Certa vez o rabino Simcha Bunim de Pesischitza enviou seus chassidim para visitar um estalajadeiro numa aldeia distante. “Vocês aprenderão algo muito importante com ele”, prometeu o rabino.

Quando os chassidim chegaram à estalagem, seu feliz anfitrião preparou um banquete para eles. Mas eles estavam um pouco hesitantes em participar da refeição. Eles eram muito meticulosos com a cashrut dos alimentos. Perguntavam-se: será que o dono da estalagem mantinha padrões elevados no preparo dos alimentos conforme a lei judaica?

O aroma apetitoso da comida logo começou a se espalhar no ar, e a pergunta tornou-se bastante angustiante: Será que eles poderiam comer?

Com sussurros abafados, eles discutiram o assunto. O estalajadeiro parecia simples, quanto poderia ter estudado? Seria possível para ele conhecer todas as leis? Ele falava naturalmente com seus trabalhadores não-judeus. Talvez isso implicasse que ele também confraternizava com eles em outras ocasiões.

O estalajadeiro não ficou alheio ao barulho frenético da conversa: “Chassidim”, ele disse a eles. “Vocês possuem muito cuidado com o que colocam na boca, mas talvez deveriam ter o mesmo cuidado com o que sai de suas bocas.”


Parashá Emor

A Porção da Torá Emor, significa “falar”, destacando o poder de nossas palavras. Nossos Sábios afirmam: “ Lashon hará (fofoca maliciosa) mata três pessoas: aquele que fala, aquele que ouve e aquele de quem se fala.”

Podemos entender por que o falante e o ouvinte sofrem as consequências. Eles cometeram uma transgressão grave. Mas por que a pessoa de quem se fala deveria ser afetada?

Em resolução, os sábios místicos da Cabala explicam que falar sobre as qualidades negativas de uma pessoa provoca a sua expressão. Embora a pessoa possa nem saber que estão falando sobre ela, o fato de suas falhas de caráter estarem sendo discutidas favorece a revelação de seu caráter falho.

O inverso também é verdadeiro. A menção consistente do bem que uma pessoa possui – e dentro de cada pessoa existem reservatórios insondáveis de bem – facilitará a expressão desse bem na conduta da pessoa.

Olhando para o horizonte

Os conceitos acima aplicam-se a todos os assuntos positivos e, em particular, ao objetivo final do nosso serviço Divino, a era da Redenção. Falar constantemente sobre Mashiach e a Redenção, tornando isso uma realidade em nossas próprias mentes e nas mentes das pessoas que encontramos, ajudará isso a florescer em realização no mundo em geral.

Além de gerar um processo de causalidade espiritual como o descrito acima, falar sinceramente sobre a Redenção pode ter um efeito mais tangível. Para muitos, a Redenção não é de todo um fator nas suas vidas. Alguns podem aceitá-lo como uma crença espiritual, mas mesmo eles não anseiam por isso da mesma forma que anseiam pelas próximas férias; simplesmente não é real. E, portanto, não falam sobre este assunto.

Quando, por outro lado, Mashiach e a Redenção são forças motrizes na vida de uma pessoa, ela falará sobre isso com quem estiver ao seu redor. Os demais responderão com interesse, pois todos buscamos um mundo melhor. E todos nós confiamos que D'us pode nos fornecer bênçãos materiais e espirituais para tornar o mundo melhor. Isto é o que realmente queremos. Então, quando alguém falar da Redenção com convicção, nós ouviremos.