1 – Oito Noites =Milagre das Luzes

A cerimônia, aberta a todos, atrai milhares de pessoas a cada ano para a Chanukyia acesa na frente da Casa Branca. (Foto: Baruch Ezagui)
A cerimônia, aberta a todos, atrai milhares de pessoas a cada ano para a Chanukyia acesa na frente da Casa Branca. (Foto: Baruch Ezagui)

Por que Chanucá dura oito noites? O Talmud pergunta e responde:

Os sábios ensinaram: Em 25 de Kislev, os dias de Chanucá são oito. Não se pode louvar sobre eles, e não nem jejuar durante eles. Isso é porque quando os gregos entraram no Santuário, eles profanaram todos os óleos que estavam no Santuário. E quando a monarquia chasmoneana os dominou e saiu vitoriosa sobre eles, eles procuraram e encontraram apenas um pote de óleo que permanecia com o selo do Sumo Sacerdote. E ali havia óleo suficiente para acender o candelabro apenas durante um dia. Um milagre aconteceu, e eles acenderam o candelabro durante oito dias. No ano seguinte, os sábios instituíram aqueles dias e os tornaram dias festivos com a recitação do Halel e preces de agradecimento.1

Porém há mais. Sete representa tudo que é encontrado dentro desse mundo. Há sete dias da semana, sete planetas clássicos e sete notas musicais. Na verdade, o próprio mundo foi criado em sete dias. Então há o número oito, que representa o que está acima, que não se encaixa nos espaços que guardam os pedaços e peças das nossas vidas. O número oito evoca o transcendente e o Divino. Oito é o número dos milagres.

2 –Luz Após a Escuridão

O artista Dominic Alves capturou essa imagem em Chanuca, em meio a neve, em Brighton, Reino Unido.
O artista Dominic Alves capturou essa imagem em Chanuca, em meio a neve, em Brighton, Reino Unido.

As velas de Chanucá devem arder após o cair da noite, pois seu objetivo é trazer luz à escuridão. Mas elas precisam ser acesas suficientemente cedo para que alguém que esteja perto as veja. As luzes precisam ser vistas para poderem cumprir sua missão; a de lembrar aos outros do grande milagre que D'us realizou.

3 – A Festa Silenciosa

Arte de Sefira Lightstone
Arte de Sefira Lightstone

Chanucá é a única festa judaica não mencionada nos 24 livros da Torá. Isso se deve porque o canon foi selado pelos Homens da Grande Assembléia, que floresceu dois séculos antes do milagre de Chanucá. Também não há um tratado no Talmud que discuta suas observâncias. Em vez disso, tem uma menção no Tratado Shabat. No contexto da discussão sobre as velas do Shabat, as velas de Chanucá (e por extensão, a festa de Chanucá) têm seu tempo no sol talmúdico.

4 – Antes Que Houvesse Batatas Havia... Queijo!

Hoje, há um costume bem divulgado de apreciar latkes de batata em Chanucá, pois o óleo em que são fritas nos lembra do milagre das chamas na menorá do Templo ardendo por oito dias. Mas há um costume mais antigo de comer panquecas de queijo em Chanucá, que é reminiscente da refeição de laticínios com que a corajosa Yehudit alimentou o general grego antes que ela o decapitasse durante seu sono, salvando sua aldeia. Aparentemente esses latkes de queijo mudaram para latkes de batata (batatas não eram conhecidas no Mundo Antigo até o século 16), dando origem a um novo costume.

5 – Você Acende uma Menorá de Hilel

Uma chanukyiá acesa na oitava noite de Chanuca
Uma chanukyiá acesa na oitava noite de Chanuca

Nos dias do Talmud, havia duas importantes academias de estudo: Hilel e Shamai. A Casa de Hilel ensinava que em toda noite de Chanucá acrescentamos outra vela – como fazemos hoje. A Casa de Shamai, porém, afirmava que começamos com oito luzes na primeira noite e acendemos uma chama a menos a cada noite, terminando Chanucá com uma única chama.2 Tentado a seguir o costume de Shamai? Ainda não chegou a hora para proceder dessa forma. A tradição nos diz que quando Mashiach vier, seguiremos as regras da Casa de Shamai, Mas até lá, há uma linda lição a ser aprendida com o modelo de Hilel. Acrescente mais luz a cada noite. Cada porção de de luz se soma criando algo ainda mais brilhante.

