Quando Hashem, seu D'us, expandir suas fronteiras, como Ele falou a você, e você disser: “Eu comerei carne,” porque sua alma deseja comer carne… No entanto, seja forte em não comer o sangue (Devarim 12:20-23)

Segundo uma opinião no Talmud (Chullin 16b), Bnei Yisrael no deserto não tinha permissão de comer qualquer carne exceto aquela oferecida como sacrifício. A Torá portanto declara que quando D'us “expandir suas fronteiras”, i.e., quando Bnei Yisrael chegar à Terra de Israel, será permitido para eles comerem carne sempre “que sua alma desejar comer carne,” mesmo de um animal que não foi levado como sacrifício.

A permissão de consumir carne não sacrificial ao entrar na Terra de Israel refletia a mudança do foco espiritual que acompanharia a partida de Bnei Yisrael do deserto e a entrada na Terra.

Ao entrar em Israel, o povo judeu começaria a se engajar com o mundo num nível natural, trabalhando a terra e a estabelecendo. Sua missão Divina seria elevar o mundo material imbuindo-o com propósito Divino.

No deserto, porém, D'us proveu todas as suas necessidades materiais através de meios milagrosos, permitindo que eles se devotassem inteiramente ao seu desenvolvimento espiritual e ao estudo de Torá. Portanto, no deserto, não havia justificativa para comer carne, pois o trabalho de elevar o mundano ainda não tinha começado. Animais deviam ser oferecidos a D'us como sacrifícios; somente naquele contexto sagrado a carne era permitida para consumo.

A carne não-sacrificial se tornou apropriada para consumo somente quando Bnei Yisrael entrou na Terra de Israel. Agora eles tinham permissão de usufruir do mundo físico – até além daquilo que é obviamente sagrado (como os sacrifícios eram), pois eles agora tinham a habilidade e a responsabilidade de infundir até seus desejos mundanos com um propósito Divino.

A Torá adverte, porém, “Seja forte em não comer o sangue.”

Sangue é uma metáfora para energia, entusiasmo e paixão. A admoestação da Torá a somente comer carne que tenha tido o sangue extraído significa que quando utilizamos aquilo que o mundo tem a oferecer para um propósito Divino, devemos fazê-los sem sangue, i.e., sem empolgação ou desejo por divertimento e prazer físico.

Likutei Sichot, vol. 4, pág. 1108