1. Existem 80 mil judeus na Hungria

Hoje a Hungria é o lar de aproximadamente 80 mil judeus, a maioria dos quais são judeus húngaros nativos. Já no século 19 alguns se assimilaram em casamentos mistos e muitos optaram por esconder seu judaísmo após o Holocausto. Por esse motivo é difícil determinar números precisos, pois muitos por gerações não se reconhecem como judeus.

Desfile de Lag BaOmer nas ruas de Budapeste.
Desfile de Lag BaOmer nas ruas de Budapeste.

2. A divisão de Budapeste

O sétimo distrito de Budapeste foi historicamente o bairro judeu e o local do gueto durante a era nazista, no qual 70 mil judeus foram amontoados. Hoje, o bairro ainda abriga sinagogas históricas, restaurantes casher, um mikvê , bem como vários centros Chabad. No entanto, os judeus estão espalhados por toda a grande área metropolitana, desde as vilas nas colinas de Buda, até os imponentes prédios de apartamentos de Peste.

Uma foto de 1929 de Kiraly Utca, a rua principal do tradicionalmente Sétimo Distrito Judaico em Peste (crédito: Kinszki Imre).
Uma foto de 1929 de Kiraly Utca, a rua principal do tradicionalmente Sétimo Distrito Judaico em Peste (crédito: Kinszki Imre).

3. Havia Oberlanders e Unterlanders

Os judeus que viviam nas terras altas do oeste, os Oberlanders, tendiam a ser culturalmente semelhantes aos seus compatriotas na Áustria e na Alemanha, falando iídiche com matiz alemão e seguindo os costumes asquenazes. Por outro lado, os Unterlanders, das planícies orientais, tendiam a estar muito mais alinhados com as comunidades chassídicas da Galícia, compartilhando seu dialeto iídiche e de perfil mais recluso.

4. A Hungria judaica tem suas próprias fronteiras

À medida que as fronteiras se moviam e os impérios subiam e desciam, os judeus criavam suas próprias fronteiras conceituais, que às vezes coincidiam com aquelas traçadas por monarcas e generais.

Assim, a Hungria judaica estendeu-se profundamente no que hoje é a Ucrânia e a Romênia a oeste, a Eslováquia ao norte, a Áustria a leste e a Sérvia ao sul.

Isso explica por que alguns dos líderes mais proeminentes da Hungria - como o Chatam Sofer em Pressburg (Bratislava, Eslováquia), o Minchat Elazar em Munkach (Mukachevo, Ucrânia) e o rebe de Satmar (Satu Mar, Romênia) - nem sequer viveram no que agora consideramos a Hungria.

Colagem de 1931 de alunos e professores da yeshiva de Pressburg, que fornecia rabinos à Hungria, mas estava localizada no que hoje é a Eslováquia (crédito: Yad Vashem).
Colagem de 1931 de alunos e professores da yeshiva de Pressburg, que fornecia rabinos à Hungria, mas estava localizada no que hoje é a Eslováquia (crédito: Yad Vashem).

5. Os judeus húngaros quase foram dizimados na primavera de 44

Enquanto a Hungria fascista se alinhou aos alemães e os judeus foram fortemente discriminados, os judeus húngaros foram amplamente poupados do extermínio em massa até a invasão alemã em março de 1944. Em menos de dois meses, quase meio milhão de judeus húngaros foram deportados para os campos de extermínio na Polônia. No final da guerra, a população judaica húngara foi reduzida de 800 mil para 200 mil.

Mulheres judias forçadas a caminhar pela Wesselényi Utca, uma das principais avenidas de Budapeste, em 1944.
Mulheres judias forçadas a caminhar pela Wesselényi Utca, uma das principais avenidas de Budapeste, em 1944.

6. A Hungria era originalmente sefardita

Enquanto os judeus húngaros hoje (e seus descendentes) são predominantemente Ashkenazim , a comunidade judaica húngara durante grande parte dos séculos 16 e 17 era predominantemente sefardita, já que grande parte da Hungria fazia parte do Império Otomano. Com a derrota dos otomanos, muitos da comunidade judaica foram estuprados, assassinados ou vendidos como escravos, e suas sinagogas queimadas. Com o tempo, uma comunidade Ashkenazi surgiu em seu lugar.

"A Tomada de Buda, 1686" no Deutsches Historisches Museum. Os invasores cristãos vitoriosos destruíram a comunidade judaica de Buda, junto com seus vizinhos muçulmanos.
"A Tomada de Buda, 1686" no Deutsches Historisches Museum. Os invasores cristãos vitoriosos destruíram a comunidade judaica de Buda, junto com seus vizinhos muçulmanos.

7. O “Hino Nacional” dos judeus húngaros é sobre um pássaro colorido

O movimento chassídico chegou à Hungria, em parte, devido aos esforços pioneiros do rabino Yitzchak Isaac de Kalev , um antigo mestre chassídico (1751–1821). Ele tornou famosa a canção Szól a Kakas Már, que adaptou de uma canção folclórica húngara que “comprou” de um pastor. Começando em húngaro com uma visão de um belo pássaro ao nascer do sol, termina em hebraico com uma prece que anseia pela chegada de Mashiach.

