"Levante-se, Balac, e ouça, escute-me, Oh filho de Tsipor."

Não trate levianamente minha profecia, Balac. Você não deve permanecer sentado enquanto ouve as palavras de D'us. Levante-se e fique de pé!

"D'us não é um homem, para que Ele seja falso, nem um ser humano que Se arrependa."

Um homem às vezes faz uma promessa, e mais tarde recusa-se a cumpri-la, ou arrepende-se de tê-la feito. D'us, contudo, mantém Sua palavra. Ele prometeu aos patriarcas que Ele levaria os judeus a Terra de Israel e lhes daria sua posse. Você acha que Ele quebraria Sua promessa e deixaria você destrui-los no deserto?

Da bênção de Bilam podemos apreender a maldição que desejava pronunciar: que D'us deveria quebrar a aliança que selou com os patriarcas, e não levar o povo para a Terra Santa.

"Acaso Ele falou e não o fará, ou Ele disse e Ele não o cumprirá?"

Essas idéias são formuladas como questões retóricas (em vez de afirmações, "Se Ele disse, Ele certamente o fará...") para sugerir que, de fato, há épocas em que D'us não cumpre Sua palavra: Se Ele decreta algo de mal sobre o povo, e este se arrepende depois, Ele anula Seu decreto. Porém, quando se trata de uma bênção do Todo Poderoso, esta é irrevogável.

"Vejam, eu recebi as bênção, Ele abençoou, e eu não posso retirar."

Em seu íntimo, Bilam implorava a D'us para não compeli-lo a pronunciar mais bênçãos, porém sua verdadeira fala admitia que estava em poder de D'us.

"Ele não viu iniqüidade em Yaacov, e nem viu Ele algo errado em Israel."

Bilam tentava desesperadamente encontrar defeitos nos judeus. Todavia, a geração que chegou a Israel era uma geração de tsadikim, e desta forma foi forçado a admitir que não conseguiria encontrar pecadores entre eles.

"D'us, seu D'us, está com eles, e a Shechiná do Rei está com eles."

Você, Balac, disse-me para amaldiçoar os judeus com meus poderes de impureza. Como posso amaldiçoar um povo cujo D'us está constantemente em seu meio, e os guarda e protege? Um ladrão pode conseguir entrar num vinhedo e arrancá-lo enquanto o proprietário está dormindo; mas "O Guardião de Israel não dorme nem dormita. " (Tehilim 121:4). Como, então, posso prejudicar os judeus?

Ao ouvir as palavras de Bilam, Balac perguntou: "Será possível que suas maldições são ineficazes por causa do poder de seu atual líder, Moshê? Talvez você deva atrasar os efeitos da maldição para a época depois da morte de Moshê, quando os judeus serão guiados por outro líder?"

"Impossível," replicou Bilam. "O sucessor de Moshê, Yehoshua, batalhará contra os inimigos tão vigorosamente quanto Moshê. Quando tocar trombetas perante D'us, os muros de Jericó esfacelar-se-ão e desmoronarão!"

"D'us tirou-os do Egito com o poder da Sua elevação."

Você, Balac, disse-me: 'Veja, um povo saiu do Egito." Estas palavras não eram acuradas. O povo não poderia ter deixado o Egito sozinho, mas deve ter sido tirado de lá por D'us de maneira sobrenatural. Eu, Bilam, enfeiticei todas as fronteiras do Egito com meus poderes mágicos, a fim de impedir a fuga dos escravos hebreus. Não obstante, minha feitiçaria foi ineficaz, pois D'us, Ele próprio tirou-os de lá.

"Pois não há adivinhações em Yaacov, tampouco há qualquer feitiçaria em Israel."

Este versículo pode ser compreendido de duas maneiras:

1. Nenhuma adivinhação é efetiva contra Israel (uma vez que D'us está em seu meio); portanto, as ferramentas de magia que os sábios de Midyan trouxeram a mim são completamente inúteis. Pois, diferente das nações, este povo não é regido por anjos encarregados, mas estão sob Supervisão direta de D'us.

