"Vovô, pode me dar 20 pratas para ir ao Fliperama?"

"Que é isso, Davey? Quer desperdiçar meu dinheiro duramente ganho com alguma atividade frívola? No meu tempo, não se fazia coisas divertidas. Trabalhávamos 18 horas por dia no sol quente, com pacotes de 10 quilos de livros atados às costas, e então tínhamos de andar 5 quilômetros para a escola pisando sobre meio metro de neve – ida e volta."

Muitos de nós temos pais, avós ou bisavós que vieram para a América, com pouco ou nenhum dinheiro ou bens, em busca de uma vida melhor. Muitos tiveram sucesso, graças a D-us, e colhemos os frutos de seu trabalho.

Na porção desta semana, a Torá relaciona muitas maldições que infelizmente se abaterão sobre o povo judeu se eles não seguirem os caminhos de D'us. A Torá estipula: "Vocês serão um sinal e um exemplo [de um povo oprimido] porque não serviram a D'us enquanto estavam num estado de felicidade e satisfação, e tinham tudo que necessitavam" (Devarim 28:46-47). A Torá está falando sobre uma época em que seremos abençoados com muita riqueza material. Durante este tempo, diz a Torá, o povo pode decidir usar sua fortuna em maneiras contrárias às que D'us pretendia.

Muitos de nossos ancestrais vieram da Europa na esperança de uma vida melhor, livre da pobreza e perseguição do shtetl. Muitos deles vieram também por uma razão diferente – queriam viver em um lugar onde pudessem praticar sua religião livremente, onde pudessem encontrar os meios econômicos para poderem perpetuar o estudo de Torá e o cumprimento das mitsvot. Existem incontáveis histórias de judeus que ouviram de seus patrões: "Se não vier trabalhar no sábado, não precisa vir na segunda," e mesmo assim recusaram-se teimosamente a trabalhar no Shabat. Estes imigrantes estavam repletos de uma crença simples em seu Criador, uma fé nascida e alimentada por suas experiências nas belas sociedades judaicas da Europa.

Seu auto-sacrifício pode ser uma inspiração a todos nós. Se conseguiram ter lugar para o Judaísmo em sua vida a um custo pessoal tão elevado, certamente podemos estudar e observar mais a Torá porque, graças a seus esforços, nossos sacrifícios são muito menores. Aceitemos esta lição em nossos corações ao se aproximarem os Grandes Dias Festivos. Tornemo-nos mais ativos em nossas sinagogas, assistindo aulas de estudo de Torá, e dizendo ao mundo: "Sou um judeu religioso e há um propósito e um significado em minha vida." Por este mérito, que D'us afaste as maldições de nossas vidas e nos conceda apenas bênçãos.