Qual foi o pecado de Côrach, retratado no início da parashá que leva o seu nome?

A chassidut explica que o pecado dos espiões relatado na porção da Torá da semana passada foi que eles argumentaram que o principal é a intenção e o espiritual, porém Moshê nos ensinou que no judaísmo o principal é a ação que relaciona o espiritual com o material. Mas Côrach ao escutar isto, foi ao extremo oposto dizendo:"se o principal é a ação, para que a intenção?!"

E assim ele começou a frisar somente a importância da ação, falando que a intenção era desnecessária. No entanto, a intenção não pode ser desprezada, pelo contrário, é essencial! Somente por meio dela podemos cumprir uma mitsvá de forma completa e perfeita. Uma pessoa que cumpre algo sem coração (intenção), provavelmente perderá totalmente o entusiasmo de continuar a cumprí-la.

No final da nossa Parasha é descrita a mitsvá de dar o melhor da trumá para os cohanim e leviim que trabalhavam no Templo Sagrado. Mas qual é a sua conexão com o episódio de Côrach?

Há uma diferença prática entre alguém que faz algo com verdadeira intenção e aquele que faz simplesmente por obrigação. O primeiro dará o que possuí de melhor, sem lamentar-se, mas com júbilo genuíno. Diferente daquele que não nutre este sentimento e oferece o mínimo somente para cumprir com a sua obrigação e tirar o peso sobre seus ombros. Ou seja, o final da parashá é o concerto do pecado de Côrach, se a intenção é desnecessária, ele não daria da sua melhor parte ao Cohen e sim, o mínimo possível.

Há mais uma explicação, de acordo com a chassidut. Côrach achava que os tsadikim, justos, deveriam se afastar da comunidade a fim de se dedicarem somente à conexão com D’us e desta forma terem uma elevação espiritual. Argumentava que o envolvimento com a comunidade iria atrapalhá-los no serviço de santidade.

Este também é o motivo pelo qual a parashá descreve os presentes dados aos Cohanim e Leviim, em direção oposta a Côrach. Eles simbolizam a ligação permanente que temos que manter entre o sagrado e o mundano. Desta forma teremos capacidade de cumprir as mitsvot com todo o ‘equipamento’ com o qual fomos dotado: pensamento, fala e ação… no coração e na prática!