A porção desta semana da Torá, Côrach, discute a controvérsia de Côrach com Moshê. Embora infeliz e desapontado pelo sacerdócio ter sido dado a Aharon e seus filhos, e por ele não ter sido designado como chefe de sua família, estes motivos não foram suficientes para incitar Côrach a guerrear contra Moshê.

A rebelião de de Côrach irrompeu somente depois do incidente dos espiões. Por que esta foi a última gota?

A alegação dos espiões foi que para permanecer perto de D’us era necessário que os judeus ficassem no deserto. Eles não queriam entrar na Terra porque temiam que o envolvimento num estilo de vida físico seria prejudicial para sua espiritualidade. Moshê os corrigiu neste ponto, dizendo que “a ação é o mais importante”. A meta é o cumprimento das mitsvot (mandamentos), o que somente poderia ser feito no mundo físico da Terra de Israel, não na atmosfera apreciada pelos judeus no deserto.

A resposta de Moshê foi o que fez Côrach rebelar-se abertamente contra ele. Côrach certamente sabia que tanto no estudo de Torá quanto em estatura espiritual, Moshê e Aharon estavam muito acima do restante da congregação. Porém quando Côrach soube por Moshê que o mais importante não era a realização espiritual, mas as ações em si, ele disse: “Por que se mantém acima de nós? Se a ação é o mais importante, então você e eu, e todo e qualquer judeu – não importa quem seja ele – cumprimos as mesmas mitsvot! Como você é maior que nós, para ser nosso líder?”

Assim, Côrach repetiu o mesmo equívoco dos espiões; os dois enganos se originaram num entendimento falho da verdadeira natureza das coisas. Os espiões erroneamente enfatizaram a importância da espiritualidade, a exclusão do físico, e Côrach alegou que o desempenho físico das mitsvot tinha precedência e negava a necessidade de envolvimento espiritual. Côrach e os espiões deixaram de ver que os dois aspectos são importantes e dependem um do outro.

D’us deseja que tenhamos ambos; as intenções espirituais adequadas e o cumprimento das mitsvot em si. Ter as intenções adequadas infunde a mitsvá com vida e força. Devemos estar espiritualmente conectados com D’us e ao mesmo tempo ser cuidadosos para cuidar de todos os menores detalhes físicos dos mandamentos. Estes dois aspectos de observância religiosa englobam um todo unificado da mesma maneira que os seres humanos são formados tanto de corpo quanto de alma. Um sem o outro não é suficiente.

Os espiões não entendiam que a espiritualidade deve acompanhar o físico, e o pecado de Côrach foi que ele não entendeu que “uma mitsvá sem a correta intenção é como um corpo sem alma.” A correta conexão espiritual com D’us é parte integrante de nosso cumprimento de mitsvot.