Ser Bom Por Acidente
Quando você fizer a colheita de sua safra em seu campo e esquecer um feixe, você não voltará para pegá-lo. Ele será deixado para o convertido, o órfão e a viúva, para que Hashem abençoe você em tudo que fizer.
A Torá promete que pelo mérito de cumprir a mitsvá de shikchá, deixar o feixe esquecido (que ficou pra trás sem perceber) para os pobres, “Hashem vai abençoar você em tudo que fizer.”
Rashi observa que a Torá promete essa grande recompensa por uma mitsvá cujo cumprimento ocorreu involuntariamente! Ainda mais a pessoa será abençoada se fizer isso deliberadamente. “Portanto pode ser dito,” conclui Rashi “se uma moeda caiu da mão de alguém, e um pobre a encontrou e foi sustentado por ela, então aquele que perdeu a moeda será abençoado por isso.”
O significado de uma mitsvá cumprida sem intenção consciente pode ser entendido à luz do decreto do Maimônides (Hilchot Gerushin 2:20), sobre um marido que é obrigado a se divorciar de sua esposa mas se recusa a fazê-lo. Embora um get deva ser dado por vontade própria, em alguns exemplos, o tribunal pode usar força física para prevalecer sobre o marido não cooperativo para concordar em dar à esposa um guet, o divórcio. O Rambam explica que isso é efetivo porque o desejo genuíno de todo judeu é cumprir todas as mitsvot e abster-se das proibições. Portanto, quando ele concorda sob pressão em fazer aquilo que a Torá exige dele, está na verdade admitindo sua verdadeira vontade e desejo.
O mesmo é verdadeiro sempre que uma pessoa cumpre uma mitsvá, mesmo se parece fazer isso fora de hábito ou por motivos ocultos; o que realmente o motiva é o “desejo sincero de todo judeu de cumprir todas as mitsvot” (Rambam ibid.). Além disso, este desejo de obedecer à vontade de Hashem está enraizado na natureza essencial da alma que transcende até a mente consciente; pode assim influenciar as ações de uma pessoa sem seu conhecimento.
Consequentemente, quando um judeu sem saber deixa cair uma moeda, é possível que seu desejo subconsciente de cumprir a mitsvá da tsedacá o fez deixar cair a moeda, na esperança de que um pobre a encontrasse.
Portanto ele está creditado com essa mitsvá, que brotou do desejo mais interior de sua alma, embora ele seja inteiramente “inconsciente” da mitsvá que cumpriu.
Nesse mês de Elul, devemos aprimorar nossas atitudes, nossas orações, mas a maior ênfase deve ser na mitsvá da Tsedacá, que deve ser superior ao ano todo, pois a Tsedacá aumenta nossos méritos e tem o poder de inclinar a balança para um bom veredicto no julgamento de Rosh Hashaná.
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