Imediatamente depois da praga que abateu os judeus que pecaram com as filhas de Midyan, D'us deu a Moshê instruções concernentes a guerra contra Midyan, dizendo:
"Os midyanitas estão furiosos porque a princesa Cozbi foi morta. Estão tramando perversas vinganças. Uma vez que planejam trazer mais destruição sobre você, levante-se e ataque-os, a fim de protegerem-se."
Esta guerra será regida por leis extraordinárias:
1. Não lhes dê opção de fazerem paz. Apesar de outras nações não poderem ser atacadas sem aviso prévio, ataque os midyanitas imediatamente.
2. Ao sitiar suas cidades, destrua as árvores frutíferas.
A Torá proíbe os judeus de cortarem as árvores frutíferas dos inimigos, ao sitiarem uma cidade (Devarim 20:19). Os territórios pertencentes a Midyan são exceções.
3. No tocante a Midyan, D'us fez outra exceção às regras de combate, dizendo: "Na Torá, Eu ordenei que vocês sitiem uma cidade apenas de três lados, deixando o quarto para escapar. Na guerra contra Midyan, contudo, seus exércitos devem sitiar as cidades completamente."
Por que a Torá ordenou leis excepcionais para Midyan?
Enquanto outras nações aspiravam exterminar os judeus fisicamente, essa nação tentou destruir a alma judaica seduzindo o povo a pecar.
Induzir outros a pecar é um crime pior que assassinato. Um assassino priva outrem de vida física. Aquele que leva outros a pecar, contudo, priva-os da vida no Mundo Vindouro.
A Torá proíbe o casamento com homens descendentes de convertidos de Amon e Moav, enquanto permite o casamento com descendentes de egípcios e edomitas convertidos. Os últimos ameaçaram os judeus apenas com a espada, enquanto os anteriores colocaram em perigo nossa existência espiritual, um crime muito mais sério.
Apesar de D'us ter declarado estado de guerra contra Midyan imediatamente depois da morte de Zimri, Ele não ordenou a mobilização do exército judeu até que os judeus tivessem sido contados.
D'us advertiu Moshê para que não participasse da batalha contra Midyan. "Este país outrora já te acolheu," disse-lhe, "Não atire pedras num poço do qual bebeu."
D'us não declarou guerra contra Moav, apesar de também serem culpados (por terem contratado Bilam e incitado os judeus a pecarem).
D'us poupou-os agora porque:
1. Os moabitas tentaram exterminar os judeus pois temiam que os judeus os roubassem, enquanto que os midyanitas não tinham razões para prejudicarem os judeus.
2. D'us poupou-os em prol de uma preciosa alma, Ruth, que viria a descender dos moabitas.
A última contagem dos judeus no deserto
Conforme explicamos na Parashá Bamidbar, o povo judeu foi contado um mês após a consagração do Santuário. Agora, quase quarenta anos depois, D'us novamente ordenou a Moshê: "Conte o povo de Israel!"
Quais eram Suas razões para este censo?
1. Este censo aconteceu pouco antes do falecimento de Moshê.
Um fazendeiro contratou um pastor para cuidar de seu rebanho. Contou suas reses ao confiá-las ao pastor, e contou-as novamente antes de serem devolvidas.
Similarmente, Moshê foi encarregado de cuidar dos judeus no deserto, espiritual e fisicamente, exatamente como um pastor guarda os rebanhos.
Ao contar os judeus antes de seu falecimento, Moshê demonstrou a todas as futuras gerações que ele não falhou em sua tarefa. Deixou seiscentos mil homens, todos fiéis a D'us e Sua Torá.
2. D'us conta os judeus depois de cada praga.
Um rebanho de ovelhas foi certa vez atacado por um lobo. A fera conseguiu matar inúmeras ovelhas. Após livrar-se do lobo, o pastor queria saber quantas ovelhas haviam restado, porque eram-lhe tão caras. Assim, contou-as.
Da mesma forma, "lobos" como os perversos Bilam e Balac fizeram o povo judeu pecar. Por causa disso, muitos judeus acabaram morrendo.
Agora D'us desejava estabelecer quantos judeus sobreviveram à peste. Estes judeus estavam livres do pecado, por isso eram preciosos para D'us. Foram, então, contados.
3. Os judeus estavam quase na fronteira de Israel. Logo a terra seria dividida entre eles. A contagem era necessária para saber quantas pessoas receberiam um pedaço de terra. As porções foram distribuídas apenas aos que atingiram a idade de vinte anos na época deste censo.
D'us ordenou a Moshê e Elazar, o filho de Aharon, para efetuarem a contagem. Todos os homens entre as idades de vinte e sessenta anos foram contados, cada um entregando uma moeda de meio-shekel. Os levitas foram contados separadamente; a partir de um mês de idade.
O que ficou demonstrado pela contagem
Elazar somou os números de cada tribo. O total foi de 601.730 homens. Este número foi um pouco mais baixo que o da Parashá Bamidbar.
A tribo Shimon totalizou 59.300 homens na contagem de Bamidbar. Agora restavam apenas 22.000. Muitos membros de Shimon morreram na peste após o pecado de Zimri. D'us os punira por terem servido ao ídolo Báal Peor.
A tribo que mais crescera era Menashê, e os levitas ainda eram poucos. Apenas mil homens a mais que na primeira contagem.
Apesar de serem contados apenas os homens, uma mulher é mencionada pelo nome na lista da família da tribo de Asher: "O nome da filha de Asher era Serach."
Esta mulher é citada por causa de sua integridade e bons atos. Serach mereceu entrar em Israel e lá viveu por muitos anos.
Como a terra foi distribuída
D'us ordenou a Moshê: "A Terra de Israel deverá ser dividida em doze porções, cujo tamanho é determinado de acordo com seu valor. Uma porção pequena e fértil equivale a uma porção maior, porém menos produtiva.
"As tribos de Menashê e Efrayim receberão duas porções. (A tribo de Levi, contudo, não receberá nenhuma.)
"Dê mais terra às tribos que são mais populosas, e menos às que são em número menor.
"Não obstante," acrescentou D'us, "o sorteio Divino também funcionará para a indicação dos lotes."
O sorteio decidia que região cabia a qual tribo, e a locação exata de cada família numa determinada tribo. O líder de cada tribo era responsável pela distribuição de terras de sua tribo.
Na época de Yehoshua, quando a Terra foi realmente dividida, o procedimento deu-se como se segue:
Yehoshua e o Sumo-sacerdote, Elazar, reuniam o povo.
O espírito de profecia pairava sobre Elazar, e este declarava profeticamente que território caberia a qual tribo. Ele proclamava, por exemplo: "A tribo de Zevulun receberá a área de Aco."
Em seguida, Yehoshua realizava um sorteio. À sua frente havia duas urnas, uma contendo inscrições dos nomes de cada uma das doze tribos; e a outra, com inscrições das doze porções. Com uma mão, Yehoshua puxava um cédula da primeira urna, e com a outra, uma cédula da segunda urna. Miraculosamente, a tribo e sua devida porção sempre correspondiam ao que Elazar predissera. Além disso, D'us investiu a própria porção com o poder da fala. Essa gritava: "Estou destinada a ser a porção de tal tribo."
Ao testemunharem esses milagres, as tribos percebiam e se conscientizavam de que as porções eram determinadas por Vontade Divina, e aceitavam seus territórios sem reclamações.
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