Um judeu sob o fardo de um problema sério foi visitar o Baal Shem Tov em busca de alívio e ajuda. Ele irrompeu em lágrimas e implorou ao tsadic que o ajudasse com suas preces poderosas. Era uma questão de saúde? Filhos? Dinheiro? Não sabemos.
Todos conhecem o extraordinário amor e a dedicação que o Baal Shem Tov nutria por todo e cada judeu. Ele sentiu-se mal pelo sofrimento deste indivíduo e estava pronto a fazer tudo que estivesse ao seu alcance para trazer-lhe alívio. Porém, com sua visão espiritual ele pôde ver que não havia nada que pessoalmente pudesse fazer para ajudá-lo. Foi até sua estante de livros e pegou um volume do Talmud. Era o tratado chamado Bava Batra. Ao folheá-lo seu olhar captou uma mensagem na página 15b: “Todo aquele que recebeu uma moeda de Iyov (Job) se tornou abençoado” – porque Iyov foi bem-sucedido em tsedacá, sua doação para caridade.
O Baal Shem Tov percebeu que se foi atraído por essa passagem em particular, não era coincidência mas uma intervenção Divina. De alguma forma esta era a chave pela qual esse judeu em profunda necessidade poderia ser salvo. Ele ponderou bastante e finalmente, pensou ter entendido a intenção Celestial. Como ele agora se lembrava...
Na cidade de Brody vivia um judeu chamado Shabsi Meir, um homem que sabia como estudar Torá e doava generosamente para causas merecedoras. Pelo mérito de sua constante doação altruísta e seu bom coração, D’us o abençoara com grande fortuna. Como também ensinam os Sábios na página 9b do mesmo tratado, nenhuma tsedacá distribuída por ele jamais caiu em mãos não merecedoras. Além disso, todos que recebiam sua contribuição vivenciaram momentos positivos. Os pedidos de Shabsi Meir eram sempre atendidos por D’us. Ele não alterava seu estilo de vida, e sua casa ainda era a mesma de sempre.
Às vezes, este homem rico chegava a doar até mais do que podia. Nessas ocasiões ele rezava para merecer maior sucesso e aumentar em tsedacá. A essas preces D’us sempre respondia, e Shabsi Meir ficava ainda mais rico. Além disso, a Corte Celestial decretou que ele merecia que D’us atendesse seu pedido de ser sempre bem-sucedido na tsedacá.
Quando o Baal Shem Tov pensou sobre este indivíduo especial, entendeu imediatamente por que o Céu tinha colocado em sua mente pegar um volume do Talmud, e por que tinha sido guiado especificamente a este tratado e passagem. Era para lembrar-se de Shabsi Meir de Brody! O Baal Shem Tov estava bem consciente do decreto da Corte Celestial sobre R. Shabsi Meir e seu “sucesso na tsedacá”. Talvez ele pudesse ser um instrumento de salvação para o infeliz judeu que estava tão desesperadamente procurando ajuda.
O Baal Shem Tov voltou-se para o homem à sua frente, que a essa altura estava se tornando constrangido pelo prolongado silêncio do tsadik. O Baal Shem Tov disse a ele que viajasse para Brody, e procurasse ali um homem chamado Shabsi Meir.
“Este Shabsi Meir”, explicou o Baal Shem Tov, “tem uma grande reputação de hospitalidade, e certamente o convidará para o Shabat. Você deve aceitar, e após o Shabat, quando chegar a hora de você partir de Brody, agradeça- lhe pela hospitalidade e então peça que lhe dê uma bênção para a salvação Celestial pelo mérito de suas grandes realizações em tsedacá.”
O judeu foi até Brody, claro, e passou o Shabat como um dos muitos convidados de Shabsi Meir. Ficou profundamente impressionado pelo seu anfitrião, que servia ge- nerosamente a cada um dos convidados, com aquilo que havia de melhor. No domingo, ele pediu a bênção como o Baal Shem Tov o tinha instruído. R. Meir o abençoou fervorosamente, de todo o coração. Deu certo!
Embora o próprio Baal Shem Tov, com todos os seus poderes, não tivesse podido ajudar diretamente este judeu, Shabsi Meir foi capaz de salvá-lo pelo mérito de seus inumeráveis atos de bondade.
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