O costume de comer alfarroba em Tu B’shvat, o Ano Novo das Árvores, não é citado no Talmud ou no Código de Lei Judaica, porém é comum em muitas comunidades. Nossos sábios ensinam que os costumes do povo judeu também são Torá e têm profundas razões congruentes com os ensinamentos e leis da Torá.
Como se vê, comer alfarroba tem uma conexão intrínseca tanto com Tu B’Shevat como com os costumes em geral. Mas primeiro, uma palavra sobre a importância haláchica de Tu B’Shevat e o que faz dele o Ano Novo das Árvores:
Digamos que você é um fazendeiro na Terra de Israel e tem um pomar. Uma vez por ano, você deve dar uma certa quantidade de frutas como dízimos – para os Cohanim, para os pobres, ou para comer em Jerusalém (dependendo do ano num ciclo de sete anos). Surge a pergunta: Quando é a data de corte que divide entre a colheita de um ano e a próxima? A resposta é bem simples: É o dia quando a maior parte da estação chuvosa na Terra de Israel passou. Aquele é o 15º dia do mês judaico Shevat, conhecido comumente como Tu B’Shevat (“Tu” é uma maneira de dizer quinze).
Agora surge uma outra questão: Há determinadas árvores – como a da alfarroba – que pode começar a brotar antes de Tu B’Shevat, mas não será colhida até muito mais tarde, bem depois de Tu B’Shevat. Seu dízimo iria seguir as regras do ano da árvore o qual elas brotam, ou o ano da árvore no qual elas são colhidas? Esta pergunta é abordada no Talmud.
Os rabinos ensinaram: uma árvore cujos frutos estavam em brotação antes de quinze de Shevat devem ser classificadas como dízimo do ano passado, mas se brotarem depois disso, serão dízimos durante o próximo ano. Disse Rabi Nechemia: Isso se aplica a árvores cujos frutos amadurecem e são colhidos por um longo período de tempo. Mas no caso de uma árvore cuja colheita é feita toda de uma só vez – como a tamareira, oliveira ou alfarrobeira – embora seus frutos possam começar a brotar antes de quinze de Shevar, elas são dízimos com a produção do próximo ano.
O Talmud conclui que “O costume das massas segue Rabi Nechemia com respeito às alfarrobas.” Esta lei foi decidida não por um voto dos sábios, mas simplesmente pelo costume do povo judeu. Durante essa discussão inteira há somente uma lei que é decidida pelos costumes do povo – o costume sobre as árvores de alfarroba. Agora não é assim: para comemorar Tu B’Shevat, o costume evoluiu que deveríamos fazer algo para notar um costume mencionado do Talmud – pelo menos numa maneira indireta – comendo alfarrobas!
Algo também único sobre a árvore de alfarrobas é que o Talmud nos diz que demora 70 anos para amadurecer e dar frutos. Ao comer alfarroba em Tu B’Shevat, estamos também destacando uma importante lição a ser aprendida com a alfarrobeira: a importância de investir pacientemente no futuro mesmo quando é um processo longo e árduo sem nenhum ganho imediato, pois os frutos de nosso trabalho serão colhidos pelas próximas gerações.1
Alfarrobas também são especiais pois serviram de alimento ao Rabino Chanina ben Dosa, que sobreviveu por uma semana inteira com um único ramo de alfarrobas. O Talmud descreve o Rabino Chanina como alguém que estava acostumado a milagres.2 Assim, comer alfarrobas serve para evocar sua memória e expressar nossa esperança por milagres Divinos.3
Fontes
Tratado Rosh Hashaná 15b, Kuntres Tu B’Shevat por Rabino David Cohen (“O Nazir de Jerusalém”) – Jerusalém 1973.
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