Agora a parashá explica as leis dos sacrifícios de Mussaf. O termo "Mussaf" significa "adicional". Além dos sacrifícios diários de Tamid, a Torá ordena que sacrifícios adicionais sejam oferecidos em Shabat e Yom Tov (Festividade).

Esses sacrifícios especiais fazem com que nos lembremos e apreciemos a santidade do Shabat, Yom Tov e Rosh Chôdesh.

Moshê disse aos judeus: "Antes de cada Yom Tov vocês devem estudar as leis daquele Yom Tov. Devem ter o cuidado de oferecer os sacrifícios apropriados. Através destas oferendas, D'us lembra-Se de seus méritos."

O Mussaf de Shabat

Além dos sacrifícios de Tamid, mais dois carneiros eram oferecidos como sacrifício de Mussaf de Shabat.

O Shabat reclamou a D'us: "Por que minhas oferendas de Mussaf consistem de apenas dois carneiros, um número menor de animais que os que são oferecidos em todas as outras Festas?!"

D'us respondeu: "O número dois lhe é apropriado, pois todos os assuntos relacionados a você têm duplo significado:

• Seu cântico tem nome duplo, pois é denominado mizmor e shir. (Tehilim 92:1)

• Seu prazer é dobrado, como está escrito: "E você chamará o Shabat um deleite, um dia sagrado..." (Yeshayáhu 58:13)

• Em Shabat recita-se uma bênção sobre dois pães inteiros.

"Por isso, o sacrifício de mussaf mais apropriado a você consiste de dois carneiros."

Todos os assuntos concernentes ao Shabat são duplos, como indicação de seu duplo caráter. Apesar do Shabat ser um dia de descanso físico e deleites culinários, este aspecto representa apenas metade de seu significado. O feriado físico deve ser conjugado e conectado à outra metade, seus conteúdos espirituais - descansar e deleitar-se em honra a D'us, e estudar Torá. Mencionamos o caráter duplo do Shabat quando rezamos na Amidá de Minchá: "Um dia de descanso e santidade deste a Teu povo."

O Mussaf de Rosh Chôdesh, início do Novo Mês

Rosh Chôdesh, o começo do mês judaico, é considerado um feriado menor. Apesar de não possuir a mesma santidade que Shabat e Yom Tov, os judeus costumavam tratar este como um dia especial, no qual reuniam-se para estudar Torá.

D'us disse: "Originalmente, Eu fiz o sol e a lua de tamanhos iguais. A lua reclamou: 'É impossível a dois reis reinarem simultaneamente.' Ordenei então à lua: 'Se é assim, diminua sua luz. Mais ainda, todo mês você diminuirá e depois se renovará.'"

Ao ouvir a censura de D'us, a lua compreendeu seu erro e ficou envergonhada. A fim de enaltecê-la, D'us decretou: "Sua luz será vista tanto de dia quanto à noite. Não apenas isso, como também os judeus fixarão o calendário baseados em você."

A lua ainda se sentia inferiorizada. D'us acrescentou: "Ordenarei aos judeus a oferecerem um sacrifício todo mês, quando você estiver renovando-se."

Ao ouvir que seria tão honrada, a lua ficou radiante.

A fim de que não nos equivoquemos pensando que esses sacrifícios são oferecidos à lua, a Torá declara explicitamente que o cabrito é oferecido a D'us (28:15).

O Mussaf de Pêssach e Shavuot

D'us ordenou que os sacrifícios de Mussaf fossem oferecidos durante todos os sete dias de Pêssach.

Em Shavuot também oferecem-se sacrifícios de mussaf.

Uma oferenda especial de Shavuot de Dois Pães de Trigo

Em Shavuot além da oferenda costumeira de Mussaf, levavam-se ao Templo dois pães fermentados, assados do trigo da nova colheita.

A oferenda adicional de Shavuot consistia de trigo. Por outro lado, a oferenda ômer, oferecido em Pêssach, consistia de cevada. Cevada é comumente utilizada como alimento para animais, enquanto o trigo é o alimento do homem por excelência. Por conseguinte, o trigo, na linguagem de nossos sábios, representa o conhecimento e a sabedoria.

Quando os judeus deixaram o Egito, pareciam-se com os egípcios com os quais viviam, pois haviam adotado seus costumes idólatras. Por isso são comparados a jumentos.

Nas sete semanas que se seguiram ao Êxodo, os judeus refinaram seus traços de caráter e lutaram para libertarem-se de quaisquer resquícios de idolatria. Ao chegar Shavuot, o povo inteiro alcançara o nível espiritual requerido para receber o conhecimento da Torá.

Este processo espiritual é simbolizado pelas oferendas de Shavuot dos Dois Pães de Trigo.

O Mussaf de Rosh Hashaná

Em contraste com o sacrifício de Mussaf de todas as outras Festas, a Torá não diz sobre o Mussaf de Rosh Hashaná: "e vocês o oferecerão," mas sim "e vocês o farão."

D'us declara aos judeus: "Se através de arrependimento vocês alcançarem perdão para os pecados em Rosh Hashaná, Eu considerarei como se vocês tivessem se refeito. Vocês então se parecerão com criaturas puras, recém-nascidas."

Uma vez que Rosh Hashaná ocorre no primeiro dia de Tishrei, além do sacrifício de Mussaf referente à festa, oferecia-se também um Mussaf relativo à Rosh Chôdesh.