Nossa Parashá nessa semana começa dizendo que “quando formos à guerra sobre nossos inimigos...”

A seguinte história ilustra, no sentido chassídico, que guerra é essa que fazemos sobre os nossos inimigos.

A conexão do Rabino Naftali Besser com o Rebe de Lubavitch começou com milagres. Ele não tinha muita ligação com o Rebe mas, depois de não conseguir ser abençoado com filhos após quatro anos de casamento, seu irmão o convenceu a pedir uma benção ao Rebe.

Ele explicou seu problema ao Rebe conforme indicação de seu irmão e recebeu uma resposta uma semana depois! Mas o Rebe apenas respondeu que rezaria por ele.

“Muito curto”, ele pensou consigo mesmo, e decidiu fazer seu pedido pessoalmente.

Ele ao 770, a sede do Chabad Mundial no Brooklyn, e ficou na fila ao lado de milhares de outras pessoas e, quando chegou a sua vez e ele estava de fato face-a-face, o Rebe sorriu como se estivesse esperando apenas por ele e falou em Idishe, “Zul Zain Besser un Noch Besser” (Deverá ser melhor e ainda melhor).

Assim que pôde, ele saiu correndo para um telefone e ligou para seu irmão, dizendo o que o Rebe havia lhe falado e pedindo uma explicação.

Seu irmão sorriu e disse que o Rebe estava lhe dando uma benção para pelo menos dois filhos. (A palavra em Idishe ‘besser’ quer dizer ‘melhor’... mas também quer dizer que terá mais duas adições à família ‘Besser’; ‘Besser un Noch Besser’).

Pouco tempo depois, a esposa do Rabino Besser engravidou e deu à luz a um menino, e em seguida a uma menina e, finalmente, anos depois, a outro menino: Besser e mais Besser!

Então o Rabino Besser ficou ligado ao Rebe e tentou trazer o maior número de amigos e colegas de trabalho para ir ao encontro do Rebe também.

Um episódio impressionante aconteceu quando ele convenceu um amigo, um empresário israelense que chamaremos de Yaron, a participar de um farbrenguen (reunião chassídica) de Yud Tet Kislev. O Rebe falou em Idishe mas, como era um dia de semana, foram distribuídos fones de ouvido para quem precisasse de tradução (pois no Shabat é proibido).

Rabino Besser e Yaron tinham combinado de se encontrar lá mas Rabino Besser ficou preso numa tremenda nevasca em Nova York naquela noite, então Yaron se encontrou sozinho no meio de milhares de chassidim... mas não por muito tempo.

Logo os chassidim fizeram amizade com ele e lhe arrumaram um lugar para assistir ao farbrenguen. O Rebe falou por horas e Yaron amou cada minuto de suas palavras. Mas então aconteceu algo incomum. O Rebe anunciou que estava fazendo um apelo de doações para a cidade de Kfar Chabad em Israel e queria que a multidão presente participasse. Yaron ficou mais do que feliz em doar, de fato não poderia pensar numa causa melhor.

Então ele levantou sua mão, esperou o Rebe olhar para ele e então gritou “Quinhentos dólares!” Isso naquela época – quase vinte anos atrás, era uma ótima doação – especialmente em termos israelenses.

Mas o Rebe apenas olhou para ele e balançou a cabeça dizendo ‘não’!

O pobre Yaron estava em choque. Ele tentou convencer-se que o Rebe estava sinalizando para outra pessoa atrás dele, mas não funcionou. O Rebe estava olhando para ele! Ele começou a transpirar, afrouxou seu colarinho, pensou por alguns segundos e decidiu que toparia o desafio.

“Mil dólares!” Ele gritou cheio de orgulho.

Mas de novo o Rebe balançou a cabeça negativamente.

Agora ele estava realmente suando muito, onde ele conseguiria esse dinheiro? Mas algo lhe fez gritar de novo: “Dois mil dólares! Dois mil dólares!”

Mas o Rebe de novo fez que ‘não’ com a cabeça.

Ele pensou em sair correndo, mas algo lhe disse que seria um erro. “Três mil?” Ele quase gemeu em silêncio.

O Rebe não respondeu. Seguro com o silêncio do Rebe, ele levantou três dedos e disse assertivamente, “TRÊS MIL!!”

Mas o Rebe continuou apenas olhando para ele, balançando negativamente a cabeça e esperando. Yaron percebeu que o Rebe não queria apenas dinheiro – algo maior estava acontecendo.

Ele quase sussurrou, “Quatro mil” e o Rebe concordou.

