Um dos direitos inalienáveis consagrados na Declaração de Independência dos Estados Unidos é a “Busca da Felicidade”. É notável que os conspiradores tenham escolhido a expressão “A busca por...” em vez de apenas “felicidade”.

Por que a própria felicidade não é um direito, assim como a “vida” e a “liberdade”? O que é isso sobre “a busca”, a “perseguição”?

Pesquisei um pouco e descobri que, de acordo com um professor, o uso da palavra “perseguição” por Jefferson não era o que significa hoje, como “perseguir” ou “buscar”. Em vez disso, significa algo muito mais próximo a “obter” ou “experimentar”. Em outras palavras, é exatamente como os outros dois direitos: toda pessoa tem o direito de simplesmente ser feliz, de experimentar a felicidade.

O que me fez pensar. Claro, é uma boa ideia. Que todos têm direito à alegria em suas vidas é provavelmente algo com o qual a maioria das pessoas concordaria... mas é tão difícil! Viver, e mesmo ser livre, é um estado padrão de ser, particularmente nos tempos contemporâneos no Ocidente.

Mas felicidade? Com certeza é algo para perseguir, mas afirmar que todos deveriam simplesmente “ser felizes” soa um pouco irreal. Bem, estou aqui para argumentar que sim, todos podem ser felizes.

“Porque você não estava feliz”

A parashá dessa semana, Ki Tavo, contém uma série de versículos aterrorizantes de toda a Torá. No que é conhecido como tochachá, “A Repreensão”, Moshê diz ao povo que se eles não derem atenção à palavra de D’us em sua nova terra, D'us aplicará punições terríveis. Por 45 versos, lemos sobre coisas tão terríveis, que o costume predominante nas sinagogas de hoje é fazer uma leitura em voz baixa.

Em meio a essas terríveis admoestações, a Torá especifica o que levaria a um resultado tão sombrio: “Todas essas maldições recairão sobre você... porque você não serviu ao Senhor, seu D'us, com júbilo e alegria de coração, quando [você tinha] abundância de tudo.” 1

Qual é a questão central que justifica esta torrente de tragédia?

“Porque você não serviu a D’us com alegria.”

Isso é problemático, para dizer o mínimo. Alegria é uma emoção. A felicidade é toda uma indústria caseira (ou não tão caseira), com milhões de títulos competindo pelo segredo indescritível da felicidade perpétua. Não é como se houvesse um interruptor mágico da felicidade que você pode ligar à vontade. Se você está sentindo isso, ótimo. Se não, bem, então você simplesmente não está feliz.

É claro que, se você é um grande tsadic, uma pessoa extremamente piedosa apaixonada por seu judaísmo, então é relativamente realista esperar alegria constante ao servir a D'us.

Mas a Torá fala a todos. Então, a pergunta mais importante é: como a Torá pode esperar que todos fiquem vibrantes com a chance de servir a D'us? E se eu não estiver sentindo isso, ou pior ainda, há algo bloqueando ativamente meu relacionamento com minha religião? E então, a Torá espera que eu tenha esse interruptor mágico?

Pense em Ser

A resposta é: "Absolutamente!" Os mestres cabalísticos discutiram isso longamente, argumentando que, embora não seja necessariamente fácil simplesmente evocar uma emoção como a alegria, é eminentemente factível.

O argumento é melhor compreendido por meio de contraste: se você possui uma conexão natural e visceral com algo, é fácil gostar e ficar feliz com isso. Digamos que você goste de futebol: é fácil ficar empolgado e genuinamente feliz com isso, ou aproveitar a experiência de assistir a um jogo, discuti-lo com outros torcedores ou jogar uma bola no quintal. Essa é a parte fácil.

No mundo da Cabalá, explicaram os místicos, sua alma – aquela centelha espiritual dentro de você que é uma centelha literal de D'us – possui uma inclinação natural para o Divino. Ela simplesmente ama D’us. Assim, para aqueles que estão conscientes de sua alma e da energia espiritual que ela injeta em suas vidas, servir a D'us com alegria é fácil. É uma consequência natural do que eles gostam. Mas nem todo mundo é assim. Na verdade, a maioria das pessoas não é.

Então o que fazer?

Se você não está animado para aprender Torá ou cumprir uma mitsvá , então tudo o que você precisa fazer é pensar nisso. Reflita sobre o fato de que esta é sua oportunidade de se conectar com D'us e sentir sua alma.

Essa é a parte incrível da experiência humana. É claro que é mais fácil sentir algo naturalmente, mas se isso não funcionar, você pode conduzir o seu coração pensando nisso o suficiente. Você pode escolher ficar feliz com alguma coisa, ficar animado com isso e, no devido tempo, transformará seu estado em felicidade e ânimo.

O interruptor da felicidade

O que é verdadeiro sobre os esforços da alma para se aproximar de D'us é também sobre todas as experiências da vida. Conforme mencionado, “A busca da felicidade” (no entendimento atual dessas palavras) é uma coisa evasiva e, às vezes, parece absolutamente impossível. Muitos simplesmente têm muita pressão para apenas “ser felizes”.

Sim, não é fácil, e devemos respeitar o sofrimento e os desafios de cada um.

A boa notícia é que nós, humanos, fomos dotados da capacidade de escolha. A capacidade de organizar nossos pensamentos e transformá-los em instrumentos de uma maneira incrivelmente positiva. Meditar sobre algo e nos convencer de que queremos ser felizes, que realmente há motivo para alegria e que, independentemente do que digam ou façam, “vou ser feliz agora!”

A expectativa da Torá de que sejamos capazes de “servir a D'us com alegria” não é uma exigência do céu ou uma expectativa risível, mas uma verdade fortalecedora sobre a condição humana: você pode fazer isso .

Você está deprimido? A vida é tem se mostrado muito escura e desagradável para imaginar um sorriso ou um momento alegre? Pode ser que sim, mas isso não tira o arbítrio que você possui sobre sua própria felicidade.

Encontre um lugar tranquilo, pense em algo alegre, diga a si mesmo: “Quero ser feliz agora, não importa o que mais esteja acontecendo” e, para o seu bem, deixe que seja realmente assim.