À noite, D'us apareceu a Bilam e falou com ele.

Em honra aos judeus, Bilam recebeu uma profecia, mesmo sendo um perverso. Geralmente, Bilam percebia D'us através de seus poderes de feitiçaria. Agora, pela primeira vez, D'us concedeu-lhe uma visão profética através do espírito sagrado de profecia. Apesar do impuro Balac não ser merecedor de elevação, D'us concedeu-lhe uma visão profética em honra aos judeus. Às vezes, D'us revela-Se aos perversos por causa dos tsadikim. Assim, Ele falou a Lavan num sonho profético em prol de Yaacov; e ao rei filisteu Avimêlech pelo mérito de Avraham.

Mesmo assim, D'us não falou com Bilam da mesma forma como falava com os profetas judeus. Mandou uma nuvem que O separava de Bilam, que não podia ver o esplendor da Shechiná (Presença Divina).

D'us perguntou a Bilam: "Quem são esses (perversos) homens que estão com você?"

Esta pergunta era um teste para Bilam, que deveria ter respondido: "Mestre do Universo, Você é Onisciente; Você não precisa me perguntar quem são."

Porém, fervia de desejo de amaldiçoar os judeus, Bilam interpretou mal a pergunta de D'us, como uma indicação de que Ele não está sempre consciente do que acontece nesta terra. "Nesses momentos," pensou, "minhas maldições podem realizar-se."

Respondeu arrogantemente: "Balac filho de Tsipor, rei de Moav, enviou-os a mim para pedir-me que amaldiçoe os judeus. (Veja como até mesmo os reis procuram minha ajuda!)."

D'us desorientou Bilam propositadamente, colocando-lhe uma pergunta ambígua como punição, por Bilam ter desviado sua geração.

Bilam, entre outros males, inovou antros de apostas e casas de prostituição.

Antes da época de Bilam, as nações gentias mantinham oficialmente um certo padrão de decência, reconhecendo que imoralidade fora uma das razões para que o Dilúvio destruísse o mundo. Bilam, ele próprio entregando-se as mais baixas formas da lascívia, ensinou à humanidade como indulgir na imoralidade.

Na noite em que os sábios de Moav hospedaram-se em sua casa, apresentou-os à suas práticas imorais. Assim sendo, D'us retribuiu a Bilam desencaminhando-o.

D'us replicou a indagação de Bilam: "Você não deve ir com esses homens!"

O ardiloso Bilam pensou: "Talvez Ele não queira perturbar-me, um justo, a viajar para um país distante." Indagou, esperançoso: "Devo então amaldiçoar os judeus estando aqui?"

"Não," replicou D'us, "você não deve amaldiçoá-los de lugar algum."

Bilam indagou: "Se assim é, deixe-me, em vez disso, abençoar os judeus" (e uma bênção em momento não oportuno equivale a uma maldição).

"Eles não necessitam de sua bênção," respondeu D'us. "São abençoados através de seus patriarcas, e Eu os abençôo diariamente, sancionando a bênção sacerdotal."

Na manhã seguinte, Bilam anunciou: "D'us não me permite ir com vocês". Bilam queria dar a impressão de que D'us havia lhe proibido ir porque era abaixo de sua dignidade acompanhar pessoas de tão pouca importância; ele só podia viajar com ministros ou reis. Ele não admitiu que D'us havia lhe proibido de amaldiçoar os judeus.

Quando Balac ficou sabendo da resposta de Bilam, disse: "Bilam não está satisfeito com minha oferta. Devemos oferecer-lhe mais riquezas e honras!"

O rei Balac escolheu uma nova delegação. Estes eram príncipes de alta estirpe real. Instruiu-os a dizer a Bilam: "Por favor, não se recuse a vir! Balac lhe pagará quantias mais altas pelos seus serviços."

Desta vez, Bilam confessou aos mensageiros: "Não posso transgredir os comandos de D'us, mesmo se Balac oferecesse-me todo o ouro e prata de seus tesouros." De fato, o ladino Bilam estava indicando a exorbitante taxa que exigiria - toda a fortuna de Balac. "Esta soma não é exagerada," refletiu o ganancioso Bilam. "Muito pelo contrário, sou uma mão de obra barata. Balac contratou-me para aniquilar uma nação inteira. Se não fosse por mim, teria mobilizado e financiado um exército inteiro, o que lhe custaria muito mais que seu tesouro inteiro. Além disso, seu exército poderia não vencer a guerra, enquanto que o êxito de minhas maldições é garantido."

"Pernoitem aqui hoje," disse Bilam aos príncipes moabitas. "Deixem-me ver o que mais D'us me dirá."

Apesar de ter ouvido claramente D'us proibi-lo de amaldiçoar os judeus seu desejo de unir-se a Balac era tão ardente por causa da sua avidez por dinheiro e honra, que fez outra tentativa de obter permissão.

Ao ver a insistência de Bilam, D'us aquiesceu, uma vez que "todo homem é levado pela senda que deseja trilhar."

Uma pessoa deve implorar constantemente a D'us para mostrar-lhe o caminho apropriado a seguir. Não deve presumir que seu caminho atual é necessariamente correto, pois pode jamais descobrir a verdade. Em vez disso, uma pessoa deve buscar esclarecimentos consistentes em todos os assuntos. Se for sincero em seu desejo, receberá ajuda de Cima.

D'us disse: "Perverso, sabe por que Eu quis impedi-lo de unir-se a Balac? Desejei impedir sua morte. Não desejo a morte nem mesmo de um perverso. Se insistir em seguir a trilha da destruição, então vá."

D'us também permitiu a Bilam que vá para que depois não dissesse: "D'us está com medo de minhas maldições. Portanto, Ele não me deixa amaldiçoar Seu povo."

Bilam ficou satisfeito com a resposta de D'us: "Assim como Ele mudou de idéia deixando-me ir," pensou, "Ele ainda mudará de idéia sobre eu amaldiçoar os judeus."