O Primogênito
Um homem pode ter duas esposas e não gostar de uma delas. O que acontece se seu filho primogênito é da esposa da qual ele não gosta? O pai pode não querer legar-lhe seu duplo quinhão de primogênito. Em vez disso, pode querer dar a porção dupla ao filho de sua esposa favorita. A Torá o proíbe de agir desta forma. Um pai não pode negar ao primogênito a parte da herança que lhe cabe.
Porque esta lei aparece na Torá após o tema da yefat toar?
A Torá indica que mesmo que um judeu pudesse eventualmente odiar a yefat toar, ele deveria tratar o primogênito que ela porventura lhe desse de maneira justa e equânime.
A seguir, a Torá explica as leis do filho rebelde. Isto é uma indicação de que a yefat toar poderia dar à luz um filho assim.
Ben Sorer Umorê: O Filho Rebelde
O que é o "ben sorer umorê"?
Um exemplo: Um rapaz se torna bar-mitsvá, e nos três meses seguintes, rouba dinheiro de seu pai. Com esse dinheiro, compra carne e vinho. Ele passa o tempo com pessoas de má índole, e na presença delas, devora carne semicrua, enfiando-a goela abaixo, e traga o vinho sofregamente.
Duas pessoas testemunharam seus atos. Elas tentaram dissuadi-lo para não comportar-se de forma tão rude e grosseira. Se o rapaz não se corrigir, os pais podem levá-los a um Bêt Din de três juízes, a fim de contar-lhes o que aconteceu. Os juízes ordenam que o jovem seja açoitado (malkot), com o propósito de melhorar seu comportamento. Todavia, o jovem reincide em seus erros. Rouba novamente, empanturra-se de carne e embriaga-se de vinho, de maneira indecente, na frente de seus amigos.
Seus pais agora o levam à presença de um Bêt Din de vinte e três juízes. Se determinadas condições forem preenchidas, o rapaz é condenado à morte. Ele é chamado de "ben sorer umorê". Será que esse jovem merece morrer, só porque roubou dinheiro e empanturrou-se de carne?
D’us disse: "É verdade, até agora ele é culpado apenas de pequenos delitos. Porém se ele continuar a viver, tornar-se-á um ladrão e assassino! É melhor que morra jovem, do que cometa pecados mais graves."
Alguma vez um jovem judeu foi condenado à morte por ser ben sorer umorê?
A resposta é: Não! Jamais foram preenchidas todas as condições necessárias. Por exemplo: o rapaz não pode ser condenado à morte se roubou dinheiro de outra pessoa, que não seu pai. Tampouco pode ser sentenciado à morte se não ingerir a comida da maneira como nossos sábios chamam de "repugnante". Além disso, se o rapaz ainda não tem idade de bar-mitsvá, ou se já decorreram três ou mais meses desde seu bar-mitsvá, as leis de ben sorer umorê não são aplicáveis.
Se esse caso realmente nunca aconteceu, porquê D’us pôs esse assunto na Torá?
D’us queria que estudássemos estas leis por dois motivos. O primeiro é para sermos recompensados por as termos estudado. E o segundo é para que aprendamos uma lição. Por exemplo: Os pais podem preferir ser lenientes com a desobediência e gula de uma criança. Podem considerar sua má conduta como relativamente inócua. A Torá, contudo, proclama: "Não tolere seu comportamento! Não o declare inocente! É necessário intervir!"
Essa questão desta forma ensina aos pais a obrigação de educar seus filhos no caminho da Torá e mitsvot, e a repreendê-los; e também inculcar neles os elevados e virtuosos valores judaicos. Quando jovens, crianças não gostam dessas restrições; mas, um dia, serão gratas a seus pais. Por isso, foram ensinadas a seguir o caminho correto, tornarem-se judias cujas vidas são pautadas pela Torá; disciplinadas, atenciosas e prestativas. Foram educadas para verdadeiramente aproveitar a vida. Uma criança mimada e egoísta transformar-se num adulto infeliz. Todavia, uma criança que se transforma num adulto realizado, decidirá: "Educarei meus filhos da mesma maneira!"
O rei Salomão admoesta (Mishlê, 1:8): "Shemá bení mussar avicha, ve al titosh torat imecha" - "Ouça, meu filho, os conselhos de teu pai, e não te afastes dos ensinamentos de tua mãe."
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