Nosso herói estava confuso; onde ele conseguiria levantar esse dinheiro? Por que ele falou quatro mil? Era uma fortuna! Talvez ele pudesse dar alguns cheques ao longo de um ano ou dois. Pronto! Ele diluiria o pagamento. Mas o Rebe leu seus pensamentos e anunciou:

“Eu abençôo todos aqueles que doaram para que D’us lhes pague dobrado e redobrado. Mas é importante que todas as doações sejam entregues ainda essa noite antes desse próximo Shabat, ou no mais tardar, no dia seguinte ao Shabat.”

Agora Yaron estava realmente frito! Onde ele conseguiria todo esse dinheiro em tão pouco tempo, já era quinta-feira a noite! Restava apenas um dia.

Ele não tinha escolha. Alí mesmo então ele tirou seu talão de cheques, escreveu um cheque com o valor total, pós-datou para uma semana depois, o entregou e começou a rezar por um milagre. Afinal de contas, o Rebe falou que seria ‘dobrado e redobrado’- o problema é que ele não falou quando isso aconteceria.

Naquela noite, quando Yaron chegou em casa, ligou para o Rabino Besser, perguntou por que ele não havia aparecido, contou o que tinha acontecido e acrescentou que estava agendado para voar à Antuérpia – Bélgica, na manha seguinte bem cedo. Lá ele passaria o Shabat com amigos e então voltaria a Israel.

O Rabino Besser desculpou-se por ter perdido o Farbrenguen, lhe desejou boa sorte para encontrar o dinheiro e falou para não deixar de lhe procurar se precisasse de ajuda.

Mas ele não ligou para o Rabino Besser e quase esqueceu toda essa história.

Até seis meses depois. Eles se encontraram não por acaso e Yaron contou o que aconteceu.

Naquela sexta-feira seis meses antes, ele chegou em Antuérpia e procurou um lugar onde passar o Shabat e, com bastante tempo sobrando, resolveu ir até o centro de comércio de diamantes para ver o movimento.

Ele tinha acabado de chegar quando viu um velho amigo se aproximar para lhe pedir um conselho. Esse amigo tinha recebido uma oferta para comprar um saco de diamantes não polidos. Ele mostrou o saco para Yaron e perguntou se ele pensava que era um bom negócio.

Yaron olhou a mercadoria e ficou impressionado. “Na minha opinião são excelentes e te aconselho a comprar”, ele falou.

Mas seu amigo não parecia convencido e lhe falou que aceitaria se ele fosse seu sócio. Yaron tentou explicar que não tinha dinheiro vivo mas o amigo lhe cortou e disse que não se importava se ele podia pagar ou não. “Apenas me diga que você topa e pode me pagar depois quando quiser.”

Então eles apertaram as mãos e o negócio foi feito. No dia depois do Shabat, Yaron voltou para Israel e na manhã seguinte bem cedo ligou de Tel Aviv para seu amigo da Antuérpia para saber exatamente quanto lhe devia por sua parte nos diamantes.

“Ahh! Os diamantes? Hei! Você estava certo!!! Foi realmente um ótimo negócio! Eu comprei logo depois que você me falou e, ontem a noite mesmo, encontrei alguém que me ofereceu um valor que nos dá um bom lucro.

Isso mesmo! Ganhamos trinta e dois mil dólares! O que você me diz disso? Então você não me deve nada – de fato eu estou lhe devendo sua metade – dezesseis mil! Diga-me sua conta bancária que transferirei o dinheiro ainda hoje! Está bem?” Falou seu amigo.

A benção do Rebe veio mais rápido do que o próprio Yaron imaginava.

A Torá está nos aconselhando a lutar e ter certeza da VITÓRIA. Temos muitas dificuldades na vida tanto fora quanto dentro de nós mesmos. Cada um de nós precisa derrotar seus impulsos negativos como raiva, luxúria, frivolidade, preguiça, e tentar causar um impacto positivo no mundo, de acordo com a Torá também.

Isso é ainda mais difícil para quem escolheu viver num padrão ainda mais rigoroso, de acordo com os ensinamentos da Chassidut, preparando o mundo para a vinda do Mashiach.

A receita que a Torá nos dá é para ‘Ir para a guerra SOBRE o inimigo’; algo como o Rebe inspirando o Rabino Besser e seu amigo.

Em particular, devemos perceber como o mesmo D’us que está criando o mundo e suas dificuldades é o mesmo D’us que nos ordena mudar; e nos fornece o poder da mudança.