Hoje, esta canção é o hino não oficial do judaísmo húngaro, cantado em eventos comunitários, celebrações e cerimônias.

Bar mitsvá celebrado na magnífica e renovada sinagoga de Óbuda, que foi construída em 1820 no estilo clássico do Império Francês.
Bar mitsvá celebrado na magnífica e renovada sinagoga de Óbuda, que foi construída em 1820 no estilo clássico do Império Francês.

8. Eles se dividiram oficialmente em três correntes por volta de 1870

À medida que o Iluminismo varria a Europa Ocidental e Central, a comunidade judaica húngara estava dividida. Alguns queriam seguir os judeus alemães, que estavam rapidamente reformando (ou abandonando) as tradições de seus antepassados, enquanto outros desejavam manter sua fidelidade ao judaísmo, como havia sido praticado por gerações.

Após muitos conflitos internos, a comunidade se dividiu oficialmente em três partes, reconhecidas pela monarquia austro-húngara: Ortodoxa (que se apegava tenazmente à tradição), Neolog (que promovia reformas religiosas e assimilação cultural) e Status Quo (um grupo menor, que não seguiu os líderes de nenhum dos grupos).

Essas diretrizes, emitidas em 1865, pretendiam garantir que inovações como arquitetura inspirada em igrejas e sermões em língua húngara fossem mantidas fora das sinagogas ortodoxas.
Essas diretrizes, emitidas em 1865, pretendiam garantir que inovações como arquitetura inspirada em igrejas e sermões em língua húngara fossem mantidas fora das sinagogas ortodoxas.

9. 60% dos ganhadores húngaros do Prêmio Nobel eram judeus

Dependendo dos critérios utilizados, pode-se dizer que entre 14 e 21 húngaros receberam o Prêmio Nobel. Deles, aproximadamente 60% são judeus ou descendentes de judeus. Isso é surpreendente quando se considera que os judeus representam menos de 1% da população húngara hoje e nunca constituíram mais de 10% da população.

10. Sobrenomes alemães curtos são populares

Judeus húngaros podem ter sobrenomes que são hebraicos ou mesmo húngaros (como Farkas, que significa “lobo”), bem como sobrenomes judeus “típicos”, como Goldstein e Rosenbaum etc. nomes monossilábicos e descritivos como Schwartz (preto), Weiss (branco), Roth (vermelho), Gross (grande), Klein (pequeno) e Stark (forte).

11. A Hungria judaica foi recriada nos EUA e em Israel

Após o Holocausto, multidões de judeus húngaros migraram para Israel, Estados Unidos, Canadá, América do Sul e Austrália.

Com o tempo, muitos grupos chassídicos se restabeleceram, usando os nomes iídiches de suas cidades de origem. Assim, passeando pelo Brooklyn, encontra-se a sinagoga Pupa (fundada por membros do grupo chassídico que outrora floresceu em Pápa), o mikvê do Rebe Kerestir (originalmente de Bodrogkeresztúr), a sinagoga do Rebe de Kalev (conhecida em húngaro como Nagykálló) e, claro, muitos alimentos possuem a certificação do antigo rabino de Debretzin (Debrecen).

À esquerda está uma sinagoga do Brooklyn, NY, que leva o nome de Szombathely, a oeste de Budapeste. Ao lado fica uma sinagoga para quem vem de Sulitza (Suli ț a), hoje Romênia (crédito: Google Maps).
À esquerda está uma sinagoga do Brooklyn, NY, que leva o nome de Szombathely, a oeste de Budapeste. Ao lado fica uma sinagoga para quem vem de Sulitza (Suli ț a), hoje Romênia (crédito: Google Maps).

12. Chabad-Lubavitch da Hungria foi fundado em 1989

O casal de shluchim, emissários do Rebe, Rabino Baruch e Rebetsin Batsheva Oberlander, chegou a Budapeste no verão de 1989, pouco antes da queda do comunismo. O rabino é filho de sobreviventes húngaros do Holocausto que se estabeleceram no Brooklyn. Sua esposa é filha de emissários Chabad em Milão, também com raízes húngaras.

Hoje, eles supervisionam movimentados centros Chabad, organizações humanitárias, uma editora entre outros, dirigidos por 18 casais de emissários.

O rabino Baruch Oberlander acende uma menorá gigante perto da estação de trem Nyugati em Budapeste.
O rabino Baruch Oberlander acende uma menorá gigante perto da estação de trem Nyugati em Budapeste.

13. Há muitos israelenses na Hungria

Desde a década de 1990, os israelenses vêm para a Hungria (um voo de 3 horas de Tel Aviv) para negócios e turismo. Alguns vêm por pouco tempo, mas outros ficam. A Hungria também atrai muitos estudantes de medicina israelenses, que acham mais fácil ingressar nas instituições acadêmicas da Hungria do que nas de Israel. Assim, alguns Centros Chabad na Hungria atendem especificamente famílias e estudantes israelenses.

Celebrando Purim com Chabad no Campus em Debrecen, que atende judeus israelenses e europeus.
Celebrando Purim com Chabad no Campus em Debrecen, que atende judeus israelenses e europeus.