A parashá anterior descreve como os líderes das doze tribos inauguraram o altar do Santuário com seus sacrifícios. Aharon, líder da tribo de Levi, contudo, deixou de se apresentar com um presente similar (de animais e carroças carregadas de oferendas) para o altar.

Aharon estava envergonhado de oferecer presentes sobre o altar por causa de sua participação no pecado do bezerro de ouro. No entanto, aguardava um comando Divino. Quando tal comando não veio, ficou contrito, pois confirmaram-se suas suspeitas de que D'us não o perdoara.

Ao ver que D'us aprovou as doações dos outros líderes, Aharon decidiu também participar; porém já era tarde demais. D'us já havia aceito as doações de Efrayim (a tribo de Yossef dividia-se em duas, Efrayim e Menashe) contabilizando-as como a décima-segunda tribo, desta forma, Aharon não participou ao lado dos outros líderes.

"Ai de mim!", lamentou-se Aharon. "O Todo Poderoso não perdoou o pecado do bezerro de ouro."

Não apenas Aharon, mas também toda a Tribo de Levi sofria porque seu representante não oferecera sua porção dos sacrifícios da dedicação no altar.

Todavia, a verdadeira razão pela qual D'us impediu Aharon de participar desses sacrifícios é esclarecida através da seguinte parábola:

O rei proclamou que uma grande festa seria realizada nos jardins de seu palácio. Seus mensageiros percorreram o país inteiro convidando o público a participar. Anunciou-se em todas as associações de trabalhadores que seus membros estavam convidados para a festa do rei.

Apenas o amigo do rei, certo nobre, esperou em vão por um mensageiro para convocá-lo para a celebração.

"O rei deve estar chateado comigo!" pensou, "se não, por que me ignora?"

Após findarem as festividades, o rei enviou um mensageiro particular à casa de seu amigo.

"A festa para as pessoas comuns terminou," informou ao nobre. "Amanhã o rei dará outro banquete somente para você. Ele deseja distinguí-lo pois você é seu amigo íntimo."

Similarmente, D'us não aceitou as doações de Aharon, pois honra maior fora-lhe reservada; receberia a mitsvá de preparar a menorá. Sua tribo, Levi, também receberia distinção especial. Seriam santificados como servos de D'us numa cerimônia descrita no próximo capítulo.

D'us consolou Aharon dizendo: "Não se aflija! Reservei para você uma mitsvá que sobrepujará as oferendas dos sacrifícios de dedicação. Você e seus filhos prepararão a menorá no Tabernáculo e no Templo Sagrado.

A mitsvá do acendimento da menorá será eterna. Seus descendentes, os cohanim conhecidos como Chashmonaim (Macabeus), instituirão a mitsvá permanente de acender as velas de Chanucá. Assim, seu 'chanucá' (inauguração, em hebraico) continuará para sempre; enquanto que a inauguração dos líderes das tribos é apenas temporária."

D'us usou um termo nada usual para 'acender' a menorá, dizendo: "Behaalotechá / quando você fizer subir" em vez de "behadlicchá / ao acender". Dentre outras implicações, este termo denota: "Você será elevado." Cumprindo a mitsvá, os judeus tornam-se espiritualmente elevados.

Certa noite, um homem rico disse a seu amigo, um simples trabalhador, que jantaria em sua casa. O trabalhador arrumou a casa deixando-a um brinco, preparou a comida e iluminou a sala de jantar com velas.

Quão embaraçado ficou, contudo, ao ver seu amigo rico chegar. Um séquito de servos, alguns carregando brilhantes candelabros acesos, outros tochas flamejantes, acompanhavam-no.

O anfitrião correu à sala de jantar e apagou suas velas, cujo lume parecia realmente mortiço e fraco, comparado às luzes que se esparramavam para dentro. Rapidamente, escondeu os castiçais numa gaveta. Quando o rico convidado entrou e viu a sala escura, perguntou admirado: "Você não estava me esperando esta noite? Por que não acendeu luz alguma?"

"Eu acendi; porém quando vi as resplandecentes luzes que seus servos carregavam, fiquei muito envergonhado em mostrar minhas simples velas."

O rico dispensou imediatamente os servos. "Jantarei apenas com as luzes de suas velas, para mostrar-lhe o quanto você me é querido."

Similarmente, Moshê não conseguia compreender porque D'us desejava que uma menorá fosse acesa no Santuário. Sempre que entrava, encontrava o Tabernáculo brilhando com o esplendor da Shechiná (Divindade). Como poderiam as luzes da pobre menorá terrestre serem comparadas ao esplendor que a Shechiná irradiava?

Portanto, D'us disse a Moshê: "Behaalotechá: Você se tornará espiritualmente elevado acendendo a menorá. Eis porque Eu lhe dei a mitsvá."

Além disso, esse termo significa também:

• A menorá deve ser colocada sobre uma plataforma com degraus que conduzem até ela. O cohen precisa ascender a plataforma para o acendimento. "Behaalotechá" significa, assim, "quando você subir."

• A mitsvá é cumprida acendendo-se cada chama até que esta suba por si. Assim, Behaalotechá significa "quando você a fizer subir."

A fim de demonstrar que o Todo Poderoso não necessita de nossa luz, Ele ordenou que os três braços de cada lado do centro da menorá estejam inclinados em direção ao centro, e não para fora.

Apesar de Aharon poder enviar um de seus filhos para acender a menorá, cumpriu a pessoalmente a mitsvá com o maior zelo e exatidão e durante toda sua vida.

Esta mitsvá é tão querida aos olhos de D'us, que é mencionada diversas vezes na Torá. A cada vez novos detalhes são acrescentados.

D'us advertiu Aharon a não subestimar a grandeza da mitsvá de preparar a menorá.

Por causa de sua importância, não era realizada toda de uma vez. Ao limpar a menorá pela manhã, o cohen limpava cinco lâmpadas, partia para outro serviço e só então limpava as duas lâmpadas remanescentes. Desta forma, o ato se estendia, e atraía a atenção das pessoas que visitavam o pátio do Templo.

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