"Quando encontrares algum ninho de pássaro diante de ti, pelo caminho, numa árvore ou no chão, com passarinhos ou ovos, e a mãe sentada sobre os passarinhos ou sobre os ovos, não tomarás a mãe estando com os filhos; mas sim espantarás a mãe, e os filhos poderás tomar para ti, a fim de que seja bem para ti e prolongues os teus dias" (Devarim/Deuteronômio 22, 6-7)

Esta parashá apresenta uma longa lista de mitsvot, uma delas é sobre o ninho de pássaros. É uma das mais "estranhas" mitsvot de toda a Torá.

Segundo o Rambam, o objetivo desta mitsvá é evitar definitivamente que a pessoa pegue os filhotes, pois apenas quando se espanta a mãe e se está frente a frente com os filhotes, a pessoa percebe que eles não são próprios para o consumo. Ou seja, não existe nenhuma obrigação de que ao ver o ninho, se espante a mãe e pegue os seus filhotes. O ideal é nem se aproximar. Afinal, será que quem não pega os filhotes não terá seus dias prolongados - já que não cumpriu a mitsvá?

A resposta é clara: se quem pega os filhotes tem a recompensa de uma vida longa, obviamente, quem tem piedade com eles também terá! Segundo o Ramban, a mitsvá vem ensinar-nos a não sermos cruéis. E se não devemos ser cruéis com os animais imagina em relação as pessoas!

De acordo com essa opinião, a Torá não quer que andemos por aí, procurando ninhos de passarinhos para cumprir esse mandamento, ou que roubemos para cumprirmos a mitsvá de devolver. A piedade e a ética devem ser espontâneas e constantes. Devemos afastar-nos de situações como estas.

No entanto, caso uma situação destas apareça diante de nós, a Torá vem ensinar-nos como devemos comportar-nos da maneira mais moral possível!