Certa vez um chassid foi se aconselhar com o Rebe de Karliner, pois sentia-se muito deprimido.
"Não sei o que fazer”, começou a desabafar com o Rebe, “não sou um bom judeu, não estudo o suficiente, não sei nada, tudo o que sei fazer é trabalhar, trabalhar, trabalhar. Mas gostaria de estudar mais. Rebe, tenho uma pergunta. O que nossos grandes e sagrados rabinos estudam sexta-feira à noite?”
“Bem”, disse o Rebe, “alguns estudam Cabalá.”
"Oh," falou o chassid, "isso não é para mim."
"Não," confirmou Karliner, "isto não é para todos. Mas tenho certeza que você estuda o Talmud regularmente. Como está indo?”
"Rebe, tenho vergonha de admitir isso, mas não estudo o Talmud regularmente. Veja bem, eu cresci pobre. Tive que trabalhar desde cedo para ajudar a minha família. Não tive muito estudo. Acho o Talmud muito difícil.”
"E se estudar junto com um amigo?”, perguntou o Rebe.
"Meus amigos também trabalham muito duro, eles não sabem muito. Além disso, eu não tenho tempo para sentar na sala de estudos durante horas. O que mais eu posso fazer?”
"Trabalhar para ajudar a sua família é uma grande mitsvá”, disse o Karliner. Você pode estudar a leitura semanal da Torá com comentários de Rashi e com midrashim.”
"Oh não," disse o homem, "Sempre achei o Rashi muito difícil. Conforme lhe falei, mal recebi uma educação. Eu me esforço a cada semana no estudo da parashá mas sem entusiasmo. Eu sou um fracasso. Além disso, não sou um estudioso. Prefiro trabalhar com minhas mãos. Minha família é grande e trabalho muitas horas.”
"Nenhum judeu é um fracassado,” disse o Rebe em tom severo. “Todo judeu pode e deve aprender. Sei de algo para você que com certeza irá desfrutar compartilhando belas histórias sobre nossos grandes sábios e tsadikim (justos) com seus amigos e familiares.”
"Sou péssimo contador de histórias”, se opôs o chassid. “Sempre esqueço os pontos principais, misturo tudo e não sou bom de conversa. Por favor, não posso fazer isso…”
O Rebe Karliner recostou-se na cadeira. Fechou seus olhos e começou a cantarolar. Ele permaneceu assim, cantando enquanto balançava-se na cadeira para frente e para trás de olhos cerrados enquanto o chassid o observava hipnotizado. Isso era lindo! Que melodia! E começou a cantarolar junto. Nunca havia se sentido tão bem assim antes, tão próximo de D’us.
Depois de muito tempo o canto parou. O Rebe abriu os olhos e olhou para o chassid atentamente.
"Rebe," exclamou o chassid, "eu entendo, sim, não me sinto mais deprimido. Obrigado, obrigado!”
E assim retornou ao seu lar onde a cada Shabat entoava os mais belos nigunim(canções chassídicas). Mas acima de todas, ele amava a melodia do Rebe Karliner. E nunca mais sentiu-se depremido.
Faça um Comentário