Há muitas maneiras diferentes de se preparar para as Festas que se aproximam. Algumas são entrar em contato com parentes distantes e velhos amigos, comprar roupas novas, preparar cardápios para as fantásticas refeições festivas.

No lado pessoal, mais individual, uma pessoa pode pensar naquilo que conquistou em termos espirituais durante o ano que passou, e em que poderia ter sido melhor.

Conseguiram resolver a briga com a prima Jane? Providenciaram para que as mezuzot fossem conferidas? Levaram a filha Sandra para um acampamento de férias judaico? Após o aumento de salário em fevereiro, aumentaram o valor das doações para caridade? Isso é chamado “balanço da alma”. É uma preparação para Rosh Hashaná, o Ano Novo, quando D'us revisa Sua criação e decide o destino de toda pessoa e cada criatura.

Há também uma outra forma de preparação, vinculada à leitura dessa semana da Torá. Ki Tavo,1 que inclui um assustadora descrição do sofrimento e exílio. O baal koreh (leitor da sinagoga) que lê na Torá recita essa seção muito rapidamente, num tom baixo. É uma declaração do trágico resultado se desobedecermos a D'us, como um povo. É lido também pouco antes de Rosh Hashaná.

Há uma seção semelhante na Torá lida pouco antes da festa de Shavuot no início do verão.2 O Talmud explica que o objetivo é livrar-se de tudo que é negativo antes da Festa.3 Devemos portanto assegurar que os versículos aparentemente sombrios da Torá ficaram para trás. Os ensinamentos chassídicos acrescentam a isso um nível extra de significado: em cada caso esses versículos sérios e perturbadores nos purificam, eliminando tudo que é negativo, preparando-nos para a bela experiência que está a ponto de ocorrer durante a celebração das Grandes Festas. Alguém consegue medir a intensidade dessa experiência positiva? Num certo sentido, sim. Shavuot celebra a Outorga da Torá. É um evento no qual D'us nos foi revelado do Alto, mas nosso nível de participação foi relativamente fraco. Na verdade, é por isso que pudemos cair no enorme erro de fazer o Bezerro de Ouro logo depois.

Em contraste, Rosh Hashaná e Yom Kipur expressam nossa forte tentativa de nos aproximarmos de D'us. Em cada dia de cada semana do mês de Elul o shofar é tocado, lembrando-nos de despertar espiritualmente; engajamo-nos num balanço espiritual, tomamos decisões para melhorar nossa vida. É um serviço que vai de baixo para cima, e portanto nos carrega a um nível mais elevado de recompensa espiritual. Por este motivo, diz o Rebe, a dura seção que lemos à medida que nos aproximamos de Rosh Hashaná é muito mais longa que aquela antes de Shavuot. Os Sábios nos dizem que ela contém duas vezes mais declarações rigorosas. O processo de purificação e balanço é mais intenso, porque é uma preparação para a revelação maior e mais surprendente de D’us.

Da mesma maneira nosso exílio, desde a destruição do Templo, tem sido mais longo e em muitas maneiras mais intenso que qualquer período de exílio anterior do nosso povo. Passamos pela escravidão no Egito durante 210 anos, e pelo exílio na Babilônia por 70 anos.

Nosso exílio é mais longo porque estamos no decorrer de uma preparação para um nível muito mais elevado de revelação divina, sem precedentes, como jamais ocorreu antes, num nível global. Passamos por uma longa lista de eventos trágicos, como aquele na nossa leitura da Torá, mas este será seguido pela vinda de Mashiach, trazendo paz duradoura e bondade para toda a humanidade.4