Maasser Rishon - O Primeiro Dízimo

Moshê também ordenou Benê Yisrael a separarem maasser (um décimo) dos produtos que crescem em Êrets Yisrael.

O Midrash nos ensina que um judeu que ingere alimentos dos quais não foi separado o maasser, é como se tivesse comido carne não casher!

"Se vocês produzirem vinho, cereais, ou azeite, devem sempre separar o dízimo antes de comê-lo," lembrou Moshê. "Se vocês derem o maasser aos levitas, D’us os abençoará com riquezas."

Maasser Sheni / O Segundo Dízimo

Como aprendemos, um judeu tinha que separar um décimo de sua colheita. Dava-o a um levita. Após o primeiro maasser, cada fazendeiro tinha que separar outro décimo de sua produção. Era chamado maasser sheni, o segundo maasser.

O que ele fazia com o maasser sheni?

O agricultor e sua família viajavam a Jerusalém com sua produção de maasser sheni e a comiam lá. Se fosse muito oneroso transportar a produção para Jerusalém, o proprietário podia trocá-la por dinheiro. Levava o dinheiro então para Jerusalém e com ele, comprava alimentos para si e para sua família.

Por que D’us desejava que os judeus comessem maasser sheni em Jerusalém?

A Torá explica: "Isso os ensinará a temer D’us."

Na época do Bet Hamicdash, uma visita a Jerusalém era uma experiência maravilhosa. No Bet Hamicdash, um judeu podia sentir a presença Divina e até mesmo presenciar milagres. Podia visitar os juízes no Grande Sanhedrin, os grandes sábios da nação. E podiam admirar os tsadikim que lá viviam.

Quando um judeu retornava de sua viagem de "maasser sheni" em Jerusalém, sentia-se tão entusiasmado que isso o ajudava a cumprir melhor as mitsvot.

Maasser Ani - O Dízimo Para Os Pobres

No primeiro, segundo, quarto e quinto anos de cada ciclo de sete, o fazendeiro tinha que separar o maasser sheni e comê-lo em Jerusalém. No terceiro e sexto anos, o agricultor tirava maasser ani (dízimo para os pobres) ao invés do maasser sheni. Esta décima parte era para as pessoas necessitadas, que vinham ao seu campo reivindicá-lo.

Shemitat Kessafim - O Cancelamento de Dívidas

Moshê ensinou a Benê Yisrael sobre outra mitsvá que está relacionada com chêssed (bondade). Aprendemos que cada sétimo ano é um ano shemitá (sabático) em Êrets Yisrael, quando o solo repousa. Entretanto, há uma lei de shemitá que deve ser mantida mesmo fora de Êrets Yisrael.

Nesta parashá, a Torá (Devarim XV:2) diz: "Ao fim de cada sete anos farás o ano sabático. E este é o procedimento da shemitá: cada credor perdoará tudo o que emprestou a seu semelhante; nada exigirá dele."

Esta passagem significa que é proibido cobrar dívidas particulares durante o ano sabático. Isto se aplica tanto na Terra de Israel quanto fora dela (enquanto que as leis agrícolas de shemitá aplicam-se somente à Terra Santa).

Portanto, depois que passou o ano shemitá, um judeu que emprestou dinheiro a outro não pode mais pedir que lhe devolva o empréstimo. Pode exigir o pagamento apenas até o último dia do ano anterior, véspera de Rosh Hashaná. Se Rosh Hashaná passar e o empréstimo não foi quitado, o pagamento não pode ser exigido. (Porém, se o devedor, espontaneamente, oferecer este valor como um presente, o credor pode aceitá-lo. Esta seria a conduta correta).

D’us nos deu esta lei para nos ensinar uma lição. Ele deseja que percebamos que é Ele o dono de tudo que possuímos, bem como nosso dinheiro.

O que acontece se um judeu precisa pedir dinheiro emprestado ao final de um ano anterior a shemitá? Aquele que empresta pode pensar: "Estou certo de que ele não poderá me pagar antes do início do ano de shemitá. Poderei perder meu dinheiro."

Se a pessoa que precisa de um empréstimo é pobre, terá dificuldade em achar alguém que deseje emprestar-lhe dinheiro.

Já na época do Talmud, muitas pessoas deixavam de emprestar dinheiro quando o ano de shemitá se aproximava. Para resolver este problema, o ilustre erudito e líder Hilel instituiu uma fórmula que permite reclamar o pagamento mesmo depois do sétimo ano, denominada Peruzbul. Consiste no credor transferir suas dívidas a uma corte rabínica antes do ano sabático. A dívida, então, deixa de ser individual, tornando-se passível de cobrança (conforme a própria lei da Torá estipula) durante ou após o ano de shemitá.

Embora pessoas em particular não possam pedir o pagamento após shemitá, o Beit Din sempre tem permissão de reclamar este pagamento. Assim, os necessitados conseguirão empréstimos sempre, inclusive antes de um ano de shemitá.

É aconselhável que cada um faça um peruzbul antes da shemitá (mesmo quem não tenha empréstimos pendentes para receber ou que não se importe de quitar os que tem), demonstrando assim o respeito por uma ordem de nossos sábios e, ao mesmo tempo, cumprindo um decreto rabínico que só ocorre a cada sete anos. Não há nenhuma exigência de especificar as dívidas; somente declarar sua transferência à corte rabínica. O peruzbul pode ser lido perante um Tribunal Rabínico, por ocasião de hatarat nedarim (anulação das promessas) na véspera de Rosh Hashaná. Logo após o texto da anulação das promessas, deve-se recitar: "Entrego-lhes todos os meus créditos para que eu possa cobrá-los quando desejar."

Neste caso não há necessidade de escrever ou assinar o peruzbul. Ou então, antes da véspera de Rosh Hashaná, deve-se enviar para um tribunal rabínico um documento assinado e datado com o seguinte texto:

"Eu, abaixo assinado, entrego aos senhores..., membros do Bet Din na cidade de..., todos os créditos que tenho de outrem, seja por documento ou oralmente, a fim de que possa cobrá-los quando desejar."

O peruzbul também deve ser repetido ao final do ano de shemitá.