"Após estes acontecimentos, o rei Achashverosh concedeu a Haman uma posição acima de todos os ministros..." (Meguilat Ester 3:1)

O cruel Haman descendia de Amalec, o inimigo implacável dos judeus. Era o homem mais rico do seu tempo. Ele adquirira suas riquezas desonestamente, apossando-se dos tesouros dos reis de Yehudá. 0 rei Achashverosh fortemente impressionado pela sua fabulosa fortuna, nomeou-o Chefe do Conselho de Ministros. Ele promulgou, em seguida, uma ordem determinando a cada um na corte de se inclinar perante Haman, por deferência.

Haman trazia em seu peito a imagem do deus que adorava. Mordechai recusava-se a prostrar-se perante ele, apesar das numerosas advertências que havia recebido dos diversos oficiais da corte. Quando o próprio Haman o censurou por não lhe dar a honra que o rei lhe havia conferido, Mordechai teve uma resposta muito justa, que era judeu e que não se inclinaria jamais perante um ser humano com um deus pagão por sobre o peito.

Mordechai e Haman já haviam se encontrado anteriormente em outras circunstâncias. Há muitos anos atrás, no tempo do rei Ciro, quando os judeus haviam recomeçado a reconstrução do Templo de Jerusalém, vivia na Samária uma tribo que o rei Sancheriv tinha trazido após ter enviado ao exílio muitos judeus. Estes samaritanos praticavam parcialmente a religião judaica, mas não se identificavam totalmente com o povo judeu e a Torá.

Quando o rei Ciro concedeu aos judeus a autorização de construir o Templo, os samaritanos teriam gostado muito de participar da sua edificação, mas os judeus recusaram esta ajuda. É por este motivo que os samaritanos faziam todo o possível para impedi-los de realizar esse projeto tão caro a eles.

Apesar de seus esforços, os samaritanos não alcançaram a sua meta. Dirigiram-se então à corte real da Pérsia, acusando os judeus de não se contentar com a reconstrução do Templo, mas de organizar também uma rebelião contra o domínio persa.

Os samaritanos, juntamente com outros inimigos dos judeus escolheram Haman para representá-los na corte do rei Ciro e apoiar suas acusações. Os judeus, por sua vez, designaram Mordechai como seu advogado.

Os dois homens partiram ao mesmo tempo rumo à Pérsia. Como eram obrigados a atravessar o deserto, levaram víveres para a jornada. Haman, que era glutão terminou rapidamente com suas provisões, enquanto Mordechai conservara o suficiente para toda a viagem.

Haman que estava faminto, pediu a Mordechai para dividir com ele os alimentos que restavam. Inicialmente, Mordechai recusou-se, mas tomado pela piedade, aceitou, com a condição de que Haman se tornasse seu escravo.

Como não encontraram nenhum papel para concretizar o contrato, Haman escreveu este compromisso na sola de um dos sapatos de Mordechai: "Eu, Haman, descendente de Agag, me vendi como escravo a Mordechai, em troca de pão."

Desde então, Haman não podia perdoar Mordechai por esta humilhação e temia constantemente que Mordechai fizesse com que ele cumprisse com seu compromisso. Naturalmente, Mordechai jamais sonhara em tirar algum proveito disto.

Quando Haman tornou-se Primeiro Ministro e exigiu que Mordechai se inclinasse perante ele, este levantou seu sapato e o agitou no ar. Haman segurou sua língua e se calou. Mas em sua ira, jurou destruir Mordechai e todos os judeus.