O Judaísmo é baseado no estudo da Torá e na realização das mitsvot, através dos quais nos conectamos com D'us e tornamos o mundo um lugar melhor. Ao longo da nossa história, muitos símbolos têm sido associados ao povo judeu, à erudição judaica e à cultura judaica.

Luchot: As Duas Tábuas

Detalhes de uma impressão antiga do Shnei Luchot Habrit, Amsterdam, 1698. Foto: Biblioteca de Agudat Chassidei Chabad – Ohel Yosef Yitzchak Lubavitch
Detalhes de uma impressão antiga do Shnei Luchot Habrit, Amsterdam, 1698. Foto: Biblioteca de Agudat Chassidei Chabad – Ohel Yosef Yitzchak Lubavitch

Presentes em sinagogas, hospitais e nos uniformes dos capelães judeus do exército americano, as duas tábuas que Moshe recebeu no Monte Sinai são lembretes poderosos da missão Divina do povo judeu: viver de acordo com a vontade de D'us. Às vezes, elas são gravadas com as primeiras palavras de cada um dos Dez Mandamentos ou com apenas as 10 primeiras letras do Alfabeto Hebraico, uma para cada mandamento.

Curiosamente, a versão mais comum das tábuas, com topos arredondados, é uma imprecisão histórica introduzida por artistas renascentistas. De acordo com a tradição talmúdica, as tábuas foram feitas de safira e tinham o formato de cubos.

Menorá: O Candelabro do Templo

A imagem retrata uma representação da menorá do Templo Sagrado. Fonte: Chaya Mishulovin, Chabad de Skokie
A imagem retrata uma representação da menorá do Templo Sagrado. Fonte: Chaya Mishulovin, Chabad de Skokie

A menorá dourada de sete braços (candelabro) foi destaque no Tabernáculo construído por Moshe no deserto, bem como nos Templos Sagrados construídos posteriormente em Jerusalém.

"Vocês acham que Eu preciso de sua luz?" Pergunta D’us retoricamente. “É um testemunho para toda a humanidade de que a presença Divina repousa em Israel.” 1

Curiosamente, este símbolo também é frequentemente representado erroneamente com braços arredondados (como é retratado no Arco de Tito), enquanto muitas fontes judaicas autênticas sugerem braços inclinados e retos.

Talvez a predileção judaica por simbolismos que dão luz possa ser rastreada até a afirmação de Shlomo HaMelech (o Rei Salomão) de que "a mitsvá é uma lâmpada, e a Torá é luz." 2

Às vezes, a menorá de oito braços, o tipo usado em lares judeus para celebrar a festa de Chanucá, também é usada como um símbolo judaico em sinagogas.

Leia sobre a Menorá e a Chanukyiá

Rolo da Torá

O logotipo usado por centenas de acampamentos Gan Israel usa na imagem um rolo da Torá aberto.
O logotipo usado por centenas de acampamentos Gan Israel usa na imagem um rolo da Torá aberto.

Um rolo de Torá aberto é frequentemente usado como parte central do logotipo de yeshivot ou instituições de estudo da Torá. O rolo da Torá contém os Cinco Livros de Moshe, escritos à mão em pergaminho por um escriba treinado (sofer).

Os sábios ensinam que as 600.000 letras no rolo da Torá correspondem às 600.000 almas coletivas do povo judeu (entenda a matemática dessa equação), pois cada judeu tem uma porção na Torá, e há uma porção de cada judeu dentro da Torá. Portanto, a mensagem deste símbolo é que a Torá não deve apenas ficar na arca sagrada, ela deve ser aberta, lida, estudada e internalizada por cada membro da nação judaica.

Leia: O Que é Torá?

Sobre Lápides: Mãos Abertas e o Jarro

As mãos gravadas nessa lápide indica que o local é o túmulo de um membro do clã sacerdotal (Cohen). A posição dos dedos remete à bênção sacerdotal, dada com as mãos nessa posição.
As mãos gravadas nessa lápide indica que o local é o túmulo de um membro do clã sacerdotal (Cohen). A posição dos dedos remete à bênção sacerdotal, dada com as mãos nessa posição.

