qual um rei jamais se sentara. Era construído de marfim recoberto de ouro, encrustado de rubis, safiras, esmeraldas e demais pedras preciosas que lançavam faíscas multicoloridas.

Possuía seis degraus, e cada um deveria recordar um dos seis mandamentos especiais que um rei de Israel deveria cumprir. Estavam esculpidos, em cada degrau, dois animais em ouro com a face voltada um ao outro. No primeiro: um leão e um boi; no segundo: um lobo e um carneiro; no terceiro: um tigre e um camelo; no quarto: uma águia e um pavão; no quinto: um gato e um galo; no sexto, enfim: um falcão e uma pomba. Na parte superior do trono, uma pomba segurava em seu bico um falcão, ambos de ouro.

Na parte lateral, sobre o trono encontrava-se uma esplêndida Menorá (candelabro), ornamentada com taças, botões e pétalas de flores, tudo em ouro puro. De cada lado da Menorá erguiam-se sete braços. De um lado gravados os nomes dos sete pais do mundo: Adam, Nôach, Shem, Avraham, Yitschac e Yaacov, com Iyov no centro, e do outro os nomes dos homens mais pios: Levi, Kehat, Amram, Moshê, Aharon, Eldad, e Medad com Chur no meio.

De cada lado do trono havia uma cadeira especial em ouro, uma para o Cohen Gadol (o Sumo Sacerdote) e outra para o Segan (Vice-Cohen Gadol), rodeados de setenta cadeiras, também de ouro, para os membros do Sanhedrin (a Corte da Suprema Justiça), com vinte e quatro vinhedos de ouro formando uma cúpula sobre o trono.

Quando o rei Shlomo subia ao trono, começava a funcionar um mecanismo especial. No primeiro degrau, o boi e o leão estendiam suas patas para sustentar e ajudá-lo a subir ao próximo degrau. De cada lado e em cada degrau, os animais mantinham firmemente o rei até que ele se sentasse no trono. Mal se sentava, vinha a águia trazendo-lhe a grande coroa e a mantinha acima de sua cabeça, para que não sentisse o seu peso.

Em seguida a pomba sobrevoava por cima da Arca Sagrada, pegava um pequeno Sêfer Torá e o colocava nos joelhos do rei, conforme o preceito da Torá, segundo o qual um Rolo de Torá deveria sempre acompanhar o rei a fim de servir-lhe como um guia para governar Israel.

0 Cohen Gadol, o Segan e os setenta membros do Sanhedrin levantavam-se e saudavam o rei. Após esta cerimônia, se sentavam para estudar e julgar os casos e situações do reino a eles apresentados.

Todos os reis e príncipes daquela época falavam do trono do rei Shlomo e vinham admirar sua beleza e engenhosidade. Posteriormente, quando o Faraó Nechê, invadiu o país de Yehudá, apossou-se do trono, mas ao colocar o pé no primeiro degrau, o leão de ouro desfechou-lhe um violento golpe que o fez cair, deixando-o enfermo durante o resto de sua vida. Este é o motivo pelo qual ele recebeu o apelido de "nechê" - que significa "o manco".

Mais tarde, quando Nevuchadnetsar destruiu o Templo e subseqüentemente conquistou o Egito, levou o trono consigo à Babilônia. Mas na tentativa de subir, o leão o derrubou, e ele nunca mais ousou intentar. Depois, o rei Dárius da Pérsía conquistou a Babilônia e trouxe o trono para a Média. Quando Achashverosh tentou por sua vez subir ao trono, recebeu um golpe na parte inferior das costas.

Não repetiu a façanha nunca mais, porém convocou alguns engenheiros especialistas do Egito e lhes ordenou a construção de um trono análogo ao do rei Shlomo. Estes, por sua vez, trabalharam por quase três anos consecutívos para edificá-lo, e foi para esta ocasião que o rei Achashverosh deu uma grande festa.