A História de Ioná e o Peixe em Poucas Palavras

A história de Ioná é uma das histórias mais intrigantes e enigmáticas da Bíblia.

Um profeta chamado Ioná é ordenado por D'us de advertir o povo da cidade assíria, Nínive, sobre sua destruição iminente, se eles não se arrependerem de seus maus caminhos. Em vez de obedecer com prazer a ordem Divina, Ioná tenta “escapar” de D'us entrando em um barco seguindo na direção oposta. Quando uma tempestade repentina ameaça afundar o navio, um fenômeno estranho que os marinheiros percebem que é por força divina e que alguém dentro da embarcação provavelmente cometeu alguma falha grave.

Resolvem fazer um sorteio que recai sobre Ioná. Ioná diz que ele é o culpado por tentar fugir de D'us e fala para eles o jogarem ao mar. Um milagre ocorre e um grande peixe engole Ioná vivo. Enquanto permanece dentro da barriga do peixe, Ioná reza para D'us durante três dias e acaba concordando em cumprir sua missão. O peixe cospe Ioná, e ele vai alertar os habitantes de Nínive, que então se arrependem de seus caminhos pecaminosos.

Por que Ioná não escutou?

A história tem mensagens claras sobre o poder do arrependimento e que nunca se pode fugir de D'us. É por essa razão que essa haftará é lida em Yom Kippur, o dia mais sagrado do calendário judaico, quando nos arrependemos e contemplamos o julgamento de D'us.

No entanto, partes da história permanecem muito intrigantes.

Ioná não era uma pessoa comum que decidiu seguir seu próprio caminho e não ouvir D'us. Ele era um homem justo, um tsadic e um profeta que foi comandado diretamente por D'us para ir a Nínive e avisá-los. Por que ele desobedeceu?

Medo do Sucesso

O Midrash explica que o que Ioná mais temia era que ele realmente tivesse sucesso em sua missão e que o povo de Nínive se arrependesse. Ele temia isso por dois motivos: 1

a) Ioná sabia que o povo judeu de sua época 2 estava longe de ser perfeito e precisava arrepender-se de suas falhas. De fato, D'us havia enviado inúmeros profetas para inspirá-los. Contudo, eles não se importaram com seus avisos. Se o povo de Nínive se arrependesse, como o povo de Israel interpretaria este fato? Os anjos da acusação poderiam dizer: “Veja, os pagãos habitantes de Nínive se arrependeram. No entanto, o Seu próprio povo não está atendendo às Suas palavras, mesmo após de ter sido advertido tantas vezes!”

b) Ioná também temia que, se ele avisasse Nínive de seu destino iminente e eles se arrependessem evitando o decreto, as pessoas afirmariam que ele era um falso profeta. “Olha”, diriam, “você nos disse que nossa cidade seria destruída, no entanto nada aconteceu!”

Uma Questão de Amor

Com certeza, Ioná sabia que “D'us tem muitos mensageiros3 e que, se ele não fosse, D'us simplesmente convocaria outra pessoa. Então o que ele esperava ganhar desobedecendo uma ordem divina?

Além disso, Ioná estava consciente de que um profeta que se nega a profetizar é responsável pela morte nas mãos do céu. No entanto, ele tentou fugir. Não apenas isso, mas ele parecia perfeitamente bem com a noção de ser jogado ao mar em meio a uma tempestade furiosa, em vez de profetizar como D'us o ordenara. Por que não apenas cumprir a missão? O que Ioná esperava realizar?

Como explicamos acima, Ioná tinha medo de como o povo de Israel ficaria em contraste com os ninveanos penitentes. O Lubavitcher Rebe explica que a relutância de Ioná demonstra algo notável em relação a Ioná e o quanto ele estava pronto para proteger seus companheiros do dano. Ele preferiu desobedecer a D'us e condenar a si prórpio à morte em vez de fazer sua nação parecer má diante de D'us. Mesmo que o dano acabasse por vir (já que "D'us tem muitos mensageiros"), ele, Ioná, não queria tomar parte nisso.

Em Yom Kipur, quando lemos a história de Ioná, lemos a história em sua totalidade - não apenas a parte sobre o povo de Nínive se arrependendo. Pois a lição da história neste dia incrível não é apenas sobre o poder da teshuvá ou que não se pode fugir de D'us; ela também está lá para nos ensinar quão precioso é o nosso próximo e como é preciso ser cuidadoso para não fazer nada que possa ter um efeito negativo sobre ele ou ela.4 Em última análise, é o amor e a bondade que mostramos ao nosso próximo que garante não apenas um bom ano, mas um ano em que merecemos a redenção final!