Segundo os ensinamentos místicos do Zohar, "ushpizin" (hóspedes) celestiais visitam a sucá na Festa de Sucot. São eles: Avraham, Yitschac, Yaacov, Moshê, Aharon, Yossef e David (Salomão). A cada dia, um desses tsadikim é o convidado "principal", que traz consigo os outros. Na primeira noite de Sucot, o ushpiz "principal" é Avraham.

Nosso ancestral Avraham era famoso por sua perfeita "hachnasat orchim" (hospitalidade). De fato, o Talmud deriva de Avraham que "Ter hóspedes é melhor que saudar a Divina Presença". (A Torá relata que quando D’us visitou Avraham após seu brit milá, ele apressou-se em introduzir em sua tenda o que pensou serem convidados humanos, mas na que verdade eram anjos). Se foi assim que Avraham agiu antes que a Torá fosse outorgada, procurando até aqueles que tinham aparência de "Árabes que se curvam até para a poeira de seus pés" como convidados, muito mais devemos nos esforçar para imitar sua hospitalidade depois da Outorga da Torá e no que diz respeito a nossos irmãos judeus.

Na verdade, o conceito de hospitalidade é uma descrição muito apropriada de nosso Divino serviço no exílio, quando todo o povo judeu é comparado a um "convidado". Nossos Sábios caracterizam o exílio como um período no qual os judeus são como "crianças que foram exiladas da mesa de seu Pai". O lugar natural e de direito para um judeu é à "mesa" de D’us; durante o exílio ele não está em seu "habitat" natural, e portanto é um hóspede em território estrangeiro.

Por que D’us criaria uma situação tão fora do natural? Por causa da qualidade e vantagem especiais do serviço Divino dos judeus durante o exílio. Este serviço é tão importante e amado por D’us que Ele desejou transformar Seus filhos em "hóspedes".

Dizem Nossos Sábios: "D’us fez um favor a Israel ('tsedacá', do radical que significa justiça) que Ele o dispersou entre as nações." A verdadeira razão para a Diáspora não foi punição, mas "tsedacá" – preencher um propósito positivo e objetivo. D’us desejava que os judeus imbuíssem todo local com santidade como preparação para a Era Messiânica, quando o mundo inteiro será Sua "morada".

O Báal Shem Tov (que é também o "ushpiz chassídico" na primeira noite de Sucot) disse algo semelhante no versículo em Tehilim: "Os passos do homem são ordenados por D’us", explicando que onde quer que um judeu esteja, ele deveria saber que isso não é "por coincidência", mas que D’us o levou ali deliberadamente, para um propósito Divino.

É exatamente por meio de nosso serviço no exílio que mereceremos "saudar a Divina Presença" no sentido pleno com a Redenção definitiva, quando "a glória de D’us será revelada", com felicidade e alegria no coração.