D'us desejava purificar a geração do deserto. Suas realizações morais e espirituais teriam de fazer parte integrante do caráter do povo judeu. Por isso, Ele guiou os membros daquela geração através de várias paradas, cada uma das quais apresentando um teste particular especial.

A estação de Kivrot Hataavá, aonde D'us levou o povo judeu, gerou desejos físicos.

Ao chegarem lá, os convertidos egípcios que eram os elementos mais baixos do povo (erev rav) foram os primeiros a serem subjugados pelos desejos. Começaram a resmungar sobre sua inaptidão em satisfazer suas vontades.

Queixaram-se oficialmente que lhes faltava carne. Contudo, esta exigência era meramente um disfarce para seu desejo de praticarem novamente seus desejos físicos como fizeram no Egito, antes das restrições da Torá terem sido impostas. (Pois se seu único desejo fosse apenas obter carne, poderiam ter abatido algumas cabeças do gado que tinham.)

O erev rav criou comoção, relembrando os judeus de sua irrestrita vida anterior.

"Lembramo-nos do peixe que comíamos no Egito," exclamaram.

"Lá, não tínhamos o fardo das mitsvot. Nunca recitávamos uma bênção sobre alimentos. Era uma vida fácil, sem cumprir todas essas mitsvot."

Alguém concordou: "Desde que deixamos o Egito não experimentamos o gosto de pepinos, melões, alhos-porrós, cebolas ou alhos, apenas maná."

Apesar da maná produzir o sabor de qualquer alimento que a pessoa desejasse, não produzia o sabor desses cinco vegetais, porque seu consumo é prejudicial à mulheres lactantes.

Na verdade, a maná também podia assumir o sabor de carne. Portanto, o erev rav deflagrou uma campanha geral de críticas contra a maná, como que para justificar seu pedido por carne.

Alguns lamentavam-se: "É verdade que o sabor da maná varia, mas não sua aparência. Não é agradável ver maná ao café da manhã, maná ao almoço e maná ao jantar.

Outras queixas foram expressas em voz alta.

Alguns clamavam: "Como se pode permanecer saudável com um alimento que não causa excreções? Eventualmente, nossos estômagos explodirão."

Outros reclamavam: "É muito difícil viver no princípio do dia a dia. Estamos constantemente preocupados se descerá ou não alguma maná no dia seguinte. Se não, nossas famílias passarão fome. Por quê não podemos estocar suprimentos de maná?"

Na verdade, as reclamações eram devidas ao fato de que apenas grandes tsadikim podem viver felizes alimentando-se de maná.

Apesar da maná conter todas as vitaminas e ingredientes saudáveis necessários ao corpo, não satisfaz uma pessoa que busque comer até se sentir cheio. Era um alimento delicado e etéreo, que agradava a mente mais que qualquer outro apetite físico. Um tsadic ficava contente e satisfeito pois a maná nutria sua alma; ingerindo-o, ganhava nova percepção da Torá. Quanto mais elevado o tsadic, mais intuição e sabedoria ganhava comendo sua porção diária de maná. Os que não estavam em tão elevado nível, contudo, desejavam uma refeição que os satisfizessem fisicamente, e não encontravam "gosto" na maná.

A Torá refuta as críticas do povo judeu a maná enfatizando novamente suas admiráveis qualidades.

"Vejam sobre que alimento maravilhoso reclamam," D'us nos conta na Torá. Ela tinha uma aparência brilhante e atraente, como um cristal. Seu sabor era maravilhosamente doce. E apesar de descer a céu aberto, não era contaminada pela terra ou insetos, pois cada porção individual estava envolta em orvalho, a fim de que os judeus a recebessem perfeitamente puras.

D'us estava muito irado com o fato de os judeus terem sucumbido aos seus desejos.

Um fogo desceu do Céu e devorou os instigadores do erev rav.

Quando os judeus viram o fogo devorando o erev rav, foram tomados de temor. Será que a conflagração se espalharia e também os queimaria?

Envergonhados demais para dirigirem-se diretamente a D'us após suas reclamações sobre a maná, imploraram a Moshê que orasse por eles.

D'us aceitou a reza de Moshê. O fogo afundou no local onde surgira. Moshê chamou o lugar onde os pecadores morreram de "Taverá - Conflagração".