Publicado em LeChaim

A leitura dessa semana da Torá começa com o versículo: “E Eu apareci a Avraham, a Yitschac e a Yaacov como o Todo Poderoso Sha-dai, mas Meu nome Y-H-V-H Eu não tornei conhecido a eles.

Por que há nomes diferentes para D'us? E qual é o significado de usar um nome após o outro?

O Midrash faz essas perguntas e, em resposta, cita D'us dizendo: “Eu sou chamado segundo Meus atos,” i.e., cada um dos diferentes nomes de D'us está associado com uma qualidade ou atributo específico. A Cabala expande ainda mais este conceito, derivando ideias diferentes das letras dos nomes e suas vocalizações. O nome Sha-dai contem a palavra hebraica dai que significa “suficiente”. Na verdade, em explicação ao significado daquele nome, nossos sábios citam D'us dizendo: “Fui Eu que disse ‘basta’ ao mundo.” Em outras palavras, Sha-dai se refere ao aspecto da Divindade que estabelece as limitações da existência do mundo, concentrando a luz infinita de D'us numa maneira restrita que permitirá a criação de um mundo no qual a Divindade está oculta.

O nome de D'us, Y-H-V-H, em contraste, representa a revelação da Divindade em toda a Sua infinidade. Por este motivo, o nome Y-H-V-H não é pronunciado. Sua luz é poderosa e abrangente demais para ser expressa pela fala.

Nessa base, podemos entender a conversa entre Moshê e D'us.

Na conclusão da leitura da Torá na semana passada, Moshê tinha reclamado que após ter comunicado a ordem de D'us para que o faraó libertasse os judeus, a opressão egípcia tornou-se mais intensa. D'us respondeu dizendo que o mundo estava para passar por uma mudança fundamental na natureza da revelação Divina. Até então, até mesmo gigantes espirituais como os Patriarcas e Matriarcas receberam somente uma revelação limitada da Divindade, pois a Divindade estava dentro do contexto do nome Sha-dai, i.e., de acordo com as limitações que prevaleciam no mundo.

No futuro, os judeus e o mundo em geral receberiam uma revelação do nome Y-H-V-H, revelando a infinitude de D'us. Para receber aquela revelação, eles e o mundo tinham de ser purificados e os meios de purificação que D'us ordenou foram o sofrimento e opressão no Egito.

A partir de então, as coisas mudaram radicalmente. Em primeiro lugar, houve milagres abertos e aparentes. As pragas mostraram como a ordem natural poderia ser mudada e quebrada à vontade. Além disso, os judeus deixaram o Egito. O termo hebraico para Egito, Mitzrayim, está relacionado à palavra meitzarim, que significa”fronteiras” ou “limitações”. O Êxodo representou um afastamento das fronteiras e limitações da existência material comum.

Porém a suprema revelação do nome de D'us Y-H-V-H veio no tempo da Outorga da Torá. A partir daquele ponto, toda vez que um judeu cumpre uma mitsvá, ele ou ela estabelece um vínculo essencial com D'us, relacionando-se com uma esfera de Divindade mais alta daquela que os Patriarcas puderam acessar.