Ao final desta parashá, são explicadas as leis dos sacrifícios diários e as oferendas adicionais (Mussaf). Por quê este assunto foi inserido aqui?

Uma esposa incomodava o marido freqüentemente. Sempre que percebia que seu marido ficava aborrecido, chamava o casamenteiro, que era um cavalheiro idoso. Este costumava ir àquela casa e sempre conseguia restaurar a paz.

Quando o casamenteiro ficou mais velho e sentiu que seu fim estava próximo, convocou o marido e implorou-lhe: "Seja complacente com sua esposa! Breve não estarei mais aqui para estabelecer a paz entre vocês. Por isso, imploro que releve os defeitos de sua esposa."

O marido replicou: "Em vez de convocar-me, você deveria ter chamado minha esposa. Se você puder ensiná-la a comportar-se de maneira respeitosa comigo, não haverá necessidade de futuras reconciliações."

Similarmente, Moshê implorou ao Todo Poderoso que nomeasse um novo líder antes de seu falecimento, alguém que rezasse em prol do povo e defendesse-os se pecassem.

Disse-lhe o Todo Poderoso: "Em vez de preocupar-se com a falta de um líder aos judeus após sua morte, assegure-se de que eles Me sirvam bem. Ensine-lhes as leis dos sacrifícios Tamid. Estes sacrifícios os unirão, pois cada judeu doará uma moeda de meio-shekel para adquiri-los, e trará uma radiação e esplendor de bênção sobre eles."

D'us disse a Moshê: "Enfatize ao povo que Eu não necessito de sacrifícios. O mundo todo é Meu. Eu criei todos os animais que oferecem para Mim. Além disso, tampouco necessito de comida e bebida. Sou totalmente afastado do mundo físico e não necessito de oferendas terrenas como nutrição."

"Mesmo se Eu necessitasse de alimentos, não confiaria Meu sustento a seres cruéis." (Todos os seres humanos são considerados cruéis, comparados a D'us, a Fonte de Misericórdia).

"Por quê, então, Eu ordenei que vocês oferecessem sacrifícios? Desejo seu doce aroma, a satisfação de que vocês cumprem Minha mitsvá. Ao cumprirem as leis de sacrifício, vocês se unem a Mim."

D'us ordenou as oferendas diárias como Seu "pão." Isto significa que em mérito de nossos sacrifícios a Ele, Ele nutre o mundo. Nossos presentes de alimentos abrem as fontes Celestiais de nutrição e trazem um superávit ao mundo. Alguém que dá tsedacá (caridade) para sustentar uma alma, concomitantemente, abre as fontes Celestiais de abundância.

Os sacrifícios diários de Tamid

D'us ordenou: "A cada manhã, os cohanim devem oferecer um cordeiro sobre o altar. Após ser abatido, o cordeiro é completamente queimado. Deve ser acompanhado de uma oferenda de farinha (minchá) e oferenda de vinho (nessech). Esta é a oferenda Tamid da manhã."

"Os cohanim oferecem outro cordeiro com minchá e nessech à tarde. Esta é a oferenda de Tamid da tarde".

Estas duas oferendas eram oferecidas sobre o altar todos os dias, incluindo Shabat. A comunidade pagava pelo Tamid com moedas de meio-shekel, que eram coletadas uma vez ao ano.

O que as oferendas de Tamid nos lembram

Nosso patriarca Avraham quis sacrificar seu filho Yitschac no monte Moriyá, como D'us lhe havia ordenado. Mas ao final ele não teve de abater seu filho como uma oferenda. Procurou por um animal para tomar o lugar de Yitschac.

D'us tinha preparado um cordeiro numa moita próxima. Avraham o encontrou e ofereceu-o sobre o altar. Enquanto o abatia, rezava: "Por favor, D'us, considere-o como se eu tivesse abatido meu filho." Ao queimar o cordeiro, rezava: "Por favor, D'us, considere como se eu tivesse queimado meu filho."

Naquela época, D'us disse: "Ordenarei ao povo judeu que ofereça dois cordeiros diariamente como sacrifícios. Assim, lembrarei o mérito do sacrifício de Yitschac e perdoarei o povo judeu por seus pecados."

O Tamid matinal reparava os pecados que os judeus tinham cometido na noite anterior. O Tamid vespertino expiava os pecados cometidos durante o dia.

Maamadot - os enviados que permaneciam ao lado quando os sacrifícios eram oferecidos

D'us ordenou que alguém que ofereça um sacrifício esteja presente enquanto este é elevado ao altar.

Uma vez que era impossível que a nação inteira estivesse presente às oferendas dos sacrifícios comunitários, em vez disso nomeavam-se representantes da comunidade.

Os primeiros profetas, Shemuel e David, dividiram os cohanim e levitas em vinte e quatro grupos, bem como escolheram vinte e quatro grupos de israelitas que representavam a nação inteira. A cada semana um grupo diferente de cohanim e levitas viajava a Jerusalém para oferecer os sacrifícios diários, e para cantar durante as oferendas, respectivamente. Representantes dos israelitas, que moravam em Jerusalém, faziam turnos ficando de pé ao lado das oferendas diárias observando-as. Ao mesmo tempo, grupos adicionais de representantes de cidades de todo Israel participavam dos sacrifícios diários, reunindo-se para ler a Torá e rezar para que D'us aceitasse as oferendas.