O peitoral (choshen) era uma das oito vestes sacerdotais usadas pelo Sumo Sacerdote (Cohen Gadol) quando servia no Templo Sagrado. Exibia doze pedras preciosas, correspondendo às 12 Tribos de Israel, e servia como um meio através do qual D'us provinha direção à nação judaica.

Preparando o Peitoral

O peitoral1 era talvez a mais conspícua de todas as oito vestes sacerdotais usadas pelo Sumo Sacerdote. Consistia de um pedaço de tecido retangular, com dois zeres2 de comprimento e um zeres de largura, dobrado para formar um quadrado. O tecido era feito com cinco materiais: ouro que tinha sido achatado e cortado em fios; lã tingida rechelet (azul3); lã tingida de argaman (roxo4); lã tingida de escarlate5; e linho.
Para criar os cordões usados para tecer o peitoral, um único fio de ouro era misturado com seus fios de techelet, argaman, escarlate e linho. Os quarenta e sete fios eram então torcidos juntos, formando 28 cordões.

O peitoral apresentava imagens artísticas desenhadas no tecido, vistas como figuras alternadas quando olhadas de lados diferentes.6 Doze pedras preciosas engastadas em ouro eram encravadas no peitoral, sobre as quais eram inscritos os nomes das 12 Tribos de Israel. As pedras eram arrumadas em quatro fileiras e três colunas.7 Além disso, o peitoral continha os nomes dos patriarcas Avraham, Yitschac e Yaacov, e as palavras shivtei Yeshurun (“tribos de Jeshurun”)8 assim apresentando todas as vinte e duas letras do alfabeto hebraico.9

Um pedaço de pergaminho, conhecido como o urim vetumim, era inserido dentro das dobras do peitoral, sobre o qual era escrito um dos nomes sagrados de D'us.10 O peitoral ficava sobre o peito do Sumo Sacerdote, fixado no local por meio de cadeias, anéis e fios techelet que o prendiam ao efod, o avental sacerdotal. É proibido separar o peitoral do efod.11

Veste de Orientação

Um dos objetivos do peitoral era invocar orientação divina quando a comunidade judaica estava em dúvida. Ao confrontar um grande dilema, como o de empreender guerra contra uma nação vizinha, o Sumo Sacerdote ficava na frente da Arca da Aliança, e o rei ou outra figura influente ficava atrás dele, olhando suas costas. O indivíduo fazia sua pergunta quase inaudível, para que somente ele pudesse ouvi-la, e o Sumo Sacerdote refletiria sobre o Sagrado Nome colocado dentro do peitoral. Milagrosamente, a luz brilhava para fora das letras gravadas, que, quando rearranjadas, formariam a resposta.12A capacidade de receber respostas divinas através do peitoral cessou com a destruição do Primeiro Templo.13

Significado de um Nome: Choshen Mishpat
O termo hebraico completo para peitoral é choshen mishpat, cuja última  palavra significa “resolução” ou “julgamento” Segundo uma abordagem, esse nome reflete a clareza atingida do Alto através do peitoral (como descrito acima). Alternativamente, ao vestir o peitoral, o Sumo Sacerdote iniciava a divina expiação para o pecado da justiça pervertida, que pode ter ocorrido no sistema da corte.14 O peitoral inspirou o nome para a seção da lei judaica devotada a questões jurídicas, conhecidas como Choshen Mishpat.

As Doze Pedras
Há muita disputa sobre a exata identidade das doze pedras mencionadas na Escritura como adornando o peitoral, bem como qual tribo estava inscrita em qual pedra. Segue uma das 30 opiniões.15 (As colunas estão arranjadas da direita para a esquerda, seguindo a direção da escrita hebraica.

