Quando os judeus chegaram às imediações de Moav, os residentes locais tremeram. O rei de Moav ouvira a notícia de que os judeus derrotaram as nações que não lhes deram passagem, vencendo os poderosos gigantes Sichon e Og. Moav também negara permissão para os judeus passarem por suas terras, e era uma nação ainda menor que aquelas já conquistadas pelos judeus.
Apesar deles saberem que a chegada do povo judeu não representava perigo a suas vidas (pois ouviram que D'us proibira Moshê de travar guerra contra Moav), ainda assim, os moabitas apavoravam-se que sua terra fosse saqueada. Também temiam que o povo judeu exterminasse todos os vizinhos a sua volta.
Sobretudo, os moabitas portavam o antigo ódio contra o povo judeu.
O que podiam fazer frente a esse "perigo"? Primeiro, fizeram as pazes com seus vizinhos midyanitas, fazendo uma coalizão para lutar contra os judeus. Depois, elegeram um novo rei, Tsur, que era uma pessoa sábia e forte. Uma vez que Tsur não era de estirpe real, porém um mero nobre, tampouco um moabita nativo, mas um midyanita, não seria elegível para o cargo em tempos normais. Agora, no entanto, sua reputação como poderoso herói de guerra e um mágico superior compeliram sua escolha. Eleito, seu nome passou a ser Balac, e sua tarefa, encontrar uma maneira de vencer os judeus.
Apesar dos moabitas esperarem que organizasse um exército para guerrear, Balac anunciou: "Não faz sentido lutar contra os judeus, porque perderemos. Suas vitórias são extraordinárias! Enquanto lutavam contra Sichon, seu líder conseguiu deter o sol em sua trajetória. Descubramos onde reside seu poder secreto!"
Os moabitas sabiam que Moshê passara anos em Midyan, na casa de Yitrô. Enviaram mensageiros aos sábios de Midyan, indagando: "Revelem-nos como os inimigos podem vencer os judeus. Moshê viveu muitos anos aqui, talvez vocês conheçam o segredo de seu sucesso."
Os sábios responderam: "De fato, Moshê foi nutrido em nosso seio. Um midyanita convidou-o a sua casa, concedeu-lhe a filha em casamento e proveu-lhe dinheiro. Depois de deixar a casa de seu sogro, Moshê destruiu a nação do Egito inteira! Os judeus não precisam de armas ou de um grande exército. Seu poder está em sua palavra. Simplesmente, Moshê pronuncia o Nome de D'us, e seus inimigos morrem. Os judeus vencem as guerras porque oram pela vitória."
"Combata os judeus exatamente com o mesmo método. Nosso conselho é que convoque Bilam, cujo poder da fala iguala-se ao de Moshê."
Os poderes mágicos de Bilam
A fama de Bilam como profundo filósofo e intérprete profissional de sonhos era internacional. Mais tarde, também se tornaria conhecido como mágico de poderosos efeitos. Reis de perto e de longe pagavam-lhe somas fabulosas para pronunciar maldições sobre seus adversários, ou outorgar-lhes bênçãos de sucesso.
Balac estava pessoalmente convencido do poder de Bilam, por que há anos Bilam profetizara que Balac tornar-se-ia rei, e agora, as palavras de Bilam tornaram-se realidade. Além disso, desde que o rei Balac era melhor mágico que todos os habitantes de Moav (que eram todos proficientes nesta arte), ele, mais que qualquer outro, apreciava o domínio de Bilam sobre as forças da impureza.
Balac escolhera convidar Bilam para amaldiçoar os judeus, pois acreditava que estes estavam sujeitos às forças naturais (mazal), como todas as outras nações. (Não se dava conta de que os judeus estão sob a Providência direta de D'us.)
Se o próprio Balac era feiticeiro, por que precisava de Bilam?
De fato, a perícia de um completava a do outro. Balac era instruído em assuntos práticos; por exemplo, podia determinar exatamente onde alguém deveria postar-se para amaldiçoar efetivamente. Bilam possuía as chaves interiores, as palavras apropriadas com as quais amaldiçoar.
A quem os dois podem ser relacionados?
Um (Bilam) era como um cirurgião que podia manejar o bisturi, mas não estava familiarizado com as partes do corpo. O outro (Balac) era como um anatomista que consegue identificar o órgão doente, porém não pode realizar a cirurgia. Juntos, poderiam empreender uma operação.
Similarmente, Bilam sabia a hora exata em que uma maldição pode ser efetiva, e Balac sabia o local de onde deveria ser pronunciada.
O Talmud relata que, todos os dias, há um momento em que D'us fica irado. Isto significa que é justamente nesta hora que Ele julga os pecadores. Evidentemente, aquele que é culpado de transgressão, fica mais vulnerável nesta hora. Bilam tinha o dom de saber exatamente quando ocorriam estes momentos. Uma maldição proferida nestes instantes poderia expor sua vítima ao julgamento Divino.
Balac concluiu: "Que eu convoque Bilam! Juntos, sobrepujaremos o povo judeu."
A magia pode prejudicar um judeu? O Talmud nos conta a seguinte história:
Certa vez, uma bruxa queria matar Rabi Chaniná com magia. Para que a magia surtisse efeito, ela precisava pegar o pó de sob os pés de Rabi Chaniná.
Sem medo algum, Rabi Chaniná disse: "Pegue o pó e comprove! A magia não fará efeito. Sei que 'Não há outro, só D'us!'" Uma vez que Rabi Chaniná tinha plena certeza de que a magia não podia mudar o que D'us ordena, a feiticeira foi incapaz de prejudicá-lo.
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