6 – Sírios, Gregos, Helenistas ou Yevanim?

Arte de Sefira Lightstone
Arte de Sefira Lightstone

Às vezes ouvimos sobre os gregos, sírios ou até helenistas na história de Chanucá. Então quem eram exatamente os intrusos que foram expulsos pelos Macabeus? Todos os acima! Após a morte de Alexandre o Grande, seu império foi partido: o império grego selêucida foi baseado na síria, e o império ptolomaico tinha sua base em Alexandria, no Egito. Os soldados colocados na Judéia pertenciam aos gregos sírios. E quem são os Helenistas e os Yevanim? O mesmo povo: Hela é a palavra grega para Grécia, e Yavan é como falamoss em hebraico.

(Agora, apenas para tornar as coisas um pouco mais confusas, houve também os judeus helenizados, ou “Mityavnim” em hebraico, que se colocaram ao lado dos Gregos/Yevanim/Helenistas/Sírios/Selêucidas e apresentaram uma ameaça ainda maior à sobrevivência da vida judaica tradicional.)

7 – Chanukyiot em Todo Lugar

No primeiro Chanucá, as velas foram acesas no pátio do Templo Sagrado em Jerusalém. Isso trouxe a luz de Chanucá do Santuário interior do Templo, o local mais sagrado na terra, para fora, a céu aberto. Como os judeus continuaram a observar Chanucá em todo o mundo, as ondas de santidade continuam a aumentar e se expandir.

8 – Muitas Escolhas

A maioria das festas judaicas começa somente em apenas quatro dos sete dias da semana. Por exemplo, o primeiro dia de Rosh Hashaná pode ser segunda, terça, quinta ou Shabat - nunca domingo, quarta ou sexta-feira. Porém como o mês precedendo à Chanucá (Cheshvan) pode ter 29 ou 30 dias, Chanucá realmente pode começar em qualquer dia da semana além de terça-feira.

9 – Os Macabeus Eram Realmente Tão Notáveis?

Arte de Sefira Lightstone
Arte de Sefira Lightstone

Qualquer criança que frequenta a pré-escola judaica pode lhe dizer que os heróis da história de Chanucá são os Macabeus, o clã que liderou a corajosa insurgência contra os invasores gregos. Mas nem tudo foi bom. Yehuda Macabeu, e sua família eram cohanim, membros da tribo sacerdotal escolhida por D'us para ministrar no Templo Sagrado. Os sucessores de Yehuda Macabeu pegaram o reinado para si mesmos, algo que por direito pertencia aos descendentes do Rei David da Tribo de Yehuda. Na verdade, não demorou muito até que a monarquia da Judéia fosse derrotada numa série de capturas intermináveis e intriga sangrenta, com rei após rei tentando imitar os mesmos gregos que seus ancestrais tinham expulsado da terra.

10 – Chanucá na Russia

Na maior parte de sua vida, Avraham Genin acendia a chanukyiá na privacidade de sua própria casa, ou na sinagoga. Ex-soldado do Exército Vermelho, ele perdeu o pé por uma bomba alemã. Mas isso não o impediu de caminhar até a sinagoga toda semana – um esforço que levava uma hora e meia. Um chassid resoluto que se recusava a curvar-se para Stalin e seus comparsas, ele atuou bravamente como mohel e professor de Torá, um farol de luz nem uma era comunista sem D’us.

Mas então aconteceu o impensável. Em Chanucá de 1991, aberturas tinham se formado na Cortina de Ferro e, na presença de cerca de 6.000 judeus, Avraham Genin acendeu uma chanukyiá gigante dentro do Palácio dos Congressos do Kremlim. (Esse foi o segundo ano em que uma grande chanukyiá pública tinha sido acendida na União Soviética; no ano anterior, uma chanukyiá tinha sido colocada perto da Casa Branca da Rússia.) Acendimentos públicos durante a festa de Chanucá tornou-se comum na vida judaica russa desde então.

