Você tem uma visão da sua vida daqui a, digamos, 10 anos? Quais sonhos e aspirações gostaria de ver realizados? (E não se trata de quanto dinheiro você pretende ganhar…) Você tem uma visão geral para a sua vida, ou sua vida é dirigida e definida pelas necessidades e exigências do momento?
Nenhuma empresa ou negócio pode funcionar sem ter uma visão. Você pode? Uma vida sem visão é dramática e radicalmente diferente de uma vida sem ela. A primeira é formada por um princípio unificador: a última, por circunstâncias ao acaso. A visão proporciona um rumo; a falta de visão é desnorteada. Você consegue imaginar-se dirigindo sem ver a estrada à frente, sem saber aonde quer chegar? Você controla os detalhes da sua vida, ou os detalhes controlam você? Você já se perguntou como seria a sua vida sob o ponto de vista de um pássaro? Qual é a maior história da sua vida, em vez de capítulos um a um? E como se parecerá o quadro daqui a alguns anos – quando você puder ver sua vida em retrospecto?
O nome da porção dessa semana da Torá, Re’ê, significa “ver” ou “olhe”. Em uma palavra estamos aprendendo que temos o poder de sermos visionários. De maneira alguma esta é uma declaração sem importância.
Geralmente consideramos os visionários como seres raros. Governos, monarquias e instituições no decorrer da história têm sido construídos sobre a premissa de que a maioria das pessoas, consumida pela sobrevivência diária, preocupada com detalhes ínfimos, não está equipada – ou nem mesmo interessada – em ser líder, nem mesmo educada o suficiente para ser um líder.
Alguns pensadores expressaram profundo desdém e condescendência pelas “massas”, considerando-as, segundo as palavras de Voltaire, “la canaille” [a ralé], uma frase usada para denegrir as massas. “Quatdo à canaille,” disse Voltaire a d’Alembert, “não me preocupo com ela; continuará para sempre sendo canaille… [sem] o tempo e a capacidade de se instruir; eles morrerão de fome antes de se tornarem filósofos… Jamais fingimos esclarecer sapateiros e servos; isso é trabalho dos apóstolos.” Diderot não podia ter concordado mais. “A massa geral da humanidade,” escreveu ele, “não pode seguir nem compreender esta marcha do espírito humano.” Diderot acreditava que devemos desconfiar do julgamento da “multidão” em questões de argumento e filosofia, porque “sua voz é aquela da perversidade, estupidez, desumanidade, falta de razão e preconceito.” “A multidão,” concluiu ele, “é ignorante e estupidificada.”
Outros eruditos, menos elitistas, não foram tão desalmados, mas ainda afirmam que as massas não se prestam à liderança nem para escolher líderes. Veja o colégio eleitoral dos Estados Unidos. É construído sobre a base de que a população em geral não consegue escolher sabiamente seus líderes; portanto eles votam nos Eleitores locais, que por sua vez são mais educados e adequados para escolher o líder correto.
Até mesmo na nossa chamada era moderna, na qual a democracia floresce, o debate ainda persiste entre teóricos que consideram qual capacidade o cidadão médio, o “Zezinho”, tem quando se trata de liderançam direção e de olhar a situação em geral. Os cínicos, dos quais muitos na verdade lideram as campanhas políticas, argumentam que com propaganda, marketing e manipulação bem feita da mídia, as pessoas podem ser convencidas a acreditar em praticamente qualquer coisa.
Se isso é verdadeiro sobre liderança, onde isso deixa os visionários? Poucos e distantes. Quando foi a última vez que você conheceu um visionário – alguém que podia ver a floresta em vez das árvores?
E mesmo assim, o capítulo dessa semana da Torá nos diz inequivocamente: “Contemple – veja” – você tem o poder de sair dos detalhes da sua vida, de transcender as circunstâncias imediatas, de focar e descobrir a visão de sua vida.
“Olhe” é uma das palavras mais poderosas que podemos jamais ouvir. Significa que você tem uma opção. Por mais difícil que possa parecer, você não está condenado. Não precisa ser consumido e esmagado com as preocupações comuns da luta pela sobrevivência. Deixamos por nossa própria conta, nós seres humanos geralmente gravitamos para a opção mais fácil, que são nossas necessidades materialistas e os impulsos e desejos imediatos. Se isso significa viver o momento e não ver o horizonte mais distante e mais amplo (ou até mesmo menor) e as consequências de nosso comportamento em prol da gratificação instantânea – que seja. As maiores vítimas da miopia somos, obviamente, nós mesmos.
A diretriz “olhe” dá a cada um de nós o mandado – e o poder – de ser um visionário por direito próprio. Você tem a capacidade, deveria escolher acessá-la, subir e contemplar sua vida em perspectiva.
Mas como? Como podemos nos elevar acima da imensidão de corças que dominam nossas vidas; as constantes demandas e expectativas colocadas sobre nós; as feridas psicológicas e os fantasmas que nos assombram; os temores e inseguranças que afetam nossa psique?!
“Olhe bem” nos informa que apesar de todas essas vozes, você tem dentro de si uma outra voz mais poderosa. Porém ela pode ter sido silenciada pelo ambiente circundante; pode ter sido ocultada pelas ansiedades que deixamos assumir controle sobre nós. Esta voz é a canção de sua alma. E sua alma contém uma visão – a visão da missão de sua vida inteira.
“Olhe bem”, é a ordem que lhe é dada. Olhe bem para o quadro em geral, e depois permita que lhe informem os detalhes da sua vida, em vez de ocorrer o contrário. Esta semana você recebe o poder de se tornar um visionário. O primeiro passo é acreditar em si mesmo e na capacidade de sua alma. O segundo passo é trabalhar nisso – estabelecer regimes no seu programa diário que permitam à sua alma missionária emergir, que lhe permitam erguer a cabeça e respirar…
De maneira não diferente dos seus exercícios físicos diários, sua alma precusa de trabalho diário. E neste universo material, você precisa fazer um esforço extra para acessar sua alma.
Quando você começar a exercitar sua alma, ficará surpreso pela descoberta de novas ferramentas que o ajudarão a discernir e estabelecer a visão da própria vida. Armado com essa visão, sua vida jamais será a mesma.
Olhe bem.
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