"No terceiro ano de seu reinado, ele ofereceu um banquete..." (Meguilat Ester 1:3)

O rei Achashverosh, que era um usurpador, procurava constantemente novos métodos pata reforçar seu poderio e ganhar os favores do povo, tanto quanto dos poderosos homens de Estado que pertenciam à corte real.

Para tanto, transferiu a capital da Babilônia para Shushan, na Pérsia, e o que mais impressionou a todos foi a festa real que ofereceu com a duração de 180 dias. Todos os representantes das nações do seu vasto império foram convidados a participar. Após esses seis meses, ele organizou um festejo especial para toda a população de Shushan, que durou sete dias.

No decorrer desta festa, cujo objetivo era ganhar a popularidade e simpatia da grande massa, lugares de honra foram concedidos a simples cidadãos, cujas mínimas exigências foram prontamente atendidas.

Existia um velho costume persa que estabelecia que, durante uma refeição importante, cada convidado deveria beber até o fim, uma grande taça de vinho, de aproximadamente 5/8 de um tonel. Mas o rei Achashverosh, procurando satisfazer a todos, não os obrigou a tomar esta quantidade, pois não quis que seus convidados fizessem algo que não os agradasse.

Naquele instante D'us proclamou: "Tolo e vaidoso! Como você pode querer satisfazer a todos? Quando dois navios seguem em rotas opostas, um em direção ao sul, e o outro ao norte, como pode um ser humano fazer com que um único vento seja capaz de empurrar os dois? Amanhã, dois homens virão, Mordechai e Haman. Você não poderá agradar a ambos; você será obrigado a valorizar um e desprezar o outro. Somente D'us, pode satisfazer a todos".

0 rei Achashverosh ficou muito perturbado, porque dera ordem de parar a construção do Templo de Jerusalém. Mas o medo verdadeiramente apoderou-se dele com a aproximação do término dos setenta anos de exílio previsto pelos profetas judeus. Temia que a restauração do Estado judeu e a reconstrução do Templo terminassem por abalar os fundamentos sobre os quais se baseava seu vasto império. Era neste estado de angústia que ele esperava o fim destes setenta anos.

Segundo seus cálculos, os setenta anos deveriam terminar durante o terceiro ano do seu reinado. Quando viu passar esta data sem nada ocorrer, ficou jubiloso e acreditou finalmente que os judeus seriam para sempre seus súditos, sem jamais recuperar o poderio e a independência.

Esta foi a outra razão para tão pomposa festa. Sentia-se seguro e poderoso; com efeito estava tão certo de seu poderio que não hesitou em utilizar à sua mesa a preciosa e sagrada louça do Templo, capturada pelo terrível Nevuchadnetsar.

Como todas as outras nações, os judeus foram convidados a assistir à festa real. Haman, simples funcionário, que ainda não ocupava um cargo de prestígio, viu nisto uma chance de lhes preparar uma armadilha, atraindo-os a comer alimentos não casher. Em seguida, aproveitando-se da momentânea cólera de D'us contra o seu povo, resolveu perseguir os judeus e colocar em prática o seu projeto de exterminá-los.

Mordechai que, na época era o grande líder de seu povo, tomou conhecimento desse plano, e exortou os judeus a evitarem o palácio, a fim de não incorrerem na ira Divina. A grande maioria seguiu seu conselho, mas alguns não o obedeceram e foram ao palácio para assistir a festa. Para sua consternação, descobriram nas mesas os objetos sagrados do Templo e se retiraram. Mas o rei apressou-se em ordenar a seus servos para colocar mesas especiais para os judeus. Eles então abandonaram toda sua altivez, comendo iguarias e bebendo vinho não casher, divertindo-se tanto quanto os demais convidados.

0 Eterno, bastante irritado pela desobediência de seu povo, ordenou que ele fosse perseguido por Haman e decidiu que somente seria salvo quando retornasse de todo coração a D'us.