11 – Chanuca no Espaço

Em dezembro de 1993, o ônibus espacial Endeavour foi enviado ao espaço para um consertar o telescópio espacial Hubble. Um dos astronautas a realizar corajosamente uma caminhada no espaço para consertar o telescópio foi Jeffrey Hoffman. Sabendo que estaria no espaço durante Chanucá, Hoffman assegurou de levar junto um dreidel e uma chanukyiá de viagem de forma que pudesse celebrar (por causa da falta de gravidade e preocupações de segurança, não havia como acender velas).

Então, através de comunicação ao vivo via satélite, ele mostrou seus objetos de Chanucá, deu uma girada em seu dreidel no ar, e desejou aos judeus do mundo todo um feliz Chanucá.

12 – Sua Chanukyiá está na Entrada de Casa ou na Janela?

O costume mais comum (fora de Israel) é acender a chanukyiá em uma janela. Nos tempos mishnaicos, porém, ela era colocada do lado de fora, sobre o lado esquerdo da porta vindo da rua.

Isso levou a uma lei única. Normalmente se uma pessoa colocou uma vela na rua, e um burro com palha passasse perto demais, o dono da vela seria responsável pela resultante conflagração. Em Chanucá, porém, ele estaria isento porque estava cumprindo uma mitsvá.

Por que a chanukyiá era colocada no lado esquerdo da porta? Porque a mezuzá é colocada no lado direito. Com a mezuzá em um lado e a chanukyiá no outro, você está literalmente cercado por santidade.

As duras realidades da diáspora, tanto sócio-política quanto metereológica, forçaram a chanukyiá a um batente no lado de dentro, e algumas comunidades adotaram o costume de colocá-la na janela. Mesmo hoje, muitas pessoas (incluindo Chabad) preferem acender na entrada principal de casa, cercando-se com as mitsvot da mezuzá e da chanukyiá, assim como nos tempos antigos.

13. Como Chanuca Tornou-se Pública em Três Anos

O propósito da chanukyiá é espalhar a consciência para o maior número de pessoas possível. Essa também é a razão pela qual ela é acesa nas sinagogas todas as noites. Nos últimos anos, a mitsvá de Chanuca se propagou mais ainda.

Moshe Hecht com alunos na New Haven Hebrew Day School em Connecticut, 1987.
Moshe Hecht com alunos na New Haven Hebrew Day School em Connecticut, 1987.

Durante Chanucá de 1973, alguns estudantes da yeshivá Chabad-Lubavitch estavam planejando ir para Manhattan para distribuir chanukyiot. Eles achavam que se pudessem colocar uma chanukyiá grande no topo de um carro, muito mais pessoas poderiam ser atraídas e se aproximar quando então receberiam as chanukyiot que estavam distribuindo. Usando sobras de madeira e blocos de concreto, eles conseguiram fazer uma chanukyiá grande e a ataram no teto de uma perua. A chanukyiá acabou sendo um sucesso.

Em 1974, Rabi Abraham Shemtov teve a ideia, fora do comum, de acender uma chanukyiá bem em frente ao Independence Hall, que abriga o Liberty Bell, ícone da liberdade americana.

Em 1975, Rabi Chaim Drizon de Chabad em S. Francisco fez arranjos para acender uma chanukyiá enorme de madeira na Union Square. Bill Graham – uma criança sobrevivente do Holocausto e famoso promotor de música – doou fundos para a construção da chanukyiá mahogany com 6 metros de altura. Até hoje, é chamada chanukyiá Bill Graham.
Em 1975, Rabi Chaim Drizon de Chabad em S. Francisco fez arranjos para acender uma chanukyiá enorme de madeira na Union Square. Bill Graham – uma criança sobrevivente do Holocausto e famoso promotor de música – doou fundos para a construção da chanukyiá mahogany com 6 metros de altura. Até hoje, é chamada chanukyiá Bill Graham.

Em 1975, Rabi Chaim Drizon de Chabad em S. Francisco fez arranjos para acender uma chanukyiá enorme de madeira na Union Square. Bill Graham – uma criança sobrevivente do Holocausto e famoso promotor de música – doou fundos para a construção da chanukyiá mahogany com 6 metros de altura. Até hoje, é chamada chanukyiá Bill Graham.

Hoje emissários do Chabad promovem o acendimento de milhares de chanukyiot gigantes em locais públicos em centenas de países ao redor do mundo. Carros com chanukyiot em seus capôs desfilam por ruas e bairros divulgando Chanuca todos.