Além das Estrelas de David (veja abaixo), pergaminhos e tábuas, as lápides judaicas geralmente apresentam vários símbolos únicos. Um par de mãos com os dedos abertos indica que um Cohen, um membro do clã sacerdotal que abençoa o povo judeu enquanto segura suas mãos nessa posição, está enterrado ali.

Uma lápide marcada com um jarro de água é geralmente a de um levita, que é honrado com a lavagem das mãos do cohanim antes que a Bênção Sacerdotal seja administrada.

O candelabro marca o túmulo de uma mulher judia piedosa.
O candelabro marca o túmulo de uma mulher judia piedosa.

Da mesma forma, um candelabro aceso (geralmente com vários braços) é frequentemente usado para decorar o túmulo de uma mulher judia justa, que certamente acendia as velas de Shabat em sua casa toda sexta-feira à tarde e na véspera dos feriados judaicos.

Decoração da Torá: Leões e Águias

As decorações típicas da arca da Torá incluem leões, coroas e luchot.
Foto: Chabad-Lubavitch da Hungria
As decorações típicas da arca da Torá incluem leões, coroas e luchot. Foto: Chabad-Lubavitch da Hungria

As capas dos rolos da Torá e as arcas sagradas nas quais são armazenadas são frequentemente decoradas com leões (suas patas dianteiras sobre as duas Tábuas). Águias também não são incomuns em objetos de sinagogas, como as coroas de prata colocadas sobre os rolos da Torá.

Esses são animais violentos que nem são casher, então o que eles estão fazendo próximos da Torá, cujos "caminhos são agradáveis e de paz"?

Primeiro, deve-se notar que o leão é o símbolo da tribo de Yehudá, que foi reproduzido pelo Rei David, o Rei Shlomo e outros grandes reis, inclusive o futuro Mashiach. Além disso, essas imagens evocam as palavras de Yehudá ben Teima, que era conhecido por dizer: "Seja ousado como um leopardo, leve como uma águia, rápido como um cervo e poderoso como um leão, para fazer a vontade de seu Pai no Céu."

De fato, suas palavras ecoaram David, que elogiou Shaul e Jônatas (II Shmuel 1:23) como "mais leves que as águias e mais fortes que os leões" em seu serviço Divino.

Etrog e Lulav (ou Palmeira)

Antigamente, as quatro espécies que são tomadas juntas na festa de Sucot — o lulav (ramo de palmeira), etrog (cidra), hadas (murta) e aravá (salgueiro) — eram usadas como um símbolo judaico proeminente e ainda podem ser vistas em algumas das moedas cunhadas que foram recuperadas da época da revolta de Bar Kochba (132-135 EC).

O Midrash ensina que cada uma das quatro espécies representa um tipo diferente de judeu, mas a mitsvá só pode ser realizada quando temos todas as quatro juntas, simbolizando a unidade de nossa nação. 3

Leia: O Significado das Quatro Espécies

As Sete Espécies

A Escritura descreve as sete espécies com as quais a terra de Israel foi abençoada: trigo, cevada, uvas, figos, romãs, azeitonas e tâmaras. 4

Representações de algumas ou todas elas são usadas frequentemente na decoração de sinagogas e outros lugares judaicos, e podem ser encontradas em ruínas arqueológicas e em moedas judaicas que remontam ao período de Bar Kochva. Mesmo no exílio, os judeus mantiveram esses símbolos de sua terra natal.

Leia: As Sete Espécies

Maguen David: Estrela de seis pontas

A Estrela de David enfeita a cópia completa mais antiga do texto massorético, o Códice de Leningrado, datado de 1008. (Foto: Wikimedia)
A Estrela de David enfeita a cópia completa mais antiga do texto massorético, o Códice de Leningrado, datado de 1008. (Foto: Wikimedia)

Provavelmente o mais onipresente dos símbolos judaicos, mas também o menos significativo, é a estrela de seis pontas (ou hexagrama). Embora pouco se saiba sobre a origem da Estrela de David (ou em hebraico Maguen "Escudo de" David), ela tem sido associada ao povo judeu há muito tempo e enfeitou milhares de sinagogas em todo o mundo.

