30 de Outubro, 2022
Do lado de fora do espaçoso campus do Seminário Chaya Mushka em Montreal, Nechama, uma jovem de 20 anos de Donetsk, na Ucrânia, que passou os últimos oito anos em Kiev, fala animadamente em russo sobre suas expectativas para o próximo ano. Ela está entre mais de uma dúzia de jovens refugiadas que foram convidadas para o seminário recebendo bolsa integral.
De acordo com a diretora Adina Ceitlin, a ideia de convidar estudantes ucranianas para o programa surgiu no ano passado, quando durante uma entrevista no Zoom com uma aluna em potencial da Ucrânia ocorreram várias interrupções pelas sirenes e aviões sobrevoando o país em guerra.
“Crescendo em Israel, lembro-me como senti medo ao me esconder em um bunker com minha mãe durante a Guerra dos Seis Dias e depois novamente durante a Guerra do Yom Kipur”, declarou Ceitlin. “Percebi o quanto assustada essa menina estava, e pensei comigo mesma que devem ter mais meninas como ela, que podemos resgatar e permitir que continuem seus estudos em um lugar tranquilo aqui em Montreal.”
Com palestras dadas por acadêmicos talentosos e líderes comunitários, juntamente com um dormitório confortável, ela sabia que isso ofereceria às alunas uma experiência da qual apreciariam e poderiam se desenvolver em seus estudos.
À medida que a notícia se espalhava sobre o programa, Ceitlin começou a entrevistar estudantes da Ucrânia, que estavam espalhadas por Israel, Áustria, Alemanha e Suíça.
Mas encontrar estudantes provou ser apenas o começo, já que a equipe do seminário começou a garantir vistos e arrecadar fundos para fornecer bolsas de estudo, passagens aéreas e outras necessidades para as estudantes, a maioria das quais deixou a maior parte de seus pertences na Ucrânia.
"Vamos da Ucrânia para Israel um dia antes do início da guerra”, diz Faiga, de 19 anos. “Levamos apenas mochilas porque esperávamos voltar em uma semana. Ninguém acreditava que isso aconteceria. Decidi vir aqui porque sabia que seria tranquilo, calmo, estável – finalmente depois de seis meses.”
No entanto, mesmo em Montreal, a preocupação com a guerra é contínua, enquanto ela fala de sua bisavó de 80 anos que inicialmente se recusou a deixar Donetsk, onde viveu toda a sua vida, e agora não pode sair. “Toda vez que ligo para ela, ouço sirenes ou barulhos altos, então é assustador.”
Faiga fala que em Montreal ela obtém apoio de suas colegas. "Todos nós passamos pela mesma experiência. Estou feliz por estar em um ambiente com pessoas que conheço e com quem me sinto segura.”
O seminário foi fundado em 1988 em memória da Rebetsin Chaya Mushka Schneerson, a esposa do Rebe Menachem M. Schneerson, de abençoada memória, logo após o seu falecimento. Ao longo dos anos, mais de 1.500 jovens passaram pela instituição, muitas das quais agora servem como emissárias de Chabad em seis continentes.
As refugiadas estudam ao lado de estudantes do Canadá, Estados Unidos, Europa e América do Sul, tendo contato com diferentes culturas e idiomas.
Um programa universitário totalmente credenciado pelo Ministério da Educação de Quebec por meio de sua afiliação ao Notre Dame College, o seminário oferece às alunas ucranianas créditos válidos para Israel, Europa e, esperamos também, para a Ucrânia.
“Aqui fomos acolhidas com todo apoio”, diz Nechama, que ainda não fala inglês. “São pessoas boas que apenas sabem que somos judias e ucranianas, e já nos tornamos como uma família… até parece um pouco como em casa.”
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