Do extremo norte do Reino Unido às costas leste e oeste do Canadá até o extremo sul da Nova Zelândia, as comunidades judaicas em toda a Commonwealth entraram em estado de luto após o falecimento da rainha Elizabeth II em 8 de setembro. Abordados em comunidades judaicas ao redor do mundo, muitos rabinos Chabad-Lubavitch em toda a Comunidade Britânica estavam ocupados preparando seus sermões de Shabat para expor o conceito de malchut da Torá - nobreza, humildade e soberania, que devem servir de modelo a um monarca no mundo terrestre - qualidades inerentes à rainha Elizabeth que podem ser exemplificadas de muitas maneiras.
“Hoje, um vazio foi criado no coração de cada um de nós, pois a nação e o mundo sofreram uma enorme perda”, disse o rabino Bentzi Sudak, diretor do Chabad-Lubavitch do subúrbio de Hampstead Garden. “Um verdadeiro exemplo de Realeza em todos os sentidos, ela significou compromisso, sacrifício, devoção e serviço. Ela foi uma inspiração para seguirmos.”
“Todos nós admiramos a dignidade, a majestade e a nobreza da rainha”, disse o rabino Nissan Dubov, diretor do Chabad do sul de Londres. “Refletimos sobre o fato de que a rainha rezava todos os dias e era uma rocha de calma”, continuou ele. “Sua tsniut [‘modéstia’] exemplificava o que está escrito nos Salmos (45:14), ‘A glória da filha de um rei está em seu interior’.”
“Toda a comunidade está de luto”, disse ele ao Chabad.org.
O emissário sênior britânico de Chabad-Lubavitch, o rabino Shmuel Lew, lembrou a sensibilidade da rainha para com o falecido rabino Nachman Sudak, diretor do Chabad-Lubavitch do Reino Unido, quando, em vez de lhe oferecer o tradicional aperto de mão ao conceder ao rabino a Ordem do Império Britânico em 2001, por suas décadas de serviço à comunidade, a rainha fez uma reverência. Foi um gesto de compreensão que ela demonstrou mais tarde quando premiou o rabino Arye Sufrin, diretor do Centro Lubavitch de Essex, Inglaterra, em 2009, como membro do Império Britânico por suas décadas de trabalho de aconselhamento dentro das comunidades judaicas e da mais ampla.
Um Impacto Distante e Amplo
Exemplificando o impacto da rainha sobre as crianças judias em idade escolar, Lew relembrou uma época, décadas atrás, quando Tziporah Sufrin, professora da escola que dirige, visitou Nova York.
Em uma audiência privada, o Rebe — Rabi Menachem M. Schneerson, de abençoada memória — perguntou se ela havia visitado as escolas locais em Nova York. Quando ela respondeu afirmativamente, o Rebe perguntou-lhe quais as diferenças que ela notava entre as escolas britânicas e as escolas de Nova York. “Ela respondeu que as crianças nos EUA estão mais familiarizadas com os professores; na Inglaterra, eles mostram maior derech eretz ['respeito']. O Rebe disse que isso é porque há malchus [‘monarquia’] na Inglaterra”, lembrou Lew.
Quando a rainha fez sua última visita à Austrália em 2011, muitos membros da comunidade judaica compareceram à Federation Square de Melbourne para que pudessem pronunciar a bênção que é recitada ao ver um monarca, lembrou o escritor do Chabad.org Mendel Super. Como um jovem estudante de yeshivá na época, Mendel Super disse que estava a poucos metros da rainha quando ela estava se despedindo e entrou em seu carro real, e ele acenou para ela, com a rainha gentilmente devolvendo o aceno.
Das Ilhas Cayman, um território britânico ultramarino, o rabino Berel Pewzner, emissário de Chabad e rabino da comunidade judaica das Ilhas Cayman, escreveu que a comunidade judaica de Cayman está muito triste com o seu falecimento. “Sua Majestade era amada pelo povo das Ilhas Cayman”, disse Pewzner, lembrando que, como muitas congregações do Reino Unido, eles realizaram um kidush especial em homenagem ao seu 70º Jubileu no início deste ano.
“Muitas pessoas em nossa comunidade conheceram a rainha em suas visitas a Cayman”, diz Pewzner, acrescentando que Chabad realizará um serviço memorial para a rainha neste Shabat.
Ao saber de seu falecimento, a prece pelo bem-estar da rainha, escrita pelo rabino-chefe do Reino Unido e lida por mais de 70 anos em muitas congregações, foi imediatamente alterada para uma oração pelo bem-estar do novo rei.
O príncipe Charles imediatamente se tornou o Rei Charles III com a morte de sua mãe. O novo rei desfrutava de excelentes relações com a comunidade judaica ao longo de sua vida e era amigo pessoal de longa data do ex-rabino chefe da Inglaterra, Lord Jonathan Sacks, do qual declarou ter sido um mentor que o influenciou profundamente ao longo dos anos.
“Nós, que tivemos a sorte de testemunhar uma geração que viveu uma vida enriquecida por tanto propósito, compromisso e sacrifício da Rainha, temos a responsabilidade de seguir seus passos. Que tenhamos a coragem de continuar seu legado”, disse Sudak.
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