“Ele deverá então tirar suas vestes e colocar outras vestes, e ele removerá as cinzas para fora do acampamento.” (Vayikrá 6:4)

Uma das tarefas dos cohanim, sacerdotes, no Mishkan era limpar as cinzas do alto do Altar e colocá-las fora do acampamento. Durante a época do Templo Sagrado, elas eram colocadas fora da cidade de Jerusalém.

Essa tarefa não era uma verdadeira parte do serviço do Templo. Apenas que, ao cohen, era requerido mudar suas vestes para roupas de menor valor ao executar essa tarefa, comparadas àquelas regularmente usadas pelos sacerdotes, já que o trabalho de limpar as cinzas poderia manchar suas roupas. Mesmo assim, nenhum cohen jamais hesitou em fazer esse trabalho.

Isso serve como uma importante lição para todos nós. O povo judeu é chamado “um reino de cohanim [sacerdotes]” (Shemot 19:6), e nossas responsabilidades um para com o outro espelham os serviços realizados pelos cohanim no Templo. Alguém poderia imaginar, no entanto, que o sacerdote poderia fazer uma distinção entre os deveres “dentro do acampamento” e aqueles “fora do acampamento”.

Desse modo, ele teria como se devotar exclusivamente a abordar as necessidades espirituais das pessoas dentro de um ambiente de Torá, e deixaria para outros a tarefa de ensinar a judeus que estivessem “fora do acampamento” - a observância da Torá. Admitiria talvez, ainda, que embora fosse uma tarefa necessária e importante, outros seriam mais adequados para o trabalho.

A limpeza das cinzas sobre o Altar nos ensina que essa abordagem é incorreta. Os mesmos cohanim que tomavam parte no serviço dentro do Templo eram os mesmos a mudar seu vestuário para vestes inferiores e levar as cinzas para fora do acampamento, apesar de essa tarefa não ser uma parte do seu serviço.

Da mesma forma, então, entende-se que o verdadeiro “cohen”, mesmo que ele esteja, normalmente, dentro dos confins de um ambiente sagrado de Torá, deve mudar prontamente para “vestes inferiores” – no trabalho de engajar cada um de seus amigos judeus, estando eles em diferentes níveis de espiritualidade, com a esperança de que, por fim, ele os aproximará da Torá e da observância das mitsvot.

Likutei Sichot vol. 37, pág. 6.