Ao tomar conhecimento de que as filhas de Tselofchad herdariam a propriedade de seu pai, refletiu: "Chegou a hora de fazer meu pedido a D'us: que meus filhos herdem minha posição."

Moshê rezou: "Mestre do Universo, nomeie meu sucessor antes que eu morra. Não deixe que a comunidade fique como um rebanho sem pastor. Gostaria que um de meus filhos tomasse meu lugar."

"D'us, sabes que o temperamento das pessoas varia imensamente - alguns ficam irados facilmente, enquanto outros são calmos ou reservados. Dá-lhes um líder que possa dirigir cada um desses tipos com sabedoria, sem perder a paciência com os que o provocam.

"Não apenas isso, mas ele precisa também liderar pessoalmente o exército para as batalhas; diferentemente dos reis não-judeus, que ficam sentados em casa e enviam seus generais à luta."

O próprio Moshê liderou as guerras contra Sichon e Og; e similarmente, seu sucessor Yehoshua, cavalgou à testa do exército na conquista de Israel. O Rei David também encabeçou cada uma de suas campanhas militares.

Moshê continuou: "D'us, escolha um líder que se devotará a satisfazer as necessidades comunitárias com precisão e zelo, um líder que tenha grandes méritos próprios, e que rezará pelo bem do povo."

D'us replicou: "Já escolhi o futuro líder: 'Aquele que guarda a figueira comerá seus frutos, e o que serve seu mestre será honrado.' (Mishlê 27:18). Apesar de seus filhos serem tão sábios quanto Yehoshua, e apesar de tampouco poderem te substituir (e já que ninguém atingiu seu nível de sabedoria, você crê que seus filhos podem preencher sua posição tão bem quanto qualquer um); não obstante, seus filhos não são iguais a Yehoshua em seu amor pela Torá. Yehoshua investiu cada suspiro de suas forças para adquirir sabedoria, pois ama tanto a Torá. Sua devoção à Torá é insuperável. Agora, colherá os frutos de seu amor à Torá. Liderará o povo judeu."

A nomeação de Yehoshua demonstra que uma pessoa não pode receber recompensa completa se meramente acumula sabedoria em Torá. Apenas aquele que se une à Torá com grande devoção colherá os frutos.

Yehoshua era conhecido como "Yehoshua bin Nun," que significa Yehoshua, o filho de Nun.

Há uma explicação mais profunda para este nome: A palavra "Nun" em aramaico significa "peixe". Assim como o peixe nunca abandona a água, assim Yehoshua nunca deixou a Casa de Estudos, mantendo-se imerso nas águas da Torá.

Nosso Patriarca, Yaacov, já sabia com espírito de profecia que Yehoshua, "o peixe," descendente de Efrayim, lideraria os judeus à Terra Santa. Deu a seus netos Menashê e Efrayim a seguinte bênção: "Que se multipliquem na Terra como os peixes [na água]."

As palavras também podem significar: Aquele cujo nome é "peixe" - Yehoshua da tribo Efrayim - liderará os judeus até a Terra Prometida.

D'us tinha ainda outra razão para escolher Yehoshua como líder: ele era o mais humilde dos alunos de Moshê.

D'us disse a Moshê: "Yehoshua entra na casa de estudos cedinho pela manhã e sai tarde da noite. Ele arruma os bancos para os professores e as cadeiras para os alunos. Como ele serviu a você com todas suas forças, tornou-se maior que todos os outros eruditos de Torá. E será recompensado com a liderança."

D'us consolou Moshê: "Muito embora seus filhos não se tornarão líderes, Yehoshua honrará à sua família. Ele virá até seu sobrinho Elazar, para consultar os urim vetumim."

O urim vetumim continha o sagrado nome de D'us dentro do peitoral portado pelo Sumo-sacerdote. Isso fazia com que as letras da placa acendessem em resposta às perguntas feitas.

"Yehoshua possui todas as qualidades para tornar-se um líder. Está imbuído de espírito de profecia, sabedoria, compreensão e temor a D'us. Não perderá a paciência se as pessoas discutirem com ele, mas sim as guiará gentilmente com sabedoria para que enxerguem a verdade.

"Uma vez que Yehoshua ainda não atingiu seu nível de sabedoria, transfira-lhe algo de sua sabedoria. Desta maneira, você o imbuirá da sabedoria de que necessita como líder."

D'us ordenou que Moshê invista Yehoshua com sabedoria adicional em vez de dá-la, Ele Próprio, como uma demonstração pública de que Yehoshua era o escolhido sucessor de Moshê.

Na frente de Elazar e do San'hedrin (Tribunal Superior), Moshê pousou ambas as mãos sobre Yehoshua, e através disso a glória de Moshê foi transferida duplamente a Yehoshua:

1. Externamente - Da mesma forma que a face de Moshê era iluminada pelos Raios da Glória da Shechiná (Divindade), a face de Yehoshua começou a brilhar com os raios da Shechiná. O brilho de Yehoshua, contudo, não podia ser comparado ao de Moshê; era apenas um reflexo, assim como o luar é meramente o reflexo dos raios brilhantes do sol.

2. O ato de Moshê fez com que alguma de sua sabedoria e espírito de profecia passasse a Yehoshua. Também nesse aspecto, Yehoshua pôde receber apenas uma diminuta fração da grandeza de Moshê.

Apesar de D'us ter dito a Moshê que colocasse a mão direita sobre Yehoshua, ele generosamente pousou ambas as mãos sobre o aluno. Nomeou Yehoshua de boa vontade, com espírito alegre e elevado, não tendo rancor algum pelo fato de que nenhum de seus filhos ou sobrinhos fossem seus sucessores.

D'us ordenou a Moshê que Yehoshua ensinasse o povo em público enquanto Moshê ainda estava vivo, para que depois ninguém pudesse reivindicar: "Yehoshua não ousaria ensinar enquanto Moshê estava vivo."