Com frequência, as pessoas gostam de caracterizar eventos ou experiências como positivas ou negativas. Nosso cérebro prefere a frequência, o positivo e o negativo surgem em maneiras surpreendentes; geralmente, o maior potencial para risco contém o maior potencial para lucro. Quanto mais potente a experiência, mais provavelmente ela pode ser traumatizante ou profundamente enriquecedora.
Uma interessante ilustração desse princípio é a Tzara’at, a misteriosa descoloração, que aparecia, nos tempos bíblicos, no lar judaico na terra de Israel. Como a Torá descreve na porção desta semana: E o Eterno falou com Moshe e Aharon, dizendo: “Quando vocês forem à terra de Canaan, que estou lhes dando por possessão, e Eu coloco uma lesão de Tzara’at sobre uma casa na terra de sua posse...”
A Torá então começa a elaborar sobre os detalhes da descoloração e como, em alguns casos, era necessário remover as pedras descoloridas e em alguns casos, a casa inteira teria de ser destruída.
Rashi, o clássico comentarista da Torá, oferece explicações opostas ao objetivo da Tzara’at. Rashi explica que Tzara’at iria aparecer como um castigo por “Lashon Hara” por falar mal. Porém ele também oferece outra interpretação: Como os amoritas tinham escondido tesouros de ouro dentro das paredes de suas casas durante todos os quarenta anos em que os israelitas estiveram no deserto e através da lesão, ele {o israelita) iria demolir a casa e encontrá-los.
O que devemos fazer com essas explicações opostas?
A Tzara’at é uma indicação de negatividade, um sinal da impureza que deve ser removida, ou é um sinal que aparece para que o judeu tome posse do tesouro escondido atrás da parede?
Rashi nos ensina que as explicações positivas e negativas são ambas verdadeiras. A mesma força que os pagãos usavam para impureza, quando usada corretamente poderia ser, na verdade, um grande tesouro. Na verdade, Amori era o nome da nação que ocultava os tesouros nos muros. A palavra Amori vem da palavra Amor, que significa falar. A Torá está nos alertando sobre o poder da palavra. Poucas coisas podem ser tão destrutivas ou tão construtivas como as palavras ditas.
A Tzara’at foi designada para nos levar a um tesouro. Na verdade, o lar judaico deve ser livre da impureza da fala destrutiva. As pedras que captavam a energia da fala pagã devem ser removidas. Porém remover a negatividade é sempre apenas um primeiro passo, nunca a suprema meta. A Torá nos ensina que o poder da fala deve ser usado para construir, confortar, elevar. As palavras têm uma maneira de atingir profundamente a nós mesmos, libertando os tesouros interiores de nossa alma, e nos permitir entender e nos conectar com as pessoas ao nosso redor. Que possam ser sempre de forma positiva.
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