O neto de Aharon, Pinechas, observava a cena, fervendo de indignação.

Dirigindo-se a Moshê, inquiriu: "Meu tio-avô, você não nos ensinou, ao descer do Monte Sinai, que aquele que coabita com uma mulher gentia pode ser atacado por um devoto?!"

Moshê respondeu: "Aquele que se lembra da lei que seja nosso agente e execute-a!"

"Se eu matar Zimri, na certa os membros de sua tribo me matarão, como vingança. Contudo, D'us espera que eu dê minha vida por Ele."

Pinechas, que trabalhava no Tabernáculo como levi, não estava acostumado ao manejo de armas. Não obstante, pegou uma lança para matar Zimri. Pinechas sabia que estava arriscando sua vida. Zimri era uma pessoa importante, um líder. E a família de Cozbi também vingaria sua morte.

Pinechas ainda hesitava, pois sabia que os membros de Shimon não permitiriam que entrasse na tenda de Zimri, ao redor da qual postaram guardas. A fim de obter entrada, teria de fingir que queria ser admitido porque também tinha propósitos pecaminosos. Então, se matasse Zimri, ou se Zimri o matasse, o povo pensaria que os dois lutaram pela posse de Cozbi. Desta maneira, isto resultaria numa profanação do Nome de D'us ainda maior.

Todavia, suas deliberações chegaram a um repentino fim, pois uma praga começara a afligir o povo. A ira de D'us acendera-se contra os judeus por causa do pecado público de Zimri. Agora Pinechas sabia que precisava agir, a fim de salvar o povo da punição Celestial.

Tomou a lança de Moshê, escondeu a ponta de metal em suas roupas e usou o cabo de madeira como uma bengala. Ao se aproximar da tenda, os guardas lhe perguntaram: "O que você quer aqui?"

Pinechas replicou: "Não sou pior que seu líder. Meu pai, assim como Moshê, casou-se com uma mulher midyanita. Gosto das midyanitas."

Permitiram-lhe que entrasse. Uma vez lá dentro, Pinechas arremeteu a lança contra ambos, Zimri e Cozbi.

D'us realizou doze milagres para proteger Pinechas e demonstrar que este agira corretamente. Por exemplo, a ponta de ferro da lança alongou-se de forma que os dois pecadores foram trespassados juntos. D'us fechou as bocas de Zimri e Cozbi, de forma que não podiam gritar. Se tivessem gritado, membros da tribo de Shimon correriam imediatamente, para matar Pinechas. Eles não expiraram imediatamente, se não Pinechas ficaria impuro. Tampouco sangraram, nem o impurificaram como conseqüência disso. Foi-lhe concedida força extra para erguê-los e mostrá-los ao povo.

Assim que Pinechas matou Zimri a praga cessou.

Quando Pinechas expôs o casal assassinado ao povo, os membros da tribo de Shimon quiseram matá-lo. D'us renovou a praga, e quem quer que atacasse Pinechas, perecia.

Cônscio disso, Pinechas atirou ao chão o casal morto e começou a rezar em prol da tribo de Shimon, como está escrito (Tehilim 106:30): "E levantou-se Pinechas e suplicou." D'us ouviu sua oração, e a praga chegou ao fim.

Similarmente, o ato zeloso de Pinechas impediu a destruição do povo judeu.

Vinte e quatro mil judeus morreram na praga (todos da Tribo de Shimon), comparados aos três mil que foram executados depois do pecado do bezerro de ouro. O pecado em Shitim foi mais grave; uma vez que envolvia imoralidade, além de idolatria, mais que isso, degradou a honra dos judeus, pois cometeram devassidão com mulheres gentias.

Através da história subseqüente de nosso povo, todas as tribos produziram grandes líderes, com a exceção de Shimon. As conseqüências do crime de Zimri em Shitim demonstram o quão seriamente D'us considera o pecado da imoralidade.

Através de seu ato corajoso, Pinechas restaurou a honra de D'us. Ignorou a importância de Zimri, que era um líder, e a de Cozbi, uma princesa midyanita, demonstrando, desta feita, que a honra de D'us está acima de tudo. Sua façanha exemplifica os poderosos resultados que podem ser obtidos até mesmo por um único indivíduo que age em Nome dos Céus.

Pinechas também ensinou aos judeus que para defender a honra de D'us um judeu deve ser corajoso, mesmo que isso lhe seja desagradável ou signifique arriscar sua própria vida.