Por Yachad (Adaptado de Likutei Torá)
“Quando você sair para uma guerra, D’us colocará o inimigo nas suas mãos e você pegará os despojos do inimigo. E se você encontrar entre eles uma moça e desejar casar com ela, há leis específicas para isso na Torá”.
Sobre a primeira parte desse versículo, o Rebe pergunta na visão “espiritual”:
Quem é o inimigo da pessoa? O yetser hara, o mal instinto. O que quer dizer inimigo? O corpo, a alma animal e o yetser hara.
A pessoa precisa sair para uma guerra contra esses inimigos. A intenção não é a de quebrar, arrasar o inimigo, agredir seu corpo ou aplicar uma punição. A Chassidut exige uma certa guerra, não simples nem comum e o motivo é que o lado físico impede que refinemos o lado espiritual.
A alma animal chega ao homem primeiro. Por que? Quando ele nasce, ela vem completa, carregando o yetser hara. A alma Divina vai entrando aos poucos, desde o brit milá e se completa no bar/bat mitsvá.
É uma guerra que exige esforço porque o outro lado é mais “experiente” por ter vindo antes. Mas o Rebe, de abençoada memória, diz que por estar escrito: “Quando você sai para a guerra”, isto é, basta você sair para a guerra, para lutar contra a alma animal e então –“Eu lhe colocarei o inimigo em suas mãos” – a promessa Divina será cumprida. Ainda, dará os despojos do inimigo nas tuas mãos. Isto é, você vai conseguir elevar o lado físico para o lado da santidade, ter proveito dele para usar para o serviço a D’us e dessa maneira, transformá-lo em algo positivo.
Por que é necessário dizer, “Quando você sair para uma guerra...”? Poderia ser dito diretamente: “para casar com uma moça capturada de uma guerra a lei é a seguinte”… A resposta é que a guerra é espiritual e constante em cada judeu, o yetser tov contra o yetser hará, o bom contra o mal instinto, e para explicar que basta cada um apenas sair, o restante ocorre automaticamente. Apenas é preciso coragem, pois a promessa existe, a única questão ir em frente!
Outra mitsvá relatada em Ki Tetsê é a de fazer um maakê, muro de proteção. O Rebe explica que maakê é por motivo de perigo. Ao construir uma casa nova; “sobre o teto, reto, precisará fazer uma cerca para que ninguém venha a cair”… “para não derramar sangue em tua casa…”. É uma proteção que previne alguém de sofrer um acidente e também que o dono ou responsável pela propriedade, não se torne culpado, caso ocorra um acidente.
Na verdade abrange duas coisas distintas:
- Construir uma cerca – obrigação prescrita naTorá – preceito positivo
- Cair – não colocar sangue na tua casa – preceito negativo
Em termos físicos é preciso analisar se o ambiente está pronto para colocar a cerca (teto da casa). Em termos espirituais, a fonte deve vir também do teto – lá de cima.
“Como acontece no mundo físico, também assim é no mundo espiritual”. Maakê – em cima, no topo, para não cair. Cerca Espiritual - no topo – sua cabeça, mente, intelecto.
Quando a pessoa constrói uma nova casa, ou seja, um novo estilo de vida: não bastam os testes que passou durante toda sua vida para dizer:”já passei tantos testes que daqui para a frente estou seguro, estou vacinado!”. Quando vai atingir um novo espaço, adquirir um novo comportamento, vem a Torá e avisa: &ldquoConstrua uma cerca”, isto quer dizer, qualquer passo novo a tomar, tome cuidado. Ex: quando um aluno sai da Yeshivá e vai para o mundo, poderia pensar “estou saindo de um lugar puro, então estou seguro, vacinado, não preciso de mais nada”. Mas vem a Torá e ensina: “Coloque uma cerca, para não cair de nível!”
E de onde vem seu intelecto? Da sua alma. Vem de cima. Enquanto a proteção vem de D’us.Atraímos a luz divina, essa proteção, ao pronunciarmos uma berachá
- BARUCH – Eu quero atrair, trazer
- ATA – Nível do ilimitado e vem antes de qualquer nome de Hashem
- HASHEM – Bondade, misericordia – o nome de D’us nas barreiras do limite – atrair para você o Ilimitado através da bondade.
- ELO- KEINU – nosso D’us
- MELECH HAOLAM – Rei do nosso mundo físico que nos santificou, etc
- ASHER KIDESHANU – União – força espiritual – cerca para não cair nos testes do dia-a-dia
- VETZIVANU – que nos ordenou – Tzavta – Uniãoaqui vem a força para que a pessoa não venha a cair nas falhas e tentações materiais. Por esse motivo se faz bracha na colocação do maakê – porque você necessita!
O Rebe anterior disse: “Em todo Rosh Hashaná deve-se procurar melhorar nas mitsvot positivas e tomar cuidado com as negativas. Rever sua conduta e tentar aprimorar-se, porque em cada Rosh Hashaná é atraida uma luz nova - de cima vem a força para se fazer a proteção.”
Letras hebraicas
Muitas vezes embora possamos entender alguma coisa, demoramos para colocá-la em prática. Essa é uma das razões da letra “HEY” estar contida no nome de D’us – o mundo físico foi criado com a letra HEY. Por que?
A letra HEY embaixo é aberta, indicando que todo aquele que quer sair do caminho, a porta encontra-se aberta; mas também há outra porta, no caso de a pessoa querer retornar para D’us, ela pode!
Mas por que então é necessário ter duas portas? Ela poderia entrar e sair pela mesma abertura…
O Talmud descreve que a pessoa que deseja sair, as portas estão abertas para ela. Mas para aquela que deseja retornar, D’us lhe presta uma ajuda. E é por isso que há uma “perninha” na letra HEY para ajudá-la, poder apoiar-se ao retornar, mas não por baixo, mas sim pela abertura acima!
E por que o Mundo Vindouro é com a letra “IUD”?
Por ser a menor letra e estar sempre de cabeça baixa, representando os tsadikim, sábios, que são humildes.
O Rebe diz que a letra HEY é composta de três traços, assim como o mundo está erguido sob três pilares e o homem possui três níveis: o pensamento, a fala e a ação.
A parte sozinha da letra, que está separada, é formada por dois traços unidos – que representam o pensamento e a fala. Em geral o homem pensa e logo fala, mas a ação não é imediata. É necessário o intelecto para a ação física. Dessa forma, a ação é erguer uma “cerca”, proteger para ninguém cair. Assim, não haverá sangue em sua casa, isto é, ninguém cairá!
Só saberemos então sobre o assunto de ELEVAÇÃO e que possamos agir assim, nos refinndo e elevando o mundo, transformando a nossa “casa” em uma moradia para D’us, e que seja o mais breve possível!
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