Em uma cidade vivia um homem muito rico, mas avarento. Toda vez que o rabino local vinha à sua casa para coletar fundos para os pobres, ele convidava o rabino a entrar, oferecia um copo de chá e conversava sobre seus negócios. Quando o rabino começou a falar sobre o sofrimento das pessoas pobres no inverno, o avarento o ignorava e dizia que as pessoas pobres gostam de reclamar - não era tão ruim quanto o rabino pensava. De qualquer forma, ele não tinha dinheiro na casa no momento, e não podia dar nada agora. O rabino poderia voltar outra vez? O avarento então escoltaria o rabino até a porta, voltaria para sua sala ampla, quente e confortável e se acomodaria em sua cadeira favorita perto da lareira, muito feliz consigo mesmo.

Mas o rabino não ficou satisfeito. Os pobres não tinham dinheiro para comida ou madeira para seus fogões e estavam com frio e fome.

Uma noite, o rabino bateu na porta do homem rico. Foi uma noite fria e miserável; neve e granizo sopravam pelas ruas desertas. O homem convidou o rabino, como de costume, a entrar. Mas o rabino recusou o convite. "Não", ele disse, "não vou demorar muito".

E então ele perguntou sobre a saúde do avarento e depois da saúde de sua família, e sobre o seu negócio, e falou sobre os assuntos da comunidade por um longo tempo. O avarento não podia mandar o rabino embora, é claro; ele abrira a porta para ele, mas começou a sentir-se muito desconfortável. Ele abriu a porta de chinelos e boné, vestido com uma camisa fina e calças finas, para andar em casa. O rabino, vestido com um casaco quente forrado de pele, com um grande shtreimel cobrindo as orelhas além de pesadas botas de inverno aquecendo seus pés e pernas, falava sem parar. Não, ele não queria entrar. Não, realmente, ele estava a caminho. Até que os dedos do avarento começaram a endurecer e congelar.

De repente, o avarento entendeu. “Oh, rabino!” Ele gritou. “Essas pessoas pobres sem roupas quentes ou lenha para o inverno. . . Eu nunca soube. Eu nunca imaginei que poderia ser assim. Isso é horrível. Eu nunca soube, honestamente! Algo deve ser imediatamente feito para amenizar tamanho sofrimento!“

Ele entrou na casa e voltou com uma bolsa cheia de moedas de ouro. Ele desejava retornar à lareira para aquecer-se o quanto antes. Também precisava de chá quente.

O rabino agradeceu e pegou o dinheiro. Ele também estava com frio depois daquela longa conversa, mas não se importava; as pessoas humildes teriam um inverno mais quente este ano.

O avarento mudou seus modos naquela noite. Ele se tornou um doador regular dos fundos do rabino para os pobres, para as noivas pobres, para os estudantes pobres, para as compras de mantimentos especiais para Pêssach e para muitas outras causas.
Ele aprendeu uma boa lição naquela noite.