“Quando um homem se casa com uma mulher…” (Devarim 24:1)

Este versículo nos ensina a mitsvá de kidushin, o momento em que um homem deve consagrar sua esposa antes que eles comecem a viver juntos como um casal casado.

Nas palavras do Rambam (Hilchot Ishut 1:1), “Quando a Torá foi outorgada, os judeus foram ordenados que quando um homem deseja desposar uma mulher, ele deve consagrá-la como esposa na presença de testemunhas e somente então ela se torna sua esposa. Isso está declarado no versículo ‘Quando um homem se casa com uma mulher…’”.

O efeito do kidushin é duplo. O kidushin designa a mulher a ser casada com este homem, e simultaneamente “a proíbe de casar com qualquer outro homem do mundo” (Talmud, Kidushin 2b).

Esses dois aspectos de kidushin existem também no relacionamento entre D'us e o povo judeu, que é comparado a um casamento, sendo D’us o noivo, e o povo judeu a noiva (Keter Shem Tov, 10).

O primeiro aspecto desse kidushin é apegar-se a D'us e procurar devotamente se unir a Ele; o segundo é nos distanciar de tudo que possa nos distrair desse relacionamento – ou seja, paixões e desejos mundanos. E assim como ambos os componentes do kidushin entre homem e mulher são interdependentes e um não pode existir sem o outro, o mesmo é verdadeiro em relação ao kidushin entre D'us e o povo judeu.

Para que nosso amor e apego a D'us sejam completos, devemos realmente nos separar de quaisquer outros desejos e paixões. Nas palavras de Chovot Halevavot (Shaar Ahavat Hashem), “É impossível implantar o amor a D'us em nossos corações enquanto o amor a este mundo [material e de desejos mundanos] ainda reside dentro de nós.”

Likutei Sichot, vol. 19, págs. 217-218