Houve certa vez um homem rico e famoso que ocasionalmente viajava à corte do sagrado Vidente de Lublin, onde ele recebia honráveis boas vindas.
Ele sempre contribuía generosamente, até que de repente, devido a uma série de eventos imprevisíveis, ele perdeu toda sua riqueza.
Sendo saudável e forte, ele procurou emprego como porteiro. Ficava do lado de fora da estalagem local, carregando os pertences dos hóspedes para dentro e para fora, recebendo um pequeno salário.
O padre local, que o tinha conhecido quando ele estava bem de vida, regularmente parava para oferecer palavras de apoio. Então um dia o padre lhe disse que se ele concordasse em se converter, ele arranjaria empréstimos e contatos de negócios para que o ex-magnata pudesse voltar ao seu status anterior.
O homem foi para casa e compartilhou a oferta com sua esposa, que estava num terrível estado de desespero. Ela disse a ele para seguir em frente, dizendo que aquilo seria apenas exterior – dentro do lar eles iriam permanecer fiéis ao Judaísmo. Ele decidiu que antes de se comprometer, iria parar na sinagoga uma última vez para se despedir. Abriu seu coração, dizendo a D'us que estava fazendo isso apenas por causa da dificuldade, beijou a cortina do Aron HaCodesh, Arca Sagrada, e saiu.
Ao sair, ele sentiu um forte anseio repentino de viajar até seu sagrado Rebe em Lublin para se despedir. Começou a longa caminhada a pé e finalmente chegou ao seu amado Rebe. Após saudá-lo calorosamente, o Rebe perguntou por que não o via há tanto tempo. O pobre homem abriu seu coração, contando ao Rebe tudo que tinha acontecido. O Rebe perguntou por que ele estava até pensando em se converter quando tantos outros em dificuldades ainda maiores descartavam totalmente essa hipótese.
“Sou diferente,” ele respondeu. “Tenho verdadeiras reclamações contra D'us.”
“Se você tem verdadeiras reclamações contra D'us,” o Rebe aconselhou, “então você precisa levá-Lo a um Din Torá (uma questão a ser resolvida em um Tribunal Rabínico).
O Rebe chamou três dos seus alunos, anunciou o caso, e assumiu o papel de advogado. Primeiro o “advogado” pediu ao visitante para declarar suas reclamações contra D'us. Então perguntou se ele já tinha feito algo contra D'us e continuou para lembrar a ele de alguns erros, dos quais ele estava misteriosamente cônscio.
A isso o homem respondeu:
“Bem, conheço muitos outros que fazem essas coisas rotineiramente e ainda estão ricos. Sou pior que eles? Eu doava generosamente aos necessitados! D'us definitivamente me enganou!”
Após alguma deliberação, o tribunal anunciou seu veredicto:
Pela letra da lei, D'us não tinha obrigação de restaurar a fortuna do homem, eles determinaram, pois ele tinha realmente agido mal. Mas em vista da sua caridade, e por causa da injunção da Torá, “Você fará o que é bom e justo,” era adequado para D'us ir além da lei. Eles concluíram que o homem deveria resolver melhorar suas maneiras, e D'us seria obrigado a devolver sua riqueza até o último centavo dentro de 30 dias.
O homem foi para casa feliz com toda intenção de cumprir sua parte neste acordo. No 30º dia ele estava de pé fora da estalagem como de costume quando uma grande carruagem chegou. O porteiro se aproximou para oferecer seus serviços ao passageiro, que com gratidão o instruiu a trazer um baú grande e pesado. Após fazê-lo, ele esperou na entrada da estalagem para o dono entrar, assim ele poderia receber o pagamento. Passou algum tempo, e ele percebeu que a carruagem tinha ido embora. O estalajadeiro estava incomodado com o grande baú, ocupando espaço e ficando no caminho de seus fregueses, então ele disse ao porteiro para levá-lo para casa.
“Quando o homem voltar,” ele argumentou, “eu o levarei para apanhá-lo na casa do porteiro.”
Após carregar o pesado baú para casa, o porteiro o pôs no chão e algumas moedas caíram.
Passou-se bastante tempo e ficou claro que ninguém estava vindo para reclamar a caixa.
Como concluiu que nunca conseguiria devolver o baú, que não tinha etiqueta nem nenhuma identificação, ele o abriu e descobriu que estava repleto de moedas, somando exatamente a quantidade de dinheiro que ele tinha perdido!
“A pessoa deveria prestar muita atenção e fazer grandes esforços para cumprir aquilo que o Criador o ordenou a fazer. Como parte do seu serviço a Ele, cumprir suas mitsvot e se abster daquilo que Ele nos disse para não fazer de acordo com Seus pedidos. Então o Criador vai concordar em lhe conceder as coisas pelas quais ele confia Nele.”
(Portal da Confiança (Kehot), cap. 3, pág. 76
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