Shavuot, o feriado que celebra a Outorga da Torá, sempre foi o meu favorito. Comemos deliciosas refeições à base de laticínios com a família e amigos, apreciamos o clima agradável, ouvimos os Dez Mandamentos, e discutimos como a Torá é relevante para nossa vida diária.

Este ano, enquanto me preparava para celebrar o feriado em quarentena, sabia que teria de procurar inspiração para encontrar significado e prazer neste Shavuot solitário, fora do comum.

Eu o encontrei numa mulher que viveu há 3.000 anos: Ruth a Moabita, cuja história de vida é lida em Shavuot.

Sua história é uma declaração de fé firme em face a dificuldades inesperadas. Ruth, a princesa moabita, deixou uma vida de luxo no palácio real e se tornou uma viúva assolada pela pobreza. No entanto, ela transformou cada rodada de sua história em uma reviravolta para melhor.

1 – Ruth Não Tirava os Olhos da Sua Meta

Quando Naomi, a sogra de Ruth, estava preparada para voltar à sua casa em Bethlehem, ela deixou que suas noras enviuvadas permanecessem no conforto de seus lares, os palácios reais. Ali, elas teriam a oportunidade de se casar novamente e recomeçar suas vidas. Orpá hesitou mas escolheu retornar, enquanto Ruth estava determinada a seguir sua sogra, mesmo que isso significasse conflito e pobreza.

Ruth estava inspirada a atingir sua meta: viver a vida como judia. E para atingir aquela meta, ela deixou para trás tudo que tinha. Abandonou seu passado real e seguiu sua sogra Naomi para uma nação estrangeira. Com a esperança de se juntar ao povo judeu, e com um firme compromisso às leis de D'us, ela saiu confiantemente para a longa estrada à sua frente.

Ruth fez a declaração que ficou famosa a Naomi: “Não insista para lhe deixar, para voltar e não seguir você. Pois onde quer que você vá, eu irei; onde quer que se abrigue, eu me abrigarei; seu povo será o meu povo, e seu D'us o meu D'us. Onde você morrer, eu morrerei, e ali serei enterrada.”

Como Ruth, posso olhar além dos desafios de hoje e continuar focada no longo termo. Sim, a quarentena é desconfortável e inconveniente, mas posso ver o quadro em geral; as precauções que estamos tomando estão salvando vidas.

2 – Ruth Elevou-se Acima do Isolamento Social e da Escassez

Ruth aceitou uma vida de amarga pobreza, e, ao chegar em Bethlehem com sua sogra, tornou-se um objeto de fofocas em vez de ser calorosamente acolhida como amiga e irmã.

Ruth e sua sogra viveram uma existência solitária. Para evitar a fome, Ruth foi recolher as polias de cevada caídas durante a colheita. A Torá nos ordena que o dono de um campo não deve cortar os cantos de seu campo mas deixá-los para os pobres. Da mesma forma, se alguém deixasse cair grãos durante a colheita, eles deviam ser deixados para os necessitados. Ruth e Naomi viviam dessas escassas colheitas e estavam felizes com o que tinham.

Como Ruth, posso ser feliz mesmo se não consigo um ingrediente que estou acostumado a encontrar no para celebrar a festa, e mesmo se minha mesa de Shavuot não está cercada por ninguém além da minha família mais íntima.

3 – Ruth Articulou Sua Gratidão

Mesmo quando relegada a recolher as sobras, Ruth demonstrou gratidão. Quando Boaz impressionado instruiu seus trabalhadores a deixarem cevada extra para essa mulher modesta, Ruth não aceitou essa generosidade. Ela ficava aos pés dele, procurando sua proteção, reconhecendo que ele tinha as chaves para o futuro dela.

Ruth demonstrava gratidão para com Boaz e Naomi, mesmo quando seu mundo parecia estar virado de cabeça para baixo.

Ruth por fim desposou Boaz e novamente teve uma vida confortável. Mais tarde tornou-se a bisavó do Rei David, o maior rei de Israel, cujo aniversário de falecimento é comemorado em Shavuot.

A ideia de Ruth de cultivar um senso de agradecimento e gratidão tem sido uma importante lição para mim. Agradecer e reconhecer nossas bênçãos aumenta a alegria e pode levar a uma convivência mais calma mesmo durante um tempo de estresse. Agradecer aos nossos trabalhadores essenciais e reconhecer seu sacrifício por todos nós tem estado à frente de todas as nossas mentes.

4 – Ruth Sabia que a Verdadeira Riqueza é a Riqueza Espiritual

O impressionante compromisso de Ruth a seguir em frente em seu desenvolvimento pessoal e espiritual é uma poderosa lição para cada um de nós enquanto nos preparamos para novamente receber a Torá em Shavuot.

A vida é uma contínua experiência de aprendizado, e enquanto continuamos subindo e caindo, vamos nos comprometer com o nosso propósito e lançar nossa luz individual única no mundo.

5 – Caridade é um dos Principais Focos

As leis da Torá são eternas e as lições da bondade de Ruth são lembretes inspiradores durante a propagação atual dessa pandemia. A caridade, a bondade e a devolução assumiram um novo significado e tiveram um efeito positivo, continuado.

Tem sido inspirador ver o que tantas organizações fizeram e como responderam às necessidades de outras pessoas. Vi pessoas se oferecendo para comprar mantimentos, fazer entregas, organizar programas online, encontrar maneiras de animar amigos remotamente, celebrar ocasiões felizes e até fazer l’chaim com o Zoom.

A fé e a lealdade de Ruth, juntamente com uma tremenda força interior, são uma fonte de inspiração para mim. Durante nossas dificuldades atuais com o coronavírus ou as quedas e curvas cotidianas da jornada da vida, espero que, como Ruth, esteja sempre indo para um lugar maior na minha vida, para permanecer positiva, focar no lado bom, e seguir em frente com alegria e disposição.