À medida que Rosh Hashaná se aproxima, somos convidados a nos desconectar por um momento do caos externo e a mergulhar profundamente na introspecção. Este é o tempo em que não apenas celebramos o início de um novo ciclo, mas também nos lembramos do poder imensurável que reside em cada um de nós – o poder do livre-arbítrio. D'us, em Sua infinita sabedoria, ao criar o homem, deu-lhe a capacidade de escolher entre o bem e o mal. E agora, mais do que nunca, essa escolha se torna crucial.

O mundo, em 2023, foi coberto por uma sombra imensa de escuridão. A humanidade, em sua busca por poder, frequentemente se perde em caminhos de ódio, violência e destruição.

Em 7 de outubro de 2023, uma ferida profunda foi infligida à Terra de Israel, quando terroristas invadiram suas fronteiras e perpetuaram atos inomináveis de crueldade. O sangue de inocentes manchou o solo sagrado, e um pesar profundo pairou sobre os corações de milhões ao redor do mundo.

Rabino Jonathan Sacks, em suas reflexões, dizia: “O mal é real, mas não é uma realidade eterna. Ele existe apenas porque o homem, com seu livre-arbítrio, o permite”.

Mas, assim como o mundo pode parecer imerso em trevas, há algo que transcende essa escuridão: a luz da bondade humana. Após as atrocidades, algo extraordinário começou a emergir – um espírito de unidade e amor que se espalhou por Israel e pelo mundo. Pessoas, tanto judeus quanto gentios, de todas as nações, estenderam suas mãos em solidariedade. Como o Rebe de Lubavitch ensinava incansavelmente, “Uma pequena luz afasta muita escuridão”. E, de fato, o que testemunhamos foi uma luz global, obviamente de pessoas esclarecidas que conhecem a história e fatos reais, não distorcidos, acesa pelo desejo de um mundo melhor, mais pacífico.

Rosh Hashaná não é apenas o começo de um novo ano. É o aniversário da criação da humanidade, o dia em que o homem foi dotado com o fardo e a bênção do livre-arbítrio. Conforme escreveu o rabino Simon Jacobson, “Cada Rosh Hashaná, o destino da criação está em nossas mãos. Ao renovarmos nosso compromisso com o bem, damos vida ao mundo. Ao escolhermos a bondade, atraímos bênçãos de cima”.

A pergunta que ressoa nas sinagogas e em nossos corações durante este período é: como usaremos esse presente Divino de escolha?

Em tempos de crise, quando a humanidade é testada ao seu limite, a verdadeira natureza do ser humano é revelada. E, por mais que o mal pareça estar triunfando momentaneamente, há uma força ainda maior no coração do homem: o desejo pelo bem. Quando o povo de Israel se une, quando a humanidade se levanta contra a injustiça e o mal, algo monumental ocorre: a balança cósmica, que durante Rosh Hashaná pesa nossas ações, inclina-se para a luz.

Este ano, à medida que nos reunimos para celebrar Rosh Hashaná, comemos maçãs mergulhadas no mel e fazemos nossas preces, que o desejo de um ano mais doce não seja apenas para nós mesmos. Que seja um desejo coletivo, que envolva todas as nações e todos os povos.

O mel, com sua doçura, é um símbolo do anseio humano por dias de paz e harmonia. Ao pedirmos um ano doce, não pedimos uma vida sem desafios, mas sim a força e a coragem de escolher o lado da bondade e justiça, de nos unirmos, para vencer o mal praticando atos de bondade e compaixão.

Como o Rebe ensinou, “Cada ato de bondade traz ao mundo um passo mais perto da redenção”.

Assim, neste Rosh Hashaná, enquanto refletimos sobre as escolhas do passado, tenhamos em mente que o destino do próximo ano está em nossas mãos. Cada pequeno gesto de bondade, cada esforço para promover a justiça, faz com que as bênçãos Divinas e toda a Sua energia fluam com mais força sobre o mundo.

Que o ano que se inicia traga reconciliação, cura e luz. Que seja um ano onde as atrocidades sejam lembradas não apenas pelo sofrimento que causaram, mas pela força e união que delas surgiram. E que, acima de tudo, sejamos todos agentes capazes de promover ações positivas, inclinando a balança cósmica para o lado do bem e assim atraindo para a Terra as tão desejadas bênçãos de paz e prosperidade.

“Mesmo a mais intensa escuridão se dissolve com uma faísca de luz. Que cada um de nós seja essa faísca, e que possamos iluminar o caminho para um futuro de verdadeira paz, de forte união e infinita bondade.” – Rabino Jonathan Sacks.

Shaná Tová Umetuká! Que seja um ano doce, não apenas para nós, mas para toda a humanidade.