Quando meu avô Lavan estava sequioso por destruir seu patriarca Yaacov com sua artes mágicas, D'us não deixou que tivesse êxito. Similarmente, não posso derrotar os descendentes de Yaacov.

2. Não poderão ser encontrados adivinhos e feiticeiros entre os judeus. Não praticam magia como as outras nações, porém consultam D'us diretamente, através de seus profetas, e através da placa peitoral do Sumo-sacerdote. Portanto, este grande povo certamente merece ser abençoado.

"Chegará uma época na qual dirão a Yaacov e a Israel: 'O que D'us operou?'"

1. Na época de Mashiach, D'us realizará milagres para os judeus, que ultrapassarão todos os que foram feitos no passado. As nações gentias então virão e indagarão aos judeus sobre os grandes feitos de D'us.

2. Na era que se seguirá à ressurreição dos mortos, o amor de D'us pelo povo judeu se tornará evidente a todos. D'us, pessoalmente, será seu professor de Torá. Os tsadikim sentar-se-ão na frente de D'us como estudantes ante seu mestre, e Ele lhes revelará os profundos significados da Torá.

3. Não será permitido aos anjos entrarem, porém precisarão perguntar aos judeus: "O que D'us te ensinou?"

"Vejam, o povo levantar-se-á como um filhote de leão, e se levantará como um leão."

1. Este povo ergue-se tão forte quanto um leão, e não descansará até ter destruído seus inimigos e tomado os espólio de Canaã.

2. Não há nação na terra que serve o Criador com tanta energia quanto o povo judeu. Quando um judeu se levanta de manhã, ele se fortalece como um leão para agarrar as mitsvot, para vestir tsitsit e tefilin, e para recitar o Shemá na hora certa.

"Não se deitará até que tenha comido de sua presa, e beba o sangue da caça."

1. Bilam predisse que Moshê não faleceria antes de vingar-se dele e dos cinco reis midyanitas.

2. Um judeu não se deita à noite até ter recitado o Shemá. Ao pronunciar as palavras: "D'us é Um," reconhecendo assim que não há outro poder que o Todo Poderoso. D'us destrói agentes prejudiciais.

Depois de aprender da segunda profecia de Bilam que os judeus conquistariam Canaã e matariam os reis das nações, Balac aconselhou Bilam: "Melhor ir para casa em silêncio! Não preciso nem de suas maldições, nem de suas bênçãos!"

Bilam replicou: "Já não lhe disse que preciso seguir as instruções de D'us?"

Balac decidiu fazer mais uma tentativa. "Afinal de contas," pensou, "Sei que esta nação não é invencível. Foram atacados, no passado, pelos amalequitas e canaanitas. Mesmo que eu não consiga destrui-los totalmente, ou impedi-los de entrar em Canaã, deve haver algum modo de prejudicá-los."

Balac levou Bilam a um local diferente, onde, no futuro, os judeus adorariam o ídolo Báal Peor. Balac previu que os judeus seriam punidos lá, mas era incapaz de adivinhar detalhes. Pensou: "Talvez sua punição será o resultado da maldição de Bilam."

Balac e Bilam ergueram novamente sete altares e ofereceram um touro e um carneiro sobre cada um.

Desta vez, Bilam não tentou utilizar seus poderes de impureza, uma vez que admitira em sua última profecia que os judeus eram imunes à mágica. Em vez disso, concentrou seus poderes em seus pecados. Virou sua face em direção ao deserto, para lembrar D'us do pecado do bezerro de ouro. Não obstante, ao erguer os olhos, percebeu que a Shechiná pairava sobre as tendas dos israelitas. Soube então que D'us perdoara seu pecado.

Em honra ao povo judeu, o espírito de profecia penetrou Bilam. D'us forçou-o a pronunciar novas bênçãos.