Leia mais sobre A Estrela de David

Pombas e azeitonas

Arte de Sefira Lightstone
Arte de Sefira Lightstone

A pomba e o ramo de oliveira se tornaram um símbolo universal de paz devido à história bíblica um tanto mal compreendida da pomba trazendo uma folha de oliveira para Noach (Noé) como prova de que as águas haviam recuado após o Grande Dilúvio. Ao mesmo tempo, cada um deles tem sido usado individualmente como um símbolo e metáfora para o povo judeu desde os tempos bíblicos.

Em Yirmiyahu D'us chama o povo judeu de "uma oliveira frondosa, bela com bons frutos". 5 Uma explicação é que "assim como as folhas da oliveira não caem nem no verão nem no inverno, da mesma forma o povo judeu não será rejeitado, nem neste mundo nem no mundo vindouro (Talmud, Menachot 53b)."

No Shir Ha Shirim, a representação de lealdade no relacionamento amoroso entre D'us e Sua nação, é imbolicado pela "pomba" frequentemente usada para descrever a noiva, o povo judeu. Uma explicação desse simbolismo é que "Assim como uma pomba, uma vez que ela encontra seu companheiro, nunca o deixa por outro... e assim como uma pomba cujos filhotes são tirados de seu ninho ainda não abandona seu ninho..., assim é o povo judeu fiel a D'us". 6

Pingente Chai

Um pingente chai usado por uma mulher.
Um pingente chai usado por uma mulher.

Depois da Estrela de David, o chai é provavelmente o pingente judaico mais popular. Chai em hebraico é “vida”. A palavra é escrita com apenas duas letras, chet e yud, que têm o valor numérico somado de 18. Isso explica por que os judeus adoram dar presentes de aniversário, doações e outros presentes em múltiplos de 18 (36, 54, 72, 90 etc.).

Mais sobre Doações em Múltiplos de 18

Escudo dos Macabeus

A exibição da palavra hebraica מכבי (macabi) em uma faixa ou bandeira remonta ao período do Segundo Templo, quando um pequeno grupo de judeus, os Macabeus, se revoltou com sucesso contra seus opressores gregos. Daquele momento em diante, a palavra Macabi simbolizou os pequenos e impotentes superando grandes adversidades contra poderosos tiranos.

A explicação clássica da palavra Macabeu é que ela é composta das letras iniciais de um verso que o povo judeu entoou depois que D'us abriu o mar: "Mi kamocha ba'eilim Hashem”, "Quem é como você entre os poderosos, ó D'us?"

Embora possamos ser fracos e em menor número, em última análise, o verdadeiro poder pertence a D'us, e com confiança nele podemos superar todas as adversidades.

Leia: Os Macabeus

Peitoral do Sumo Sacerdote

Arte de Sefira Lightstone
Arte de Sefira Lightstone

Frequentemente encontrado em sinagogas bordados na cortina que cobre a arca sagrada que abriga os rolos da Torá, o peitoral (choshen) era uma das oito vestes sacerdotais usadas pelo sumo sacerdote (Cohen Gadol) enquanto servia no Templo Sagrado. Ele apresentava 12 pedras preciosas, correspondendo às 12 tribos de Israel.

Da mesma forma, muitas vezes é possível encontrar representações de bandeiras, animais ou produtos que simbolizam cada tribo com base na bênção que Yaacov deu a seus filhos antes de falecer.

Embora possamos vir de diferentes origens e até mesmo diferentes tribos com muitos costumes distintos, continuamos sendo uma nação unificada.

Leia mais: O Peitoral do Sumo Sacerdote

Hamsa: A Mão

A Hamsa, uma imagem simétrica de uma palma com um olho no centro, é comum a muitas culturas, incluindo o judaísmo. Há quem questione se é um símbolo judaico legítimo, e muitas pessoas se abstêm de usar o Hamsa ou pendurá-lo em suas casas.

O Ben Ish Chai (Rabino Yosef Chaim de Bagdá, líder sefardita do século 19) observa que há um costume de dizer “Hamsa” (que significa “cinco” em árabe) para afastar o mau-olhado, e explica que é por isso que muitos usam uma pequena mão de cinco dedos com a letra “hei” (cujo equivalente numérico é cinco) escrita nela. Aparentemente, ele não considerou isso um problema.

É importante ter em mente que o Talmude diz que o mau-olhado só afeta você se você der importância e se preocupar com ele. Se você ignorá-lo, o mau-olhado não o afetará de forma alguma.

Leia: Hamsa

Contra mau-olhado?