Rabi Heschel de Cracóvia, um dos mais proeminentes eruditos de Torá de sua época, era menino prodígio. Certa vez foi repreendido por seu pai quando comia guloseimas na manhã de Rosh Hashaná, violando assim o costume de nada comer antes do toque do shofar.

A criança saiu-se, rapidamente, com a seguinte defesa. “Durante todo o mês de Elul, o shofar é soprado diariamente após as Preces Matinais. Entretanto, o mesmo não ocorre na véspera de Rosh Hashaná. Por que? Para confundir Satan, de modo que não saiba com exatidão quando o shofar será tocado em Rosh Hashaná. Desta forma, não poderá apresentar suas denúncias diante do Tribunal Divino.

“Eu também queria confundir Satan”, continuou o “formiguinha” acorrendo em sua própria defesa. “Sabendo que não costumamos comer antes de escutar o toque do shofar, ao me observar comendo, Satan deve ter concluído que se enganou em seus cálculos, e que hoje não é Rosh Hashaná. Desta maneira, nosso povo evitará suas perversas conspirações.”

Este é um raciocínio esplêndido para uma criança, mas devemos ser cautelosos. Como adultos não podemos raciocinar similarmente, a fim de justificar a gratificação do apetite pela infinidade de “guloseimas” que a vida nos oferece.