      
Barekes (Carbúnculo) Levi Pitdah (quartzo) Shimon Odem (Rubi) Reuven
Yahalom (Pérola) Zebulun Sappir (Safira) Issachar Nofech (Esmeralda) Yehudá
Achlamah (Cristal) Gad Shevo (Turquesa) Naftali Leshem16 Dan
Yashpeh (Jásper) Benjamin Shoham (Ônix) Yossef Tarshish (Crisólito) Asher

O Peitoral em Hebraico

Muitos comentaristas focam no relacionamento entre cada pedra e a tribo cujo nome estava inscrito sobre ela, associando a cor e outras qualidades da gema com as virtudes da respectiva tribo. Na verdade, quando os judeus viajaram pelo deserto do Egito a caminho da Terra Prometida, a bandeira transportada por cada tribo era idêntica à cor de sua pedra.17 Eis aqui uma abordagem:18

Rubi e Reuven
Reuven pecou ao transpor os leitos de sua mãe Lea e a concubina de seu pai, Bilá.19 A cor vermelha do rubi representa a vergonha que Reuven sentiu quando admitiu seu erro.

Prase e Shimon
A tribo de Shimon pecou com as filhas de Moab e Midian,20 fazendo suas faces ficarem pálidas, adotando o tom esverdeado de prase.

Carbúnculo e Levi
A tribo de Levi devotou-se a transmitir os ensinamentos de D'us aos seus irmãos.21 O reflexo brilhante do carbúnculo simboliza a radiância espiritual da Torá.
Esmeralda e Yehuda
A cor verde da esmeralda é reminiscente da pálida aparência de Yehuda quando seu pai suspeitou incorretamente de ele ter assassinado Yossef. A radiância da pedra representa a face brilhante de Yehuda quando mais tarde seu pai o louvou por salvar Yossef da morte.22

Safira e Issachar
A tribo de Issachar era famosa pela sua grandeza no estudo de Torá. Portanto eles são associados com safira, o material do qual as Duas Tábuas foram formadas.

Pérola e Zebulun
A tribo de Zebulun engajou-se no comércio, conquistando grande riqueza. A pérola branca se assemelha à cor das moedas de prata.

Leshem e Dan
As riscas dentro do leshem parecem semelhantes a uma face humana vista por trás. Isso alude à conduta “traseira” da tribo de Dan ao fazer uma imagem idólatra.23

Turquesa e Naftali
Antigamente, a turquesa era geralmente carregada por membros da cavalaria. A proximidade entre o cavaleiro e o seu cavalo é associada com o nome Naftali, que em hebraico está associado à conexão.

Cristal e Gad
Assim como cristais são minerais largamente difundidos, as tribo de Gad era numerosa e bem conhecida.

Crisólito e Asher
O crisólito tem a complexidade do azeite de oliva, uma substância encontrada em abundância na terra da tribo de Asher.

Ônix eYossef
As letras do nome hebraico para ônix, shoham, podem ser rearranjadas para escrever Hashem (“o Nome”), uma forma comum de referir-se a D'us. Isso alude ao bem sucedido Yossef ao cumprir a Torá, mesmo estando na casa de Potifar.24

Jaspe e Benjamin
Após a venda de Yossef como escravo pelos seus irmãos, Beniamin– que não estava presente na hora – deliberou se deveria ou não revelar o destino de seu irmão ao seu pai, Yaacov.25 Esse diálogo interno de ida e voltac está refletido nas numerosas cores do jaspe.

O Peitoral: Um Olhar Mais Profundo

Fontes cabalísticas explicam que o Sumo Sacerdote, o representante da nação no Templo Sagrado, era capaz de efetuar uma mudança positiva dentro do povo através de seu serviço. As vestes que usava também possuíam grande energia espiritual e influência.

Pedras preciosas são matéria inanimada, porém brilham e transmitem radiância. As pedras do peitoral portanto permitiam aos judeus refinar suas grosseiras almas animalescas e fazê-las brilhar. Similarmente, palavras de prece podem, por si mesmas, ser “inanimadas”, mas ao imbuí-las com sentimento, cada palavra se torna uma pedra reluzente.

Como vimos, as pedras específicas refletem o caráter único de cada tribo. Isso destaca como cada indivíduo é distinto, e, ao empregar o esforço apropriado, pode atingir as alturas de